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Fear the Walking Dead - 4ª Temporada
Original:Fear the Walking Dead - Season 4
Ano:2018•País:EUA
Direção:John Polson, Michael E. Satrazemis, Dan Liu, Magnus Martens, Daisy von Scherler Mayer, Sarah Boyd, Tara Nicole Weyr, Colman Domingo, Sharat Raju, Lou Diamond Phillips, David Barrett
Roteiro:Scott M. Gimple, Andrew Chambliss, Ian Goldberg, Alex Delyle, Richard Naing, Melissa Scrivner-Love, Kalinda Vazquez, Anna Fishko
Produção:Kenneth Requa, Frank Hildebrand
Elenco:Kim Dickens, Frank Dillane, Alycia Debnam-Carey, Maggie Grace, Colman Domingo, Danay Garcia, Garret Dillahunt, Lennie James, Jenna Elfman, Kevin Zegers, Sebastian Sozzi Rhoda Griffis, Alexa Nisenson, Aaron Stanford, Daryl Mitchell, Mo Collins

Ainda que perigosas, mudanças são sempre importantes em séries de TV dos gêneros drama e terror. Acompanhar sempre a mesma jornada dos personagens, atravessando cenários em ruínas entre conflitos de relacionamento e perdas, funcionaria melhor para uma novela, onde pouca coisa acontece, mas quando se trata de um seriado com 16 episódios anuais, se não houver um constante reboot, o público perde o interesse. Diferente da produção-raiz, Fear The Walking Dead vai bem das pernas graças a essas mudanças e o total desvínculo com alguma HQ. Enquanto a trupe de Rick precisa manter um olhar para os quadrinhos em respeito aos fãs leitores, o spinoff tem a liberdade total para fazer o que quiser. E está se saindo bem nisso, até mais do que a série original.

A principal mudança nessa série envolvia a chegada de um personagem importante da outra. Morgan Jones (Lennie James), o primeiro amigo de Rick Grimes (Andrew Lincoln), decide partir de Alexandria em busca de novos ares. Despede-se de alguns companheiros como o próprio Rick, Carol (Melissa McBride) e Jesus (Tom Payne), e parte em sua caminhada solitária, com a câmera de John Polson acompanhando seus passos no episódio inicial, What’s Your Story?. Nessa escapada, ele conhecerá dois personagens interessantes e bem concebidos: o pistoleiro John Dorie (Garret Dillahunt), que dará um aspecto country à série, e a repórter Althea (Maggie Grace), com sua câmera e fitas de vídeo, colecionando histórias, a frente de seu veículo de combate da SWAT. Logo ele terá um encontro inesperado nas estradas com uns saqueadores à espreita: Alicia (Alycia Debnam-Carey), Nick (Frank Dillane), Luciana (Danay Garcia) e Strand (Colman Domingo).

Enquanto existe aquela desconfiança inicial quanto à origem dos estranhos, o público já sente uma ausência: onde estaria Madison (Kim Dickens)? Assim, a primeira metade da temporada irá se propor a responder essa pergunta, com idas e vindas da narrativa para mostrar os sobreviventes em um campo de beisebol, sendo ameaçados por um grupo liderado por Mel (Kevin Zegers). No episódio 2, Another Day in the Diamond, de Michael E. Satrazemis, a paz do local aparentemente seguro é ameaçada quando a família Clark e Luciana encontram uma garota de 12 anos, Charlie (Alexa Nisenson), que diz ter perdido a família e adora ler. Ao sair em busca de mantimentos, conhecem outra importante personagem da temporada, até então denominada Naomi (Jenna Eflman). Uma briga com Madison traz uma cena interessante em um imenso tanque, já deixando evidente que esse acréscimo pode trazer problemas no futuro.

Quando tudo parecia se alinhar para um confronto com os invasores que querem o campo de beisebol (como aconteceu em algumas temporadas em The Walking Dead), uma morte surpreendente acontece no terceiro episódio, Good Out Here, dirigido por Dan Liu. Voltando as ações para o presente, vemos o grupo de Alicia, Nick, Strand, Luciana, Althea, John e Morgan em mais momentos de desconfiança. Mais histórias são contadas, mas não a que queremos saber, envolvendo Madison. Contudo, a raiva de Nick em relação ao veículo El Camino, comandado pelos Abutres, já traz algumas perspectivas ruins. Poderia ser um episódio bom sem grandes surpresas se a cena final não envolvesse o disparo de Charlie e a morte de Nick, que deixou o espectador tão abalado quanto a que envolveu Glenn em The Walking Dead.

O episódio seguinte, Buried, dirigido por Magnus Martens, iria trazer o personagem de volta nos flashbacks que pretendem contar o que aconteceu com o campo de beisebol e Madison. Sem aquele exagero melancólico que acompanha a série original, Nick é enterrado, deixando para o passado algumas explicações que conduzirão àquele momento como os conflitos com os Abutres, que insistem em encontrar meios de invadir o local. Alguns temem o combate, enquanto outros imaginam que essa seja a melhor solução. O quinto episódio, Laura, de Michael E. Satrazemis, é centrado no passado de John e o primeiro encontro com Naomi, que se apresentou com o título. O bom rapaz demonstra um carinho absoluto pela desconhecida, em seu cotidiano simples de proteção a sua morada, apenas imaginando que ela somente estaria de passagem.

Just in Case, de Daisy von Scherler Mayer, um dos mais fracos da temporada, só tem de emoção os últimos minutos, quando John é gravemente baleado. Como o personagem foi uma das melhores adições da série, fica aquela preocupação de que perderemos alguém que parecia fazer a diferença. O seguinte, The Wrong Side of Where You Are Now, traz Mel numa situação de real perigo de morte e a vontade de alguns em ajudá-lo, mesmo sabendo de suas intenções de invadir o local, e do público que sabe o que acontecerá com Nick algum tempo depois. Essa discussão sobre ajudar ou não se tornaria o mote da segunda metade da temporada.

A meia-temporada termina com o episódio No One’s Gone, de Satrazemis, que finalmente traz à tona o destino de Madison. Quer dizer, parece que traz. Como aconteceu com Travis, o conflito com os Abutres e seus caminhões de zumbis, coincidentemente ocorrido durante a greve dos caminhoneiros no Brasil, indica um possível sacrifício, ainda que não explícito. Provavelmente, sim, uma vez que o enredo inicial de Fear the Walking Dead envolvia a luta de uma família pela sobrevivência no apocalipse zumbi, mas uma vez que Travis e Nick já partiram, não há razão mais para sustentar esse núcleo. Sabendo que a temporada encerrou o confronto com os Abutres, a qual caminho seguirá a outra metade?

Um novo tempo apesar dos perigos…

Com uma abertura que se altera a cada episódio, Fear the Walking Dead continua com a proposta de inovar. Desta vez, a ameaça não são só os mortos-vivos, mas o tempo. O episódio anterior apresentou a divisão de núcleos, intensificada com a chegada de um forte temporal. Assim, os primeiros episódios irá focar em núcleos distintos, enquanto, aos poucos, introduz uma terrível vilã. People Like Us, de Magnus Martens, já evidencia que a remanescente da família Clark tentará herdar as atitudes de sua falecida mãe, sacrificada pelo bem da maioria; enquanto Morgan colocará na cabeça que chegou a hora de voltar para Alexandria, mas ele não quer ir sozinho. Assim, conforme aconteceu no começo da temporada quando ele recebeu a visita de vários amigos de The Walking Dead, ele resolve visitar cada um dos novos para fazer o convite de embarcar nesse retorno com ele.

Suas visitas apresentam os núcleos que serão definitivamente separados pela tempestade. O melhor deles envolve Alicia, que está intrigada pelos bilhetes que anda recebendo anexados a zumbis. Strand só quer voltar à boa vida de antes, com bebidas e um casarão; Luciana pretende apenas ouvir músicas com a ajuda de uma velha vitrola; John pensa em voltar para sua cabana e quer levar Laura – também conhecida como June e Naomi. E Charlie vive escondida, temendo uma atitude vingativa pelo erro cometido, principalmente numa reação de Alicia.

Centrado em Alicia, o episódio Close Your Eyes, mostra sua tentativa de sobrevivência ao temporal, ilhada numa casa justamente com Charlie. Como será o conflito entre as duas, enquanto as paredes parecem frágeis e a chuva cada vez mais forte, exemplificada no zumbi preso a uma antena? The Code é centrado em Morgan e a um grupo de novos personagens: Sarah (Mo Collins), que dirige um caminhão de ajuda aos sobreviventes, o cadeirante Wendell (Daryl Mitchell), além do produtor de cerveja Jim Brauer (Aaron Stanford). Se Morgan tem problemas com esse trio, ele pretende se intensificar com a introdução da personagem Martha (Tonya Pinkins), a vilã do final da temporada. Em Weak, de Colman Domingo, os acontecimentos se baseiam em June e Althea (chamada pelos amigos de Al), enquanto esta fica muito doente, precisando de medicamentos presentes em seu caminhão da SWAT roubado.

O décimo terceiro episódio, Blackjack, mostra o isolamento de John e Strand, ilhados pela tempestade. Na busca por um meio de escapar dali, percebem que há um crocodilo imenso somente esperando a oportunidade para se alimentar de suas carnes. Já Luciana encontra um homem preso às ferragens de um veículo e tentará ajudá-lo ao último gole de cerveja. MM 54, dirigido por Lou Diamond Phillips (sim, ele mesmo), resgata o elenco com mais reencontros, graças ao rádio de comunicação, e apresenta uma cena do flashback que justifica as ações vingativas de Martha, quando ela precisou de ajuda para o marido e não teve. Alicia e Charlie finalmente encontram John e Strand, e planejam um meio de resgatá-los da ilha. Os demais seguem em direção a um hospital abandonado, lembrando uma situação ocorrida em The Walking Dead.

Ali, “I Lose People…“, de David Barrett, se desenvolve nos confrontos com zumbis pelos corredores até chegar ao topo, com Jim atormentando Morgan pelas decisões erradas. Apesar da empolgação de boa parte da quarta temporada entre conflitos com zumbis, grupos invasores e até com o tempo, o episódio final, …I Lose Myself, de Satrazemis, foi bastante irregular, com erros gravíssimos do roteiro de Andrew Chambliss e Ian Goldberg. Desde mudanças drásticas de atitudes, principalmente de Morgan, que cansa todas as vezes que diz que “é algo que ele precisa fazer sozinho“, até a ideia de envenenamento e a solução encontrada, tudo soa de maneira artificial, sem transmitir impacto. A cena deles bebendo cerveja chega a ser constrangedora…

Com mais acertos do que erros, a quarta temporada mantém o interesse para o que virá a seguir. A presença de Morgan, ainda que não tenham justificado a diferença de tempo entre os acontecimentos – uma vez que The Walking Dead está cinco anos a frente do spinoff -, foi bem digerida, dando lhe a importância que a série original não seria capaz. Houve notícias de que outros personagens visitarão a série-filha na próxima temporada, mostrando a confiança que os realizadores têm com o sucesso do produto. Se Fear the Walking Dead continuará inovando, só iremos saber no próximo ano, com a estreia da quinta temporada. Que os tempos tragam boas novas…

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