Hoje em dia, Charlie Sheen é mais lembrado pelo seriado Two and a Half Men e pelas festas insanas que frequenta. Mas no início dos anos 1990, ele era um dos astros mais quentes de Hollywood. Seu nome era associado a filmes vencedores do Oscar como Platoon e Wall Street: Poder e Cobiça e a produções estreladas ao lado de seu irmão Emilio Esteves, como Os Jovens Pistoleiros e Trabalho Sujo. Tudo indicava que Charlie se tornaria um ator sério como seu pai Martin Sheen, e quem sabe um dia entregar uma performance digna de um prêmio da Academia.

Composta por seis filmes, a série japonesa Guinea Pig foi criada em 1985. Os episódios possuem pouca conexão além da violência extrema, embora os dois primeiros episódios, Devil Experiment e Flowers of Flesh and Blood, sigam a mesma proposta narrativa, a de simular filmes snuff através de efeitos especiais. Dirigido pelo mangaka Hideshi Hino, Flowers of Flesh and Blood foi lançado em 1985, e mostra um assassino vestido de samurai que sequestra e esquarteja uma mulher. Apesar da falta de história, o filme impressiona pelo realismo dos efeitos especiais, e merece ser visto mesmo que por curiosidade.

A história poderia ter acabado aí. Sheen continuou sua carreira em filmes como Os Três Mosqueteiros, Censura Máxima e a série Top Gang, até encontrar sucesso na televisão em Two and a Half Men, sitcom que estrelou entre 2003 e 2011, até ser demitido por conta dos escândalos de sua vida pessoal, enquanto estrelava em desastres cinematográficos como A Guerra das Comidas e Todo Mundo em Pânico 5. Foi então que Stephen Biro, da Unearthed Films, resolveu produzir e dirigir o filme American Guinea Pig, uma espécie de reboot/homenagem à série japonesa. Com o subtítulo Bouquets of Guts and Gore, o filme foi financiado através de crowdfunding pelo Indiegogo e lançado no meio underground em 2015, ganhando um sucesso cult. Mais uma vez, o filme é um snuff simulado. Mais uma vez uma cópia foi parar nas mãos de Charlie Sheen. E mais uma vez ele chamou o FBI.
A situação dessa vez foi resolvida com menos confusão, já que uma rápida busca na internet revelou a natureza do filme.“Basicamente a essa altura nós não estamos mais recebendo denúncias de filme snuff de Charlie Sheen,” declarou o diretor do FBI Marshall Givens. “Ele provou mais uma vez que não sabe diferenciar filme de realidade e desperdiçou nosso tempo, outra vez, num filme de terror“.

Enquanto a carreira de Sheen continua estagnada, a nova série American Guinea Pig parece estar emplacando. O segundo volume, The Song of Solomon, sai em 2017, ao passo que Sheen continua mais famoso por suas aventuras fora das telas do que dentro dela. Considerando a quantidade de comerciais que o ator vem estrelando nos quais faz chacota com sua própria imagem, talvez Stephen Biro decida contratá-lo como porta voz dos próximos filmes de American Guinea Pig. Só é melhor deixar o FBI fora disso.






















