Bom dia, Verônica
Original:Bom Dia, Verônica Ano:2019•País:Brasil Autor:Ilana Casoy, Raphael Montes•Editora: DarkSide Books |
Depois de muito suspense, enfim a identidade de Andrea Killmore é revelada. Dois nomes já conhecidos dos amantes da literatura dark brasileira, em uma parceria matadora, se evidenciam: Ilana Casoy, criminóloga, especialista em perfis psicológicos e primeira autora nacional da DarkSide Books, e Raphael Montes, autor dos impactantes Suicidas, O Vilarejo, Dias Perfeitos, entre outros.
Em Bom Dia, Verônica, temos duas perspectivas femininas bem distintas. De um lado, conhecemos Verônica, ex-escrivã da polícia civil rebaixada a secretária de seu chefe, o delegado Carvana. Um belo dia, sua vida tem uma reviravolta inesperada quando uma mulher aparece na delegacia para registrar um boletim de ocorrência, e é ignorada pelo delegado. Após um acontecimento marcante, Verônica vê a oportunidade de mostrar seu valor e resolve investigar o caso por si mesma.
De outro, somos apresentados a Janete. O estereótipo de esposa submissa e “perfeita”: cozinheira e dona de casa exemplar, vive em função do marido, colocando as necessidades dele em primeiro lugar sem nunca desobedecer. Até aí, essa é uma realidade muito comum em diversos lares até hoje. Como nem tudo são flores, a história de Janete tem um porém: Brandão, seu marido, é possessivo e abusivo, como já fica claro logo nas primeiras linhas. Além disso, também é um assassino. E obriga Janete a ser sua cúmplice.
Em certo momento, os caminhos das duas mulheres se cruzam, e novamente Verônica vê mais uma chance de conseguir mostrar aos seus superiores que é muito mais do que uma secretária invisível. O mistério não é quem é o assassino, e sim como pegá-lo.
Temos uma personagem completamente humana em Verônica, que comete muitos erros e alguns acertos, que quer ser reconhecida, que quer justiça para as mulheres que não tem suas vozes ouvidas pelas autoridades, e acabamos nos identificando com ela por isso. Ao menos no começo. Conforme a história avança, a protagonista revela ter um caráter questionável, sendo muitas vezes relapsa e apresentando diversas soluções duvidosas enquanto tenta conciliar dois casos paralelos com seu dia a dia.
Bom Dia, Verônica é uma ficção policial desconcertante cheia de reviravoltas, que acaba perdendo um pouco de sua força no final com um epílogo um tanto previsível, não estando à altura do restante do livro.
Sua leitura acaba não sendo tão fluida devido aos temas pesados, embora atuais e recorrentes, que aborda. Casoy e Montes retratam de forma crua o feminicídio, necrofilia, corrupção, sequestro e diversos outros crimes, sem enfeitá-los.
Recentemente, a Netflix anunciou a produção de uma série homônima, com estreia prevista ainda para este ano.
Isso é review, o resto é resto <3