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Na próxima quinta-feira, 24 de agosto, o maior dos vampiros chega aos cinemas brasileiros em Drácula: A Última Viagem do Deméter, filme que adapta apenas um capítulo do livro de Bram Stoker, o que conta sobre a travessia do vampiro da Europa para as Américas a bordo do navio Deméter.

Com direção de André Øvredal (A Autópsia), o filme é protgonizado por Corey Hawkins (The Walking Dead), que vive Clemens, um médico a bordo do Deméter que entende logo que há um perigo inimaginável para todos na embarcação. E hoje o Boca do Inferno traz uma entrevista exclusiva com o ator, que compartilha um pouco do dia a dia das gravações e algumas curiosidades!

O que te atraiu nesse projeto?
O fato de ser um retorno a uma forma clássica e antiga de fazer cinema, na qual a Universal e a DreamWorks têm habilidades incríveis – o que as diferencia de outros estúdios, especialmente nesse gênero. Há uma natureza prática em tudo – desde os cenários até as locações. O roteiro parecia ser de um thriller de personagens, e um desses personagens era o Drácula. Ele ainda é um monstro nesta versão, mas não o monstro ao qual estamos acostumados. Isso também foi um atrativo, já que não tínhamos visto isso antes. Além disso, havia a visão do diretor André Øvredal. Nos sentamos e discutimos o projeto, e senti que ele era incrivelmente colaborativo e generoso. André tinha uma clara perspectiva de como filmar o longa, e ele sabia lidar com a pressão. Além disso, eu achei que era uma boa oportunidade para interpretar esse personagem em particular.

Vamos falar sobre o seu personagem. Na sua visão, quem é o médico Henry Clemens?
Clemens é uma lenda aos meus olhos. Ele é um médico negro em uma época diferente, representando algo que não é frequentemente visto no gênero de terror, porque esses homens realmente existiram – o que me deu a oportunidade de contar essa história. Portanto, poder ser um protagonista negro e um personagem que tem sua própria jornada foi fascinante.

Sendo um homem da ciência, como ele reage à situação sobrenatural na qual é colocado quando homens começam a morrer no Demeter durante sua viagem dos Cárpatos para a Inglaterra, vítimas do vampiro escondido entre sua carga?
Ele duvida do sobrenatural porque é um homem da ciência. Clemens não acredita em mitos até ser confrontado com esse monstro do qual não pode escapar. Portanto, achei importante contar essa história e observar sua jornada, da mesma forma como acompanhamos a evolução de Drácula. Drácula está aprendendo sobre a natureza humana, brincando com esses marinheiros; enquanto Clemens também está passando de médico para caçador, quando toma essa decisão e parte para a ação.

Inicialmente, Clemens não foi muito bem recebido a bordo, embora aos poucos ele tenha conquistado o respeito da tripulação com sua liderança e determinação.
Clemens não está ali para fazer amigos e não tenta conquistá-los, mas no final isso acaba acontecendo, porque eles veem o homem que ele é. Eles também não têm outra opção senão ouvi-lo, pois ele é a ligação com Anna, interpretada por Aisling Franciosi, que é fundamental para compreender o monstro com o qual estão lidando. Portanto, se quiserem sobreviver, terão que aprender a depender uns dos outros e encontrar uma maneira de navegar com esse enorme cargueiro pelo Mar Egeu, o que não é tarefa fácil. Eles precisam resolver isso e, no processo, ganham um respeito por Clemens.

Como é a relação do seu personagem com o Capitão Eliot, interpretado na tela pelo ator irlandês Liam Cunningham?
O Liam é incrível! Ele é uma lenda e foi um líder no set. Eu acredito que Clemens e o Capitão Eliot também veem algo um no outro. Na verdade, o capitão enxerga o líder em Clemens antes de qualquer outra pessoa. Existe um respeito mútuo ali, e Eliot tem a sabedoria e a idade para reconhecê-lo.

Clemens não se dá bem com o primeiro oficial Wojchek, interpretado por David Dastmaltian, certo?
A relação deles é tensa porque, embora Wojchek esteja logo abaixo do capitão, ele está constantemente sendo contestado por Clemens, que, em minha opinião, está tomando todas as decisões corretas. O primeiro oficial está apostando que ele vai falhar, mas meu personagem recebe a oportunidade de liderar pelo capitão; assim, ele passa por cima de Wojchek, que vê seu poder ser retirado. E foi ótimo trabalhar com David porque, mesmo que nossos personagens não se deem bem na tela, fora dela nós nos divertimos muito juntos.

Como foi a experiência de filmar A Última Viagem do Deméter em locações em Malta e Berlim?
Berlim é uma cidade incrível e Malta é simplesmente linda! Foi durante a pandemia de Covid-19, então estávamos em uma bolha e tivemos que ter muito cuidado, mas aproveitamos ao máximo. Fizemos as cenas externas em Malta e as cenas internas em Berlim, onde até mesmo tivemos a oportunidade de trabalhar no estúdio onde foi filmado o clássico Nosferatu, de Murnau, o que foi legal. É difícil fazer um filme de terror como esse – com uma narrativa tão fechada e condensada – ao longo de tantos meses como fizemos, em um local que parece ser único; mas foi incrível e nos divertimos muito.

Essa nova versão do monstro nos lembra um pouco do Nosferatu original, de Murnau. Ao contrário de outras representações mais elegantes e atraentes do personagem no passado, aqui o Drácula é retratado como pura maldade.
Sim, esta é uma nova versão do Drácula que ao mesmo tempo é uma homenagem à forma clássica de fazer cinema. É o monstro, e ele é inteligente e aterrorizante. Nós nos acostumamos com outros vampiros mais suaves, elegantes e sensuais, mas esse Drácula não é assim. Ele é assustador e agressivo, te deixando desconfortável de uma maneira muito interessante.

O especialista em terror, Javier Botet, faz um trabalho incrível nesse papel icônico.
O Javier é incrivelmente talentoso e interpretou tantos papéis no universo dos monstros. Ele simplesmente traz um nível de habilidade que, na minha opinião, é difícil de imitar. E ele também é engraçado! Vê-lo fora do set é diferente de vê-lo no set com toda a maquiagem e próteses, porque ele é um cara legal de se estar por perto. Entre o “ação” e o “corta”, ele é assustador, com essa natureza física e linguagem do Drácula, e depois, mais tarde, ele está tentando enfiar alguma comida por sua máscara no serviço de catering! Nos divertimos muito fazendo esse thriller único.

E dirigindo tudo isso está o talento, o trabalho árduo e a visão do cineasta André Øvredal.
A visão de André para o filme foi uma das principais razões pelas quais eu embarquei. Eu tinha visto seus outros filmes e, depois de conversar com ele, soube imediatamente que ele era a pessoa certa para dar vida a este. André se saiu muito bem ao lidar com os desafios e a pressão de fazer um filme como esse. Nós confiamos nele, ele confiou em nós, e ele tinha a equipe certa de pessoas criativas ao seu redor. Foi realmente incrível trabalhar com ele.

Como foi filmar as cenas de ação em que seu personagem está envolvido?
Divertido e também muito desafiador, porque o André queria que parecesse muito real; mas felizmente tudo acabou combinando com a visão dele. Houve algumas cenas de ação incríveis…

Então, como você olha agora para toda a experiência de fazer parte de A Última Viagem do Deméter?
Com reverência e respeito pela equipe e pelos outros atores, pois é um dos melhores elencos internacionais com os quais já trabalhei. Eles são incríveis e boas pessoas. E agradeço a eles porque este foi um filme sombrio, com muitos desafios, que não foi fácil superar, mas fora do set sempre conseguimos torná-lo divertido. Portanto, olho para tudo isso com carinho.

Drácula: A Última Viagem do Deméter ainda traz no elenco Aisling Franciosi, Liam Cunningham, David Dastmalchian, Jon Jon Briones, Stefan Kapicic e Nikolai Nikolaeff, com Javier Botet como Drácula. O roteiro do longa foi escrito inicialmente por Bragi Schut e passou por diversos diretores por alguns anos, antes de uma versão final de Zak Olkewicz chegar às mãos de André Øvredal.

(Entrevista concedida antes da greve dos atores.)

 

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4 Comentários

  1. Segundo consta no IMDb: “O filme se passa na década de 1890 e Clemens faz questão de observar que ele era negro graduado pela faculdade de medicina de Cambridge. Cambridge não admitiu estudantes negros em sua faculdade de medicina até cerca de vinte anos depois e o primeiro estudante negro a se formar em medicina não se formou até 1918.”

  2. O problema da escalação desse ator é que não tem como não achar (levando em contexto a época e a região em que o filme se passa) que eles está no mínimo extremamente deslocado nesse navio kkkkkkk. Mas esperar uma precisão histórica coerente de uma Hollywood pós 2020 já é esperar muita coisa.

    1. Apesar de que neste século onde o filme se baseia, já tinha contatos dos africanos com os europeus, meu amigo!! Agora, ele ser cientista, aí são “outros 500 anos”, como diz o dito popular, João!! 🤔🤔🤔🤔

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