4.3
(3)

Mortuária
Original:Mortuary
Ano:2005•País:EUA
Direção:Tobe Hooper
Roteiro:Jace Anderson, Adam Gierasch
Produção:Tony DiDio, E.L. Katz, Peter Katz e Alan Somers
Elenco:Dan Byrd, Stephanie Patton, Tarah Paige, Price Carson, Greg Travis, Alexandra Adi, Denise Crosby, Lee Garlington, Adam Gierasch, Bug Hall, Christy Johnson, Joe Langer, Rocky Marquette

Viver do passado. Essa é uma característica que definitivamente se adequou ao diretor Tobe Hooper. Desde que escreveu seu nome na história dos filmes de terror com os clássicos O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chain Saw Massacre, 1974) e Poltergeist – O Fenômeno (Poltergeist, 1982), que ele não conseguiu mais fazer nenhum trabalho de qualidade. Prova maior disso é Mortuária (Mortuary, 2005), mais recente filme do diretor que chega, em DVD, ao mercado nacional. Com uma história fraca, a forma que os produtores acharam para vender o filme, foi colocar estampado com mais destaque do que o próprio título a chamada: “Do Diretor de Poltergeist e O Massacre da Serra Elétrica“.

O filme conta a história dos Doyle, uma família que está de mudança para uma pequena cidade, onde a mãe, Leslie (Denise Crosby, Impacto Profundo, 2000) está preste a assumir um novo emprego: preparar cadáveres para serem enterrados. Acompanhada dos filhos Jonathan (Dan Byrd, do remake Viagem Maldita, 2006) e Jamie (Stephanie Patton, também de Impacto Profundo), a família vai morar em uma casa que fica ao lado do cemitério local.

Mortuária (2005) (2)

O lugar é conhecido como assombrado por causa de uma família que morava na mesma residência e tinha um filho deformado chamado Bobby, que desapareceu misteriosamente na década de 60, sendo que, alguns anos depois, foi a vez dos pais dele aparecerem violentamente mortos. Tal episódio se transformou em uma espécie de lenda urbana local que dizia que o tal Bobby não havia morrido e vivia em algum lugar escondido no cemitério. Com a chegada da família Doyle, uma estranha substância que sobe do solo toma conta da casa e acaba transformando os vivos em zumbis e fazendo os mortos voltarem a andar.

Garoto deformado que mora no cemitério? Substância estranha no solo? Confuso? Bastante. Esse é um dos principais problemas de Mortuária. O filme começa até bem com um enredo que desperta interesse, como a família que vai morar em uma casa na qual o porão é abarrotado de cadáveres. Aliás, a residência possui um interessante ar mórbido, o que ajuda a criar um interesse pelo filme. Isso sem falar na vizinhança: um antigo cemitério.

Mortuária (2005) (1)

Mas após cerca de 10 minutos, quando a ação do filme realmente começa, o público é jogado em uma história que, além de fraca, não possui ritmo e pior, não consegue assustar ninguém. Fruto dos roteiristas Jace Anderson e Adam Gierasch, responsáveis pelos não muito bons Crocodilo (Crocodile, 2000) e Ataque dos Ratos (Rats, 2001), a história peca principalmente por ser um caldeirão que mistura várias vertentes do gênero.

Temos a referência aos mortos vivos, às casas assombradas e cemitérios estranhos. Mas será em uma das obras do diretor Tobe Hopper que o filme encontrará sua maior referência, produção que, infelizmente, é considerada como um dos piores trabalhos de Hopper: O Massacre da Serra Elétrica 2 (The Texas Chainsaw Massacre 2, 1986). Sequência do clássico da década de 70, esse segundo filme foi um fiasco por conter um roteiro fraco e que levava os acontecimentos para um lado digamos… cômico, que obviamente não agradou a maioria dos apreciadores do gênero.

Mortuária até que não tem esse tal lado cômico, embora a sequência de Leslie arrumando o seu primeiro “cliente” seja de rolar de rir. As semelhanças se dão pelo lado humano – demente do assassino, que hora corre atrás de todo mundo e depois fica com pena de uma das suas vítimas que lhe oferece bombom. Outro ponto idêntico é a caverna que o vilão mora. Uma cópia idêntica da qual acontece a ação do Massacre 2. A semelhança dos corredores é tamanha que em determinado momento se tem a impressão de que a qualquer hora vão cruzar a cena Caroline Williams fugindo de Leatherface, respectivamente a mocinha e o assassino do O Massacre da Serra Elétrica 2.

O elenco também deixa muito a desejar, embora os personagens, na verdade o roteiro, não ofereça muitas opções para nenhum dos atores, que na sua maioria gritam para lá e para cá. Apesar dos membros da família Doyle estarem até dentro do aceitável, são os coadjuvantes que competem para o título de canastrão da trama. E olha que tem de tudo, desde os adolescentes punks, uma em especial, Courtney Peldon, que parece uma mistura das cantoras Courtney Love e Christina Aguilera. E tem para todos os gostos, do policial valente até a dona de uma lanchonete. Um pior que o outro.

E por falar em personagem, o vilão ou assassino ou sei lá o quê, vivido por Price Carson, consegue ser completamente esquecível e pior, sua caracterização é uma das mais fracas dos últimos anos. E quando você acha que o filme está acabando, vem uma das piores surpresas da trama: o apoteótico final com efeitos especiais de quinta categoria que terminam por sepultar qualquer boa lembrança que se poderia ter deste filme. Ah, e se prepare para o susto final. Além de previsível, ele não funciona e não acrescenta em nada ao filme.

Em determinado momento os admiradores dos bons trabalhos de Hooper vão se perguntar como o homem que dirigiu dois filmes importantes da história do gênero pode ser o mesmo que comandou este Mortuária? A resposta vem ao explorar a filmografia do próprio diretor que sempre se mostrou irregular. Apesar de excelentes filmes no currículo como Massacre da Serra Elétrica, Eaten Alive (1977), Poltergeist e Pague Para Entrar, Reze para Sair (The Funhouse, 1981), Hopper também já assinou produções fracas como A Morte Veste Vermelho (I´m Dangerous Tonight, 1990) e Noites do Terror (Tobe Hooper’s Night Terrors, 1993), sem mencionar O Massacre da Serra Elétrica 2. Por isso, não caia na propaganda enganosa. Quando estiver andando pelos corredores de uma locadora e se deparar com este MortuáriaDo Diretor de Poltergeist e O Massacre da Serra Elétrica“, passe longe. Mas se a vontade for maior do que economizar o valor da locação, muna-se de alguns artifícios para não virar vítima do filme, como um controle remoto para avançar as cenas mais chatas, ou seja, o filme quase todo.

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1 comentário

  1. Olha eu entendo a sua critica bastante negativa, pelo fato de Tobe Hooper ter criado algumas obras primas do terror etc… Esse obviamente não passa nem perto de ser um dos seus grandes trabalhos, mas vou ser sincero com vc, eu achei esse filme total e absolutamente CINEMA EM CASA.
    Não é nenhuma grande produção digna de elogios, mas me senti como se estivesse voltado a ser criança lá nos anos 90 em minha casa assistindo o SBT e seu Cinema em Casa. Eu gostei muito. É bem simples e leve. Mas achei divertido, 1h 27 min passaram sem maiores problemas. Provavelmente poucos gostaram desse filme e eu fui um deles.

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