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Um dos temas mais polêmicos do cinema de terror contemporâneo são os remakes. Basta pensar que as principais produções das décadas de 1970 e 1980 ganharam novas versões nos últimos anos. Piores do que os originais, inovadores, exagerados, atualizados e desnecessários são apenas algumas das formas como refilmagens de terror costumam ser recebidas tanto por fãs como também pela crítica. Para os produtores, refilmagens vão além destes pontos e significam um extenso e lucrativo mercado a ser explorado.

Atento a este fenômeno, o jornalista e crítico do Boca do Inferno Filipe Falcão acaba de lançar o livro A Aceleração do Medo – O Fluxo Narrativo dos Remakes de Filmes de Horror do Século XXI. Fruto da pesquisa que fez no Doutorado pela Universidade Federal de Pernambuco, o livro, lançado pela editora Estronho, traz uma completa análise sobre refilmagens não apenas de filmes de terror, mas da própria história do cinema.

 

Com 370 páginas, Filipe apresenta um estudo detalhado e aprofundado para a compreensão do que leva um filme a ganhar uma nova versão e principalmente compreender as características do remake. “Existem diversos elementos para justificar a produção de uma refilmagem, mas a principal responde por um processo de atualização do produto seja de roteiro ou dos avanços tecnológicos”, explica Filipe. Para ele, o remake serve como modelo de atualização do filme para um novo público. “A história da Sétima Arte é marcada por refilmagens. A chegada do som significou que obras mudas ganhariam novas versões assim como o surgimento do cinema colorido como justificativa para refilmar títulos originais em preto e branco”, completa Filipe. Se o resultado vai ser bom ou ruim, esta já é uma consequência do tipo de produção, visto que existem remakes melhores e piores do que as obras originais.

Em A Aceleração do Medo, Filipe aborda uma série de pontos que vão desde os gêneros fílmicos com destaque para produções de terror no século XXI até apontar as características de um remake e qual é a diferença entre outras formas de produções como adaptações e reboots.

Esses pontos preparam o terreno para os elementos comumente encontrados nas refilmagens contemporâneas. Tratam-se, quase sem exceção, de títulos muito mais acelerados do que as obras originais. A maioria dos remakes possui edição mais fragmentada, movimentos de câmera mais rápidos, som mais barulhento e maior quantidade de personagens. “Essas mudanças acontecem uma vez que o cinema mainstream tem no excesso e na aceleração as duas palavras de ordem para suas produções. Basta pensar em filmes de ação estilo Velozes e Furiosos ou Os Vingadores. O público jovem é acostumado com este tipo de linguagem e quase que exige filmes cada vez mais acelerados”, explica Filipe.

Além desses pontos, a própria sociedade atual é bastante acelerada no seu estilo de vida. “Somos uma sociedade muito impaciente. Tudo é para agora. Estamos sempre correndo. O cinema mainstream sabe que precisa acelerar suas histórias. Aqui a sétima arte pega inspiração tanto do universo dos videoclipes como também dos games”, completa Filipe justificando que esta velocidade é a marca das refilmagens de terror. Em sua pesquisa, Filipe traz alguns exemplos claros. O processo de um personagem ser morto no filme Sexta-feira 13 original, de 1980, leva cerca de dois minutos de preparação com o assassino à espreita. Na refilmagem, de 2009, Jason leva dois ou três segundos para surgir diante da vítima e matar o personagem. Despertar dos Mortos, de 1978, traz quatro personagens presos no shopping. Na refilmagem de 2004, este número aumenta para 16 pessoas. Mais personagens significa mais diálogos, mais correria, mais brigas, mais mortes e mais zumbis.

Ao escolher comparar alguns dos filmes de horror mais amados e mais copiados que já existiram – o apocalipse zumbi Despertar dos Mortos (George Romero, 1978); o slasher Sexta-Feira 13 (Sean S. Cunningham, 1980) e a história de assombração Poltergeist – O Fenômeno (Tobe Hooper, 1982) – com suas recentes refilmagens (dirigidas respectivamente por Zack Snyder, Marcus Nispel e Gil Kenan), Filipe realiza um panorama histórico sobre o desenvolvimento do cinema de horror ao longo do último século, e também lida com conceitos fundamentais para a compreensão da cultura audiovisual contemporânea.

Este é o segundo livro solo de Filipe Falcão. Em 2015, também pela Editora Estronho, ele lançou Fronteiras do Medo – Quando Hollywood Refilma o Horror Japonês. Filipe também é um dos autores do livro Medo de Palhaços – A Enciclopédia Definitiva Sobre Palhaços Assustadores na Cultura Pop, assinado por integrantes do Boca do Inferno e lançado em 2016.

Ricamente ilustrado, o livro é um item obrigatório para quem gosta de cinema, em especial cinema de horror. Se você gosta ou não de remakes, este livro também é indicado para você. O livro pode ser adquirido na loja da Editora Estronho.

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4 Comentários

  1. Concordo com você, Lucas remakes são lixo não trás nada de novidade do original ,muito deles são com roteiro preguiçoso,elenco fraco e direção ruim,principalmente quando o final é impactante do original não se repete .. remakes é uma falta de criatividade preguiçosa que se inventou ,quando á turma de Hollywood se acomoda e não coloca á cabeça para funcionar ,fora remakes !

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      Author

      Oi, Anselmo! São desnecessários, sim, mas há exemplos de remakes que melhoraram ou foram tão bons quanto o original. Por exemplo, A Mosca (1986), O Enigma de Outro Mundo (1982) e A Noite dos Mortos-Vivos (1990). Então, nem todo remake é ruim. Não podemos generalizar.

      Abs

      1. Obrigado por me responder ,Marcelo Milici saiba é um honra por você ter me respondido ,pois acompanho o Boca do Inferno á muito tempo ,o que você escreveu sobre esses três exemplos de filmes é verdade são remakes que foram superior ao original …logico ! eu não quis generalizar ..mesmo assim tem muitos remakes ruins por aí.

  2. Eu estou de saco cheio de remakes já faz tempo , não da nem vontade de assistir e tem alguns que não assisto mesmo !
    Mais nem se o meu filme favorito tivesse um remake ( e NUNCA ) vai ter ainda bem kkkk , eu iria querer ver !

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