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Original:Splinter
Ano:2008•País:EUA Direção:Toby Wilkins Roteiro:Kai Barry, Ian Shorr e Toby Wilkins Produção:Kai Barry e Ted Kroeber Elenco:Shea Whigham, Paulo Costanzo, Jill Wagner, Rachel Kerbs, Charles Baker, Laurel Whitsett |
Não seria nenhum equívoco definir a produção americana Espinhos, lançada em 2008, como um legítimo e eficiente exemplar do chamado filme B moderno. O longa metragem tenta surpreender seguindo a tradição dos filmes do gênero, ou seja, construindo com um orçamento limitado uma obra de horror, no mínimo respeitável. Para isso, o roteiro usa com criatividade a velha e econômica fórmula: pequeno grupo de personagens + criatura sedenta por sangue + cenário único.
O enredo de Splinter (algo como espinho ou estilhaço, em português) parte também de uma premissa bem comum: Seth e Polly formam um casal típico que resolve curtir um final de semana romântico acampando no meio do nada, ops, em meio à natureza. Pequena prova de inverossimilhança externa ou de estupidez das personagens. Cabe aqui a observação que qualquer humano normal com um televisor saberia que se isolar no meio de uma floresta não é lá muito inteligente, já que psicopatas, sociopatas e outros patas estão à solta por aí. Isto ignorando os zumbis, aliens e outras criaturas que perambulam pelo universo da ficção. Bom, mas lá se vão Seth e Polly. Após algumas tentativas frustradas em montar uma barraca, o pouco romântico e urbano Seth convence a parceira que voltar para a estrada e procurar um motel é a melhor alternativa. Mal sabem eles, pobres ingênuos, que as estradas do interior americano também não são lá muito seguras. E é já na estrada que Polly ignora uma pequena lei do manual de sobrevivência dos filmes de horror genéricos: nunca, nunca mesmo, pare para ajudar uma mulher pedindo socorro à beira da estrada. Se possível atropele-a. Mas como uma obediente personagem clichê de filme de horror, Polly para o carro. Neste momento surge Dennis, um foragido da polícia armado que ameaça e obriga o casal a realizar uma viagem rumo ao México. Agora são dois casais no carro, os heróis (Seth e Polly) e os anti-heróis (Dennis e Lacey). Aqui faz-se necessário uma possível distinção entre o anti-herói e o vilão cinematográfico. O anti-herói usualmente possui um caráter questionável e qualidades inversas as do herói, mas está propenso em algum momento a um ato de heroísmo (que no cinema normalmente acaba salvando todo mundo) ou de redenção. Podemos notar uma grande semelhança deste plot inicial família-sequestrada-por-criminosos com o de Um Drink no Inferno (1996).
Voltando ao filme: na estrada eles acabam atropelando um animal, uma espécie de porco-espinho. Contrariando qualquer noção de bom senso, nossos amigos param para socorrer o bichinho, que agoniza esmagado no meio da estrada. O animal está morrendo, mas não vai para o além sem antes espetar com seus espinhos o dedo de Dennis. Um pequeno furo, mas o suficiente para contaminar o fugitivo e torná-lo um hospedeiro (que lentamente será dominado pelo parasita). De volta à estrada, um novo problema obriga os dois casais a procurarem um posto de gasolina. Alguma coisa (leia-se: porco-espinho) perfurou um dos pneus e o tanque de combustível do carro. Para a sorte ou infelicidade do grupo, eles encontram logo a frente um posto, aparentemente abandonado. Quando param no local, eles são repentinamente atacados por um frentista transformado num zumbi com espinhos espalhados pelo corpo. A criatura dilacera violentamente Lacey, enquanto o restante do grupo se abriga dentro da loja de conveniência. Ameaçados, em desespero e completamente isolados. Nesta situação extrema, os três sobreviventes terão que superar as pequenas e grandes diferenças, e juntos lutarem contra uma criatura aparentemente invencível.
O hiperativo cineasta americano Sam Raimi ficou conhecido entre os fãs do cinema de horror ainda nos anos 80, ao lançar o sangrento Evil Dead (clássico unânime, divisor de águas, inovador e outras dezenas de adjetivos merecidos que não serão mencionados aqui por falta de espaço). Trilhou Hollywood com mais acertos do que erros, dirigindo obras menores como o quadrinesco Darkman – Vingança Sem Rosto (1990), o faroeste Rápida e Mortal (1995), o suspense Um Plano Simples (1998) e o thriller com toques sobrenaturais O Dom da Premonição (2000). Em 2002, Sam Raimi entraria de cabeça no chamado mercado de blockbusters, assumindo a responsabilidade de trazer para os cinemas o herói adolescente Homem Aranha. Em sete anos dirigiu três filmes do cabeça de teia e acumulou milhões de dólares em sua conta bancária, tornando-se um dos cineastas mais bem sucedidos da década. É neste meio tempo que Sam Raimi resolve criar a sua própria produtora, especializada em fazer dinheiro com filmes de terror, a Ghost House Pictures. A adaptação de sucesso do horror japonês O Grito (2004) foi um dos primeiros investimentos da produtora (que entre uma enxurrada de produções diretas para os DVDs, emplacou sucessos nos cinemas como 30 Dias de Noite (2007) e o recente Arraste-me Para o Inferno, dirigido pelo próprio Raimi em 2009). A parceria entre o cineasta inglês Toby Wilkins (a cabeça pensante por trás de Espinhos) e o americano Sam Raimi teve início quando o dono da Casa Fantasma o convidou para dirigir alguns curtas-metragens inspirados na mitologia de O Grito, que seriam disponibilizados no site oficial da continuação O Grito 2 e na versão em DVD quando esta fosse lançada. O então especialista em efeitos visuais Toby Wilkins dirigiria a coletânea de curtas intitulada Tales of the Grudge (2006). Raimi gostou do trabalho de Wilkins, que assumiria a cadeira de diretor em mais duas produções menores da Ghost House, lançadas diretamente para as mídias digitais: O Grito 3 (2009) e o filme em questão, Espinhos, que é vendido com o orgulhoso slogan Dos mesmos produtores de O Grito e 30 Dias de Noite.
Em Espinhos, tanto a direção de Wilkins quanto a edição são competentes e nos fazem esquecer que trata-se de uma produção de orçamento limitado. Temos que reconhecer o empenho do diretor, mas o resultado acaba se mostrando extremamente bem comportado (sem abusos, mas infelizmente também sem inovações). No entanto, inegavelmente o grande destaque do filme fica por conta da equipe de efeitos visuais e da concepção da criatura parasita, uma espécie de amálgama cheio de espinhos, composto pela junção dos corpos de suas vítimas. Um detalhe é que tanto o monstro quanto os que por ele são contaminados se movimentam em posições a la O Grito, ou seja, movimentos descompassados com os braços e as pernas em ângulos nada naturais. Um bom momento, que exige dos efeitos visuais e de maquiagem, é a angustiante sequência em que, para evitar que o organismo domine completamente Dennis, Seth corta o braço contaminado do fugitivo com um estilete. Mas rasgar a pele e a carne de um ser humano não é uma tarefa tão fácil quanto parece (isso sem contar os ossos!). Nada que um bloco de cimento não resolva. Obviamente a relação sequestrador (Dennis) e sequestrado (Seth) já deixou de ser conflituosa neste momento.
Mas vai aqui um alerta, mesmo no quesito violência (ou gore, para os mais adeptos), Splinter mostra-se um pouco contido. Apesar de boas sequências como a citada anteriormente, não há o tão adorado banho de sangue frequentemente proporcionado pelos novos e adorados exemplares do subgênero vulgarmente chamado de torture porn (O Albergue, Jogos Mortais e afins).
O elenco, como era de se esperar, é formado por rostos totalmente desconhecidos. Se o desempenho regular dos atores não chega a chamar a atenção, também não compromete. Destaque aqui para a beleza da sexy atriz americana Jill Wagner, que interpreta a personagem Polly.
Espinhos foi o grande vencedor do Screamfest Film Horror Festival, realizado em Los Angeles no ano 2008. Foi escolhido o melhor filme da mostra, além de abocanhar os prêmios de direção, edição, efeitos visuais e maquiagem. É lógico que o Screamfest não tem muito reconhecimento mundo afora, mas serviu de base para uma sequência de críticas favoráveis que o filme acabou recebendo. Os produtores então arriscaram uma pequena estreia nos cinemas americanos. Bem pequena mesmo, foram 5 salas durante menos de uma semana. Bom, não é mistério pra nenhum mortal que o verdadeiro potencial de Espinhos está no valioso mercado de mídias digitais (DVDs e BDs). A versão em disco, distribuída pela novata Magnet, traz uma quantidade considerável de extras, como entrevistas, comentários em áudio, making off da construção das criaturas e cenas excluídas.
Enfim, apesar de explorar de muitas situações comuns e desgastadas, o conjunto da obra (ótimos efeitos, criatura original e direção segura) merece algum aplauso. Resgatando e aprimorando o primeiro parágrafo do texto, poderíamos definir Espinhos como um emblemático representante do divertido cinema B moderno. Por mais clichê que isso soe.
Eu não assistiria, pelas imagens tem cara de ser agonizante.
bem bom 😀 gostei de ver a velha sendo partida ao meio pelo espinho zumbi kkkkkkkkkkkkkkk
Adorei a sua critica adorei a parte (Cabe aqui a observação que qualquer humano normal com um televisor saberia que se isolar no meio de uma floresta não é lá muito inteligente, já que psicopatas, sociopatas e outros patas estão à solta por aí. Isto ignorando os zumbis, aliens e outras criaturas que perambulam pelo universo da ficção). Já assisti o filme e gostei muito vale a pena darem uma conferida não irão se arrepender.
Cara, MUITO BOM esse filme! As situações são bem interessantes, mas as decisões de alguns personagens beiram o ridículo. Tirando as atitudes sem nexo do casalzinho o filme vale muito a pena conferir!
É UMA MERDA,MAS EU ACHEI DIVERTIDINHO.