Castlevania
Original:Castlevania Ano:1986•País:Japão Páginas:• Autor:•Editora: |
por Claudio Gaspari
Um Mal imortal. Uma família destinada a combatê-lo. Uma saga aparentemente infinita. Assim é Castlevania. Em 1986, no Japão e com o nome de Akumajō Dracula, surge um dos jogos mais divertidos e difíceis da Nintendo.
A premissa é simples. A cada 100 anos o Conde Drácula renasce e segue sedento de sangue para a conquista do mundo. Ele reúne vários monstros clássicos como arautos de sua chegada. Os descendentes da família Belmont, lendários caça vampiros, são a única resistência.
Em Castlevania, Simon Belmont, armado principalmente com um chicote a lá Indiana Jones, invade o castelo do morcegão tentando acabar em definitivo com a sua existência.
Lembro como se fosse hoje a primeira vez que vi uma imagem do jogo. Numa propaganda do finado Phantom System (um clone do Nintendo 8 bits no Brasil), uma série de jogos pipocavam na tela da TV e Castlevania estava no meio. Os jogadores mais jovens não tem ideia como era difícil conseguir um jogo novo na virada da década de 80 para 90. Um cartucho (isso mesmo…nada de cds ou dvds) custava o olho da cara e os pais não eram muito chegados a gastar uma grana com essas tranqueiras tecnológicas. Só pra deixar claro, até conseguir jogos falsificados era complicado e caro. Alguns poucos ainda tinham amizades com sacoleiros do Paraguai que supriam o mercado negro com todo tipo de tralha.
Enfim, ficávamos a mercê das locadoras de games que costumavam ter poucas unidades de cada jogo que só conseguíamos alugar por sorte ou enfrentando intermináveis filas de reserva. Eu sofri muito para conseguir alugar essa pérola.
Bom, vamos parar com essa conversa saudosista e partir para o que interessa destrinchando o jogo:
História:
Hoje em dia as histórias dos jogos são mais elaboradas do que os filmes de Darren Aronofsky, mas na época ninguém se preocupava muito com isso. O jogo em si não se incomodava em explicar e só quem tinha o manual em mãos sabia a motivação do personagem principal.
O ano é 1691 e o Conde Drácula resolve aparecer, como faz rotineiramente de 100 em 100 anos. A família Belmont está destinada a caçar esse tipo de criatura e Simon é o próximo da linhagem disposto a acabar com a raça do bicho.
Sem nada de elaborado, a história é apenas um pontapé inicial para o quebra-quebra.
Nos jogos posteriores pegaram essa premissa e criaram toda uma mitologia em cima inclusive com inúmeros prequels contando o início da relação de ódio entre Drácula e a família Belmont.
Som:
Simples e bem encaixadas, as músicas de Castlevania são perfeitas para o jogo. Quem teve a oportunidade de escutar não esquece. Acredito que muitos que estão lendo agora devem tê-la tocando na mente nesse exato momento. É marcante.
Claro que fica repetitiva em determinados momentos. Mas a culpa não é do som e sim da quantidade absurda de vezes que morríamos no jogo e éramos obrigados a repetir a fase.
Os efeitos sonoros também cumpriam o seu papel, com sons de chicote e vidros quebrando bem nítidos e realistas na medida do possível. Simon também gritava de dor ao ser atingido. Isso nunca tinha sido ouvido num jogo de Nes antes!
As músicas foram compostas por Kinuyo Yamashita e até hoje, nas continuações, as melodias são aproveitadas virando uma marca da série.
Gráficos:
Para um jogo de um sistema 8 bits, o gráfico era mais do que satisfatório. Os detalhes do castelo do Drácula parcialmente destruído, as criaturas que enfrentamos, os cenários de fundo. Tudo bastante adequado, ainda mais se tratando de um dos primeiros games para o console.
Jogabilidade:
Digamos que Castlevania não é um jogo para qualquer um. A movimentação de Simon não é perfeita, mas responde bem ao joystick na maioria das ações.
Uma das maiores dificuldades se concentrava nos saltos entre plataformas. Esses precisavam ser bem calculados para não cair no vazio e morrer. A maioria dos jogos da época permitia que o jogador controlasse a direção e intensidade do salto. O salto de Simon é sempre da mesma altura, velocidade e sentido.
Subir escadas também era um martírio. Em alguns momentos era necessário ir e voltar algumas vezes até que Simon resolvesse subir. Quando há várias cabeças de Medusa voadora lhe perseguindo isso não é uma boa.
Usar as armas secundárias também requer um pouco de prática já que, para acioná-las era necessário apertar o botão de ataque pressionando o direcional para cima. No calor da batalha, algumas vezes usávamos esse tipo de ataque por engano, desperdiçando itens poderosos sem necessidade.
Dificuldade:
Se a Konami queria caprichar nesse item, não podia ter feito melhor. Companheiros…Que joguinho difícil.
Nas primeiras fases até parece que não vai dar tanto trabalho, mas a coisa vai se complicando cada vez mais até que se torna impraticável. Poucos podem bater no peito e dizer “Matei o vampiro sem usar de vantagens ilícitas” e eu não sou um deles. Motivo: A Morte. E estou falando na entidade propriamente dita, com foice e tudo! Vencer esse chefe de fase era uma das coisas mais difíceis do mundo por vários motivos.
Primeiro não existia esse negócio de save game, ou passwords em Castlevania. Você tinha que jogar na raça, passo a passo sem desligar o console nem um momento. São 17 longas fases e não dava pra descansar nem um segundo. A única facilidade que o jogo tinha eram os continues infinitos. E acredite…Isso não era vantagem alguma. Era mais que a obrigação, afinal, não morrer nesse jogo é improvável.
Então, você passava a tarde toda jogando e quando chegava na Morte (que era na penúltima fase) já estava cansadão. Fora que seus pais já estavam reclamando por você estar muito tempo na frente da TV.
Outra coisa complicada desse chefe eram suas sequências de ataque. Os inimigos de Castlevania em geral não eram tão difíceis. Bastava decorar a sequência de movimentos, ficar nos lugares certos e usar as armas corretas. A Morte também era previsível nesse aspecto, porém, seu nível de segurança era nulo. Um passo em falso e tudo estava perdido. Chegar nela com um bom estoque de energia também era complicado devido aos caminhos tortuosos até lá.
O interessante é que o Conde Drácula, o derradeiro chefe, não é nem fichinha perto da Morte. Não é um chefe fácil, mas comparado com a dita cuja, ele era uma morceguinho nervoso. Como descobri isso? Usando os famosos emuladores que simulam o videogame no computador, pude reviver minha batalha e derrotar a Morte graças a um sistema de gravação de partida. Sim, foi coisa ilícita e não me orgulho disso. Jogador que é jogador não deve utilizar esses artifícios. Mas entendam…Eu não podia morrer sem derrotar a Morte (que frase profunda…)
Armas e inimigos:
Simom Belmont conta com um arsenal razoável para cumprir sua missão. Como arma principal ele tem um chicote especial (batizado de Vampire Killer), que pode passar por upgrades com determinados itens aumentando alcance a potencia.
Além desse, temos as armas secundárias. Vidro de água benta que funciona como um coquetel molotov, um crucifixo que nada mais é que um bumerangue, umas faquinhas sem graça que podem ser atiradas horizontalmente, um poderoso machado lançado obliquamente e um relógio capaz de parar o tempo deixando os inimigos imóveis. Temos ainda um item de invulnerabilidade temporária.
Dessas talvez a melhor arma para os chefes seja a água benta. Motivo: Quando ela acerta o chefe, este fica imóvel por alguns preciosos segundos. Usando uma sequência com o chicote e um timing preciso, você vencia facilmente qualquer inimigo, inclusive a Morte. Por que eu não fiz isso? Infelizmente essa dica eu só descobri quando era muito tarde e o videogame da moda era o Playstation 2!
Para usar as armas acessórias é preciso acumular uma boa quantidade de corações, que encontramos ao matar alguns inimigos ou destruindo candelabros e velas. Algumas vezes encontramos uns duplicadores que reduzem o número necessário de corações para cada arma.
Outro item importante no game são os frangos que completam a energia e se encontram nos locais mais improváveis. Quem colocaria um frango assado dentro de um bloco da parede? A maioria desses itens está em locais secretos. Então é interessante tentar quebrar as paredes e degraus…Nunca se sabe o que se pode encontrar por lá.
Em relação aos inimigos temos desde os comuns, que enfrentamos no decorrer da fase e os já ditos chefões. Entre os comuns temos: Zumbis, Morcegos, Homens peixe, Cabeças de Medusa voadoras, Esqueletos, Armaduras de cavaleiros, Lobisomens, Macacos e pássaros.
Entre os chefes de fase temos um Morcego Gigante (Phantom Bat) no fim da terceira fase que era uma moleza. Com ataques fracos e simples, o morcegão era um alvo fácil para o chicote de Simon.
Em seguida temos a Medusa no final da sexta fase. Também não era nada impossível Só tomar cuidado com umas cobrinhas que saiam de sua cabeça e rastejavam na nossa direção e estava tudo bem.
Logo depois, no fim da nona fase, enfrentamos duas múmias altamente chatas. Sem complicações também. Ainda mais por que existia um frango assado secreto no meio da batalha.
Agora as coisas começam a ficar excessivamente difíceis. Próximo chefe, Frankenstein e Igor. Esse é o chefe de fase que define se você chegou aqui por mérito ou pura sorte. A fase por si só já é bem chata, com várias plataformas móveis para saltar e uma porrada de macacos, os bichinhos mais irritantes do jogo.
Seguindo pelos calabouços do castelo, chegamos enfim, no final da 15ª fase, ao meu algoz…A Morte. Culpada por tirar o sono da maioria dos jogadores. Responsável por acessos de fúrias e controles quebrados ao serem lançados na parede. Caso consiga a façanha de derrotá-la, acredite., o jogo praticamente acabou pra você. As próximas fases são moleza e o chefe final, o Conde Drácula, não é tão complicado como deveria.
O Conde possui duas formas. Na primeira ele fica invisível por alguns instantes e, ao reaparecer, joga 3 bolas de fogo. Basta ficar próximo e pular na hora certa. Depois de algumas porradas ele mostra a verdadeira face. Uma espécie de Gárgula gigante com cara de morcego. Só acertá-lo evitando seus saltos e está tudo acabado. Você acaba de enviar o Conde para as profundezas do inferno. Pelo menos até o próximo jogo.
Castlevania é uma das series de jogos mais lucrativas da história, contando com dezenas de jogos distribuídos por mais de 20 plataformas diferentes. O filão parece ser eterno devido a grande quantidade de fãs que o game conquistou através das gerações.
“A Morte” realmente é muito difícil de derrotar. Nem o “Mestre Final”, o “Conde Drácula”, chega a ser tão difícil como ela! Eu mesmo admito q só conseguia matar “A Morte” usando o recurso “Slow” que o meu joystick disponibilizava, que era de deixar o jogo lento, fazendo com que “A Morte” se locomovesse bem devagar!!! Um show de jogo! Eu amava jogar!!!!
Oia só!!!! O Boca do inferno agora que acordou que a mídia de games também agregar conteúdo ao fans de horror.
No esteio do meu comentário, sugiro ao autor resenhar todos os jogos posteriores, para outras plataformas, que explorem a marca Castlevania.
Adorei a resenha. Estava faltando uma sobre este clássico absoluto dos games. Saudosos anos 80/90, em que tudo era mais simples e divertido. Recordo-me da dificuldade em adquirir cartuchos e dos sons em formato midi, que nos permitiam ficar cantando as músicas horas depois. E a dificuldade pra continuar o jogo? Você tinha que jogar interminavelmente, pois não havia o recurso de salvar o game. Molecada, esqueçam “God of War” e “Uncharted” e prostrem-se defronte o maior dos games de aventura de todos os tempos!
Esse seu comentário foi extremamente pré-potente e desnecessário!!! God of war e Uncharted tem o seu valor não só por que são jogos “mais fáceis e menos desafiadores” do que os antigos jogos e sim por que esses dois eles inspiraram bastante o mercado atual de games e sem falar que são franquias muito boas.