Em uma entrevista para a Variety sobre o lançamento de seu filme Beasts of No Nation, uma produção do Netflix, o diretor Cary Fukunaga explicou os motivos de ter deixado o remake de A Coisa, produzido pela New Line. Fukunaga já havia escrito o roteiro junto com Chase Palmer, porém suas ideias foram repetidamente rejeitadas pelo estúdio.
Fukunaga planejou o remake em dois filmes, sendo que o primeiro acompanharia as crianças que enfrentaram o palhaço Pennywise e o segundo mostraria o grupo já crescido, precisando destruir a ameaça mais uma vez. O diretor explicou que o problema não foi o orçamento, e sim a divergência no que o estúdio e ele queriam: “Estava sendo rejeitado. Cada pequena coisinha estava sendo rejeitada e alterada. Nossas conversas não foram dramáticas. Eram apenas silenciosamente ácidas. Nós não queríamos fazer o mesmo filme”.
O diretor prosseguiu:
Eu estava tentando fazer um filme de terror fora do convencional. Isso não se encaixava no algoritmo do que eles sabiam que poderiam investir e receber dinheiro de volta, baseando-se em não ofender seu público de gênero padrão. (…) Foi na parte criativa que estávamos realmente batalhando. Eram dois filmes. Eles não se importavam com isso. No primeiro filme, o que eu estava tentando fazer era um filme de terror elevado com personagens reais. Eles não queriam personagens. Eles queriam arquétipos e sustos. Eu escrevi o roteiro. Eles queriam que eu o fizesse muito mais inofensivo e convencional. Mas eu não acho que você pode fazer um bom Stephen King e torná-lo inofensivo.
A principal diferença foi fazer Pennywise mais do que um palhaço. Depois de trinta anos de vilões que podiam ler as mentes emocionais dos personagens e assustá-los, tentar encontrar formas sádicas e inteligentes de que ele assusta crianças, e também as crianças tinham vidas reais antes de serem assustadas. E todo esse trabalho de personagens leva tempo. É uma construção lenta, mas vale a pena, especialmente no segundo filme. Mas, definitivamente, compensa até mesmo no primeiro filme.
Fukunaga finalizou dizendo ser grato pela New Line ter optado por reescrever o roteiro de A Coisa: “Chase e eu colocamos nossa infância naquela história. Eu não gostaria que eles pegassem nossas memórias e as usassem. Quer dizer, eu não tenho certeza de que os fãs iriam gostar do que eu teria feito. Eu estava honrando o espírito de Stephen King, mas tinha que atualizá-lo. King viu um esboço e gostou”.
A Coisa está em desenvolvimento, agora com Andy Muschietti (Mamá) na direção. O filme ainda não tem previsão de estreia.
Que pena. A saída do diretor enterrou de vez “True Detetive” fico com medo desse remake, agora!