Livros que inspiraram roteiros de filmes são muito comuns, sendo o mestre Stephen King um grande exemplo de adaptações das suas obras que tiveram êxito ou fracasso, como O Iluminado e o recente Chamas da Vingança (a primeira sendo uma adaptação homônima e a segunda do livro A Incendiária). O que não estamos acostumados é quando ocorre o caminho inverso, quando filmes já conceituados se tornam livros, e isso acontece e com mais frequência que imaginamos. Assim, apresento essa lista com 10 Filmes de Terror Famosos que Viraram Livros:
10° A Bolha Assassina — David Bischoff (sem tradução no Brasil)
Em 1958, o público dos cinemas saiu aterrorizado ao ver a história de um enorme meteoro que cai na terra, liberando na sua queda uma substância gosmenta e misteriosa. Quando jovens curiosos se aproximam do objeto espacial, essa gosma cria vida e começa a se alimentar de tudo e todos que estão em seu caminho. Talvez você se lembre apenas do remake de 1988 dirigido por Chuck Russell, e foi dele que surgiu o roteiro adaptado para um livro escrito e publicado por David Bischoff em 1989.
9° A Experiência — Yvonne Navarro — Editora Rocco
Esse filme, dirigido por Roger Donaldson em 1995, foi um dos queridinhos das sessões de sexta-feira na televisão aberta dos anos 90, passando em diversas reprises, seja motivado por sua trama original ou pela beleza estonteante de Natasha Henstridge, que interpreta a fase adulta de uma alienígena criada em laboratório. Aqui, cientistas reconhecem uma mensagem enviada misteriosamente do espaço como sendo um código genético em código Morse. Eles então decidem de maneira “brilhante” recriar a sequência genética a misturando com DNA humano, e assim nasce a nossa alienígena sedutora que foge das instalações do governo ao se tornar adulta e, como diria uma chamada da Sessão da Tarde, “apronta altas confusões” enquanto busca um parceiro ideal para espalhar a sua espécie. O livro escrito também em 1995 pela autora Yvonne Navarro segue a mesma história e pode ser encontrado até hoje em sebos do Brasil.
8° Natal Negro — Lee Hays — (Sem publicação no Brasil)
Nesse slasher canadense que teve a sua versão original em 1974, dirigido por Bob Clark, e um remake em 2006 dirigido por Glen Morgan, conhecemos uma fraternidade de garotas que começam a receber ligações estranhas na noite de Natal. As coisas ficam perigosas quando um assassino passa a perseguir e matar as garotas. O livro escrito em 1976 segue a mesma premissa, mas pelas resenhas destina um tempo maior à psicologia dos personagens.
7° O Grito (Ju-on) — Kei Ohishi — (sem tradução no Brasil)
Com toda a certeza esse filme revolucionou o modo de fazer terror oriental, com fantasmas que requebram na direção das suas vítimas e barulhos vocalizados de forma insistente. Essa história de uma maldição que fica nas residências onde ocorreram crimes trágicos na forma de fantasmas rancorosos e perseguidores conseguiu ser um grande sucesso do diretor Takashi Shimizu nos anos 2000, a ponto de chamar a atenção da indústria americana tendo o seu remake em 2004 produzido por Sam Raimi.
O que nos interessa, entretanto, está na adaptação literária, que ficou a cargo de Kei Ohishi e que conta a história dos dois primeiros filmes japoneses, sendo restritos ao roteiro. Fico imaginando se o autor conseguiu transmitir a sensação de terror que o menino Toshio, branco igual a uma folha sulfite, causou no público ao gritar no pé da escada.
6° O Homem de Palha — Anthony Shaffer — (sem tradução no Brasil)
Dirigido por Robin Hardy em 1973 e sendo considerado um clássico cult até os dias atuais, aqui embarcamos numa trama investigativa acompanhando o Sargento Howie (Edward Woodward), que, investigando o desaparecimento de uma jovem garota, acaba parando numa ilha escocesa muito misteriosa, sede de um culto pagão muito estranho e perigoso. Houve também um remake dessa história dirigida por Neil LaBute e protagonizado pelo Nicolas Cage, chegando aqui no Brasil com o título O Sacrifício. Já no universo literário, essa trama também é uma caixa de surpresas, pois um insscrito do meu canal me contou que esse filme icônico foi baseado no livro O Ritual,de David Pinner, escrito em 1967 (sem tradução no Brasil), e em 1979 esse roteiro se tornou um livro escrito por Anthony Shaffer. Não é nenhuma surpresa dizer que essa trama sinistra também inspirou filmes como Midsommar e livros como As Possuídas pelo Diabo, do Thomas Tryon.
5° Brinquedo Assassino — Matthew J. Costello — (sem tradução no Brasil)
Falando em clássico absoluto, quem diria que um filme de um boneco incorporado por um maníaco assassino faria tanto sucesso até os dias atuais? Mas, seja pela direção incrível do mestre Tom Holland, seja pelo tom sarcástico entregue a cada assassinato do boneco Chucky, essa franquia inacabável de 1988 conseguiu colocar no pódio dos grandes vilões do horror um boneco ruivo. A adaptação literária ficou a cargo de Matthew J. Costello, que escreveu dois livros, Child’s Play 2 e 3, que conseguem expandir um pouco a obra dando mais densidade aos personagens.
4° Poltergeist — James Kahn — (sem tradução no Brasil)
Dirigido por Tobe Hooper e escrito por Steven Spielberg, nasceu em 1982 um fenômeno não só no seu subtítulo nacional, mas também nas bilheterias, sendo a oitava maior no seu ano de estreia. Na trama sobrenatural acompanhamos um casal normal de classe média que passa a enfrentar fenômenos paranormais logo depois que a filha caçula deles começa a ver coisas na estática da televisão. Esses incidentes paranormais crescem de frequência e intensidade, chegando ao ponto de ser necessária a intervenção de um grupo de investigadores paranormais. A adaptação literária chegou no mesmo ano do filme, tentando embarcar no seu sucesso comercial. Não posso dizer se conseguiu, pois nunca houve sinal do livro do James Kahn por aqui, mas posso dizer que na época que vi esse filme corria da sala quando a televisão apresentava o menor chiado com medo de ser engolido pelo aparelho.
3° Halloween — Curtis Richards — (sem tradução no Brasil)
Em 1978, um dos feriados americanos mais populares se tornaria alvo da mente única do diretor John Carpenter para se tornar o pano de fundo de uma das maiores franquias do cinema de horror. Jamie Lee Curtis passaria a ser uma das maiores representantes entre as final girls do subgênero slasher interpretando a eterna Laurie Strode, e sua fuga do maníaco mascarado se tornou tão rentável que perdura até os dias atuais. Um ano após o sucesso do primeiro filme, o autor Richards Curtis, sob o pseudônimo de Curtis Richards, ficou a cargo da adaptação do roteiro com muita liberdade de inserção na trama do maníaco. No prólogo da sua obra, o autor retorna ao nascimento da raça celta na Irlanda para contar a história sangrenta de uma maldição advinda de uma história de amor não correspondida. Essa maldição, por sua vez, viaja anos e quilômetros para entrar no corpo de Michael Myers, criando assim a maldade desse assassino em série.
2° Sexta-Feira 13 — diversos autores — (sem tradução no Brasil)
Quando falam que os anos 80 do terror foram de arrepiar, com toda a certeza boa parte do cenário desses arrepios foi o acampamento Cristal Lake. Em 1980 o diretor Sean S. Cunningham pegou uma premissa simples de jovens campistas sendo perseguidos e assassinados por um vilão mascarado e conseguiu eternizar no imaginário mundial o tão imbatível Jason Voorhees, que só seria inserido como assassino no segundo filme da franquia, mas já se apresentaria nesse início de saga parte do seu potencial. O seu sucesso foi tanto que conseguiu durar por 12 longas-metragens, caindo e levantando na questão de qualidade. Na literatura sua vida foi até mais longa, com sete novelizações diretas dos seus filmes correspondentes, quatro obras derivadas do filme Jason X, 5 livros com histórias independentes e outros 5 com o subtítulo de Acampamento Cristal Lake, nos quais não vemos o vilão conhecido, mas sim a sua máscara, que passa por personagens aleatórios e os transforma em assassinos na hora. Os autores são diversos, mas Simon Hawke foi o responsável pelas três primeiras novelizações, que são mais próximas aos roteiros originais.
1° A Hora do Pesadelo — David Bishop — (sem tradução no Brasil)
Enfim chegou a hora da minha obra de terror favorita, que é um clássico absoluto. A trilha sonora com menininhas pulando corda enquanto cantam sobre a proximidade do até então desconhecido Freddy Krueger nos mostra que há muito horror por vir. Quando percebemos que nem dormindo há escapatória, além de um filme de terror, temos a manifestação de um próprio pesadelo. Wes Craven dirigiu em 1984 A Hora do Pesadelo e conseguiu ter tanto sucesso quanto os seus antecessores no subgênero slasher, e ainda teve o brilhantismo de se reinventar. Campeão nas bilheterias, em quadrinhos, bonecos e até fantasias, não foi com grande espanto que encontrei essa novelização escrita em 1987 por David Bishop. Aqui, logo no primeiro livro temos a manchete de que os três primeiros filmes foram compilados e ainda sobrou espaço para uma história extra, e olha que não parece ser um livro tão grande assim. Haja capacidade de síntese.
Chegou ao Brasil pela editora Darkside Books o livro intitulado A Hora do Pesadelo — Never Sleep Again, escrito por Thommy Hutson, que é um making of dos primeiros filmes, com bate-papo com o elenco, direção e equipe de montagem. Tem diversas curiosidades, mas você não encontrará nenhuma história do Freddy. Essa lista poderia acabar por aqui, mas tem mais livros e filmes bem famosos que citei no meu vídeo que vai a seguir. Caso vocês tenham outras obras a comentar, ajudem-me aumentando essa lista, e vamos juntos fazer sempre que possível um apelo às editoras nacionais pela tradução desses títulos tão emblemáticos e comerciais.
Natal Negro e Ju-On eu leria. É uma pena que muito da literatura de terror não tenha adaptação para o Brasil. Os famosos “giallos”, por exemplo, são boas histórias, claro, se você gosta de suspense, escritas em sua maioria em inglês ou italiano no precinho no formato digital.
Adorei essa lista. Me surpreendi com os títulos. Agora é a vez de fazer uma lista com 10 livros de terror que viraram filmes e ainda não foram publicados no Brasil.
Boa idéia!!!
Então, nesse vídeo que deixei o link trago outros livros que aumentam ainda mais essa lista. Chega a dar dó do que não chega até a gente. Gostei muito da dica de vocês pra escrever e gravar algo também. Super agradeço.