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Lugares abandonados são passíveis de incitar o medo. Ainda mais quando se sabe que o passado do ambiente em ruínas preserva uma trajetória de dor, sofrimento, tortura física e psicológica, atos de violência e assassinatos cometidos em momentos em que o ódio afoga a razão. Aparições, sons estranhos e estados de loucura passam a ser testemunhados com frequência para aqueles que arriscam visitar o local. Um destes é a Penitenciária Eastern State.

Localizada na Filadélfia, Pensilvânia, ela é considerada uma das prisões mais assombradas do mundo. Teve sua inauguração em 1829 e esteve funcionando até 1971, projetada para abrigar 253 presidiários. Cada cela é um confinamento solitário durante toda a pena do prisioneiro condenado. Assim que chegava ao local, um capuz é colocado sobre a cabeça do criminoso para que ele seja conduzido à cela pelos guardas, sem que pudesse saber o caminho e pudesse estudar possibilidades de fuga. Ficava o dia todo trancafiado, com pouco contato externo – apenas meia-hora de exercício e banhos a cada duas semanas -, recebendo a alimentação por uma pequena fenda na parte inferior da porta.  Quando chegava o momento de se banhar, a saída também envolvia o uso do capuz, o que impedia que conseguisse simplesmente ver outro preso.

No interior da cela, uma pequena claraboia permitia o acesso à chamada “luz de Deus” para que pelo menos soubessem que era dia ou noite. Um pequeno banheiro, água corrente, aquecimento e uma Bíblia acompanhavam os “hóspedes“. Dentre os reclusos mais conhecidos e que experimentaram o isolamento, a prisão recebeu o ladrão de banco “Slick Willie” Sutton e “Scarface” Al Capone.

Além do espaço reduzido e da ausência de contato com outras pessoas, a penitenciária mantinha a prática do chamado “som do silêncio“, impedindo que os internos possam falar, murmurar, cantar, rezar, praguejar. Alguns dos insistentes que tentavam simplesmente chorar eram amordaçados com um grampo de metal na língua, presa aos pulsos; se lutassem contra as correntes ou tentasse ainda assim falar, teriam a língua rasgada. Tendo o silêncio como principal regra, ainda haviam outros castigos, como o “banho-maria” (os presos eram mergulhados em uma banheira de água gelada e posteriormente pendurados na parede durante a noite, não importando a temperatura externa) e “o buraco” (uma cadeira colocada em um fosso, no bloco 14, onde não havia luz, e eles eram mantidos presos firmemente a ela, sem possibilidade de movimento por dias, além da restrição alimentar. Muitos dos que passaram por este castigo ficaram permanentemente aleijados).  Mulheres também eram condenadas nessa prisão, em especial no bloco 2, sendo que a última condenada esteve no local em 1923.

Antes de ser transferido para Alcatraz, Al Capone ficou nesta penitenciária por 8 meses, no bloco 8, entre 1929 e 1930, condenado por porte de arma indevida. Ficou na melhor cela da prisão, autorizado a ter móveis, lâmpadas, pinturas e um gabinete de rádio. Costumava dizer que fora assombrado pelo fantasma de James Clark, uma das vítimas do massacre do dia de São Valentim em Chicago. Capone não deu o tiro que matou, mas mandou atirar.

A Penitenciária Eastern State não executava prisioneiros, mas tem em sua trajetória relatos de assassinatos. Dois guardas foram mortos, além de muitos presos. Centenas morreram de velhice ou doença. Apesar de todas as restrições, em 3 de abril de 1945, doze presos conseguiram fugir através de um túnel cavado aos poucos e que se estendia por 97 pés sob o muro da prisão. Durante a reforma de 1930, foram descobertos outros 30 túneis incompletos.

Como era de se imaginar, muitas histórias de fantasmas foram ouvidas nesta prisão. Visitantes relataram ter visto o fantasma de Joseph Taylor, que assassinou um prisioneiro chamado Michael Duran em 1884. Depois que ele cometeu esse assassinato, é relatado que ele entrou silenciosamente em sua cela e foi dormir. Seu fantasma ainda está vagando por esses corredores até hoje. Outro encontro fantasmagórico foi testemunhado por um chaveiro. Ele estava fazendo um trabalho de restauração no bloco 4, tentando remover uma fechadura de 140 anos da porta de uma cela quando uma força enorme o dominou e ele não conseguiu se mover. Acredita-se que uma vez que a fechadura fora removida, um portal foi aberto que permitiu que os espíritos presos atrás da porta escapassem. O chaveiro afirma que rostos apareceram na parede da cela e giraram em sua direção.

Charles Dickens visitou a prisão na década de 1840. Ele disse que considerava as condições de vida dos presos péssimas. Ele os descreveu como “enterrados vivos” e escreveu sobre a tortura psicológica que os presos sofreram. O sistema de confinamento solitário finalmente entrou em colapso devido à superlotação em 1913. Depois funcionou como uma prisão congregada até o fechamento em 1970, depois abrigou presidiários após um motim em outra prisão na Pensilvânia, sendo oficialmente fechada em 1971.

Esta prisão foi transformada em Marco Histórico Nacional em 1965 e abriu suas portas para passeios públicos em 1994. Este local agora está aberto como um museu e para passeios.

Aparição em vídeo:

Fonte: https://www.ihorror.com/haunted-history-eastern-state-penitentiary/

 

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2 Comentários

  1. Achei o texto muito interessante por contar parte do dia a dia dos prisioneiros e as torturas físicas e psicológicas a que eram submetidos.
    Por que não fazer mais textos como esses, mas tendo como cenário lugares assombrados aqui mesmo no Brasil? Com certeza é uma lacuna que precisa ser preenchida, já que pouquíssimos autores se dedicaram a isso.
    E parabéns pelo texto muito bem escrito!

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