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Black Mirror
Original:Black Mirror
Ano:2011-2013•País:UK
Direção:Otto Bathurst, Euros Lyn, Brian Welsh, Owen Harris, Bryn Higgins, Carl Tibetts
Roteiro:Charlie Brooker
Produção:Charlie Brooker, Annabel Jones, Emma Pike, Barney Reisz
Elenco:Rory Kinnear, Lindsay Duncan, Daniel Kaluuya, Jessica Brown Findlay, Rupert Everett, Toby Kebbell, Jodie Whittaker, Hayley Atwell, Domhnall Gleeson, Lenora Crichlow, Michael Smiley, Daniel Rigby, Chloe Pirrie, Jason Flemyng

“Se a tecnologia é uma droga, e parece uma droga, então, quais exatamente são seus efeitos colaterais?” – Charlie Brooker

Espelhos negros são artefatos místicos usados comumente para predições. Místicos das mais diversas escolas utilizam seus espelhos para prever e enxergar o futuro.

E o futuro da humanidade é negro.

Pelo menos o futuro refletido em monolíticos celulares reluzentes em mãos ágeis que teclam em silêncio em uma mesa de bar onde o “social” se restringiu às redes, e telas de led gigantescas penduradas em salas de estar de famílias hipnotizadas que mal se conversam. Nossas tecno-próteses 2.0, descartáveis a cada novo modelo, dominaram nossas vidas, nossas mentes, tornando-nos zumbis que se atropelam às seis da manhã durante a abertura de uma loja, apenas para comprar o mais novo modelo daquele aparelho “indispensável” que vivíamos muito bem sem até dez anos atrás. E é sob este olhar que a excelente série de sci-fi britânica Black Mirror tece suas críticas geniais e cruéis: essa sociedade conectada a tudo menos entre si.

A série, exibida na Inglaterra no Channel 4, foi criada por Charlie Brooker – responsável pela mistura de Big Brother com Noite dos Mortos-Vivos, Dead Set – e produzida pelo grupo de comédia Zeppotron, foi descrita por seu criador como “um híbrido de Além da Imaginação e Tales of the Unexpected que toca nosso desconforto contemporâneo sobre nosso mundo moderno”.

Black Mirror estreou na Inglaterra em dezembro de 2011 com apenas três episódios em sua primeira temporada chegando a 2.1 milhões de telespectadores, num canal que atinge normalmente entre 500 mil a 1.5 milhões com suas séries. Caindo imediatamente nas graças da crítica especializada, vencendo em novembro de 2012 o Emmy Internacional de melhor filme/minissérie para TV. A segunda estreou em fevereiro de 2013, novamente com três episódios, e teve sua exibição concluída recentemente.

Com temporadas curtíssimas no formato antologia, cada episódio de Black Mirror tem uma história fechada, como Além da Imaginação – mas sem seus finais cheios de reviravolta e moralistas – contados de maneira independente, não necessariamente fazendo parte de um mesmo universo. Possui roteiros bem construídos, mostrando cada um um exercício sádico e criativo sobre futuros alternativos da humanidade, construídos em torno de seus aparelhos high-tech, seu jornalismo de 140 caracteres e sua sociedade digital. Mostrando a cada episódio uma sátira à sociedade moderna e seus futurismos.

A série manteve sua qualidade homogênea durante ambas as temporadas e já chamou a atenção de Hollywood: Robert Downey Jr. (Homem de Ferro) adquiriu os direitos de transformar o terceiro episódio da primeira temporada, The Entire History of You (Toda a Sua História) em um longa através de sua produtora Team Downey.

A série ainda não tem previsão de estreia por aqui, mas ficamos na torcida de que algum canal ou distribuidora de DVD traga Black Mirror para o Brasil, o país que recentemente atingiu o número de 1,3 celulares por habitante, o 5º país do mundo mais conectado à internet com cerca de 94,2 milhões de internautas e com o paradoxal índice de 16 milhões de analfabetos, sem falar na criminalidade, corrupção, saúde… Parece-me bastante adequado.

Mas antes que um espertinho venha dizer “mas como eles fariam todo esse sucesso sem a tecnologia?”, Black Mirror fala principalmente de relações humanas e de como elas se tornaram vazias na era da informação e, com certo saudosismo, prega pelo retorno de tempos mais próximos. Mas como diria HAL, a máquina inteligente de 2001: “-Sinto muito, Dave, mas não posso permitir que você faça isso.

Episódios:
1ª Temporada (2011):

Episódio 1 (04 de dezembro de 2011)
The National Anthem (O Hino Nacional): A princesa Susannah, queridinha do país, foi sequestrada e será morta. A não ser que o primeiro ministro Callow faça uma única coisa: transar com um porco ao vivo na TV em cadeia nacional.

Black Mirror (2011) (2)

Episódio 2 (11 de dezembro de 2011)
15 Million Merits (15 Milhões de Méritos): Em um futuro distante as atividades das pessoas se resumem a cuidar da forma em bicicletas ergométricas enquanto são bombardeadas por programas de TV automaticamente. O propósito? Conseguir “méritos” para customizar seus avatares ou participar de um concorrido programa de TV. Um 1984 para os tempos modernos.

Episódio 3 (18 de dezembro de 2011)
The Entire History of You (Toda A Sua História): Todas as pessoas agora possuem implantados em seu cérebro o Grão, um aparelho que grava tudo o que você vê, permitindo que você reproduza suas memórias diretamente em seus olhos ou em qualquer aparelho de TV ou celular quando quiser. Durante o jantar, um advogado desconfia da fidelidade de sua esposa.

2ª Temporada (2013):

Episódio 1 (11 de fevereiro de 2013)
Be Right Back (Volto já): Após perder o marido em um acidente de automóvel uma amiga cadastra Martha em um serviço que utiliza o acesso a perfis virtuais do falecido, seus e-mails e mensagens eletrônicas para criar um simulacro virtual de seu marido morto.

Episódio 2 (18 de fevereiro de 2013)
White Bear (Urso Branco): Victoria acorda em um quarto sem ter nenhuma lembrança de sua vida até então. Ao sair para as ruas ela começa a ser caçada por estranhos mascarados enquanto a população a segue, registrando tudo com seus celulares.

Black Mirror (2011) (5)

Episódio 3 (25 de fevereiro de 2013)
The Waldo Moment (O Momento de Waldo): Um comediante fracassado que atua como voz e movimentos de um urso de desenho animado, chamado Waldo, em um famoso programa de TV, se envolve em uma disputa política para primeiro ministro. Com o tempo Waldo se torna um grande sucesso, ao contrário do homem por trás das câmeras.

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14 Comentários

  1. Tem um especial de natal também. Achei o melhor de todos os episódios.

  2. amei o post, serio parabéns pelo contudo aqui discorrido, eu li e ré-li e senti um tapa na cara! o que é muito bom, com certeza vou voltar a ler textos/ resenhas do site, e como adorei o conteúdo aqui expresso, pergunto se o autor não tem algum filme parecido, ou outra serie parecida com essa, pois 3 episódios me deixaram com vontade de quero mais!

    1. Poxa! Só vi o seu comentário hoje!

      Muito obrigado pelas palavras! Vamos lá, deixa eu ver se lembro de alguma coisa nessa linha pra te recomendar…
      A filmografia de David Cronenberg tem diversas questões envolvendo tecnologia e seus aspectos perigosos como Crash, Videodrome, A Mosca e ExixtenZ… Brazil, 2001, Blade Runner, Distrito 9, Branded – que é uma excelente ficção científica envolvendo o mundo do marketing e publicidade – Elysium tem alguma crítica social mas é bem hollywoodiano… E, é lógico, Além da Imaginação! 🙂

  3. A série está sendo exibida no Brasil pelo canal I Sat, não lembro os dias, mas no horário da meia noite.

    1. Obrigado Rogério!

      Eu não estava sabendo disso! Acho que não tenho este canal na minha grade!

      A série é muito boa e vale a pena prestigiar a exibição da mesma na TV!

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