4.7
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Noroi: The Curse
Original:Noroi: The Curse
Ano:2005•País:Japão
Direção:Kôji Shiraishi
Roteiro:Kôji Shiraishi
Produção:Takashige Ichise
Elenco:Jin Muraki, Rio Kanno, Tomono Kuga, Maria Takagi, AngâruzuHiroshi Aramata

Não é de hoje que o cinema de terror japonês é conhecido por trabalhar com histórias que deixam o público tenso não apenas por se tratar de uma trama sobrenatural, mas por exigir que a plateia se esforce em coletar pistas deixadas por um roteiro nem sempre óbvio. Isto, claro, não é uma crítica negativa!

E talvez esta seja a melhor forma para definir o filme Noroi (2005), que recebeu o título em inglês de The Curse, ou A Maldição em tradução direta. Dirigido por Kôji Shiraishi, que já assinou outras obras do gênero, Noroi acompanha um investigador de fenômenos paranormais em busca de respostas para um mistério envolvendo uma antiga entidade demoníaca conhecida como kagutaba. A trama segue a estética do não muito apreciado estilo found footage, quando os personagens gravaram a ação com câmeras tremidas e de baixa qualidade e o material acaba sendo “encontrado” e “disponibilizado” depois da ação. Este tipo de filmagem gera um bom filme para cada 25 películas ruins, mas a boa notícia é que em Noroi a técnica não compromete o resultado, como faz todo o sentido em existir.

Através de uma primeira leitura, a trama parece trivial. O jornalista especialista em fenômenos paranormais Masafumi Kobayashi desaparece em circunstâncias misteriosas, deixando para trás o material da última reportagem conhecida como Noroi. As primeiras imagens mostram uma série de entrevistas com diferentes personagens que aparentemente não possuem nenhuma ligação entre si. O lema de Kobayashi é que nenhum mistério deve ficar sem resposta, por pior ou mais assustador que seja. Após esta rápida introdução, o público começa a conhecer melhor os personagens. Alguns que aparecem por pouco mais de dois minutos, enquanto outros surgem, somem e reaparecem no desenrolar da trama.

Noroi (2005)
Um eficiente terror psicológico

Quem já está acompanhado a assistir outros exemplares do J Horror, não vai estranhar esta construção não linear da trama. Noroi funciona como um quebra cabeças que mescla as imagens feitas por Kobayashi e os programas de televisão japoneses sobre temas paranormais. Aqui, todos os acontecimentos são importantes para entender a maldição do filme. Além disso, a película trabalha de forma muito eficiente na construção do suspense para uma conclusão acima da média. Quanto mais Noroi avança, mas densa e angustiante a trama fica. E se os demais filmes de terror japonês com fantasma trabalham muito mais com a ideia do fantasma vingativo, aqui temos uma entidade demoníaca e uma série de buracos para entender não apenas a motivação, mas a própria origem deste demônio.

Tudo isso faz de Noroi uma produção realmente assustadora. Destaque para a sequência na qual somos brindados com um ritual realizado por moradores de uma comunidade para afastar simbolicamente o demônio. Repleto de simbolismo, como o próprio cinema oriental, tal sequência é uma justa homenagem aos espetáculos Kabuki, que já traziam tramas com demônios e espíritos nos séculos 16 e 17.

E se o formato found footage parece desagradar a maioria dos fãs, com exceções como A Bruxa de Blair ou REC, em Noroi, a técnica não incomoda e em certo momento chega realmente a funcionar de forma harmoniosa com o roteiro criado. O found footage serve como estética fílmica quando não existe nenhuma outra opção para os personagens além de gravarem o que está acontecendo, como Heather e amigos em A Bruxa de Blair ou a equipe de TV de REC, que deixa claro que tudo precisa ser gravado para que as pessoas saibam o que aconteceu no prédio.
Filmes como Cloverfiled, Atividade Paranormal e sequências simplesmente não funcionam na sua totalidade por serem bastante inverossímeis, o que faz com que a técnica da câmera na mão acabe soando como um erro no roteiro. Em Noroi, esta funcionalidade acontece principalmente porque o material gravado Kobayashi não foi apenas costurado e exibido, como vários filmes que usam o formato afirmam. Em Noroi, as imagens mostradas foram sim editadas e aqui não apenas existe uma sincronia de sequências, mas a inclusão de legendas, replays, além do uso de câmera lenta e até bgs sonoros, o que faz a trama ser muito semelhante ao que se pode esperar de um documentário real.

Noroi (2005) (1)

E se a trama costura de forma magistral o suspense em torno dos seus personagens, a conclusão, como já é tradicional no gênero made in Japan é semelhante a descer de uma montanha russa. E embora algumas perguntas permaneçam sem uma resposta clara, o todo é bem resolvido com direito até a explicação em off. Um ótimo filme.

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Média da classificação 4.7 / 5. Número de votos: 17

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11 Comentários

  1. Só lembrando que Bruxa de Blair não é o 1° e sim Holocaust Cannibal de Rugero Deodato um dos primeiros senão o inicial em usar o estilo Footage que inclusive A Bruxa De Blair homenageia na cena final

  2. Esse filme é ótimo… gosto bastante do gênero founded footage (sim, eu sei…), e esse é um dos melhores. Tiro o meu chapéu para o cinema japonês. Eles geralmente sabem o que fazem!

  3. Este tipo de filmes não me agrada. Mesmo assim, achei este “NOROI” superior aos sobrevalorizados “REC” e sobretudo “THE BLAIR WITCH PROJECT” (dos piores filmes de terror da história do cinema). O cinema Japonês (e o oriental em geral) tem muito melhor do que isto no que respeita a terror.
    5/10

  4. Muito bom!! Filme muito bem construído e com um suspense de tirar o fôlego. E o final é de deixar a gente com o c* na mão! Recomendo!

  5. Noroi é um filme muito bom, posso dizer que sinto orgulho de poder ter assistido uma pérola dessa, as partes finais são de arrepiar.

  6. tava afim de assistir um filme assim, desde cloverfied q nao vejo um foundfootage que me prende a atenção

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