Cañitas: Presencia (2007)

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Canitas (2007)

Cañitas: Presencia
Original:Cañitas: Presencia
Ano:2007•País:México
Direção:Julio Cesar Estrada
Roteiro:Gabriel González Meléndez, Xavier Robles, Carlos Trejo
Produção:
Elenco:Armando Hernández, Mariana Ávila, Francesca Guillén, Juan Pablo Medina, Felipe Colombo, Sophie Alexander-Katz, Angélica Aragón, René Campero

Casa Mal Assombrada” é uma expressão popular no gênero fantástico e equivocada na língua portuguesa. Na Gramática, o advérbio “mal” (oposto de “bem“) modifica o adjetivo “assombrada“, trazendo-lhe, no caso, um conceito de “incompetência” ou “incapacidade“. Portanto, uma casa “mal assombrada” evidencia que os fantasmas ali presentes não são capazes de assustar ninguém. São vícios de linguagem bastante comuns como “correr atrás do prejuízo” e “risco de vida“, mas que, numa visão culta, apresentam uma discordância gramatical. Apesar de sua irregularidade atribuída a clássicos do gênero, ela serve adequadamente a exemplares ruins como o mexicano Cañitas: Presencia, de 2007, uma película que representa com orgulho o estilo errôneo de fazer cinema.

Não tenho muita intimidade com o cinema grindhouse mexicano – chamado “cine piojito” -, embora tenha visto os trabalhos de Miguel M. Delgado da década de 70: Santo vs. la hija de Frankestein (72), Santo y Blue Demon vs Drácula y el Hombre Lobo (73) e Santo y Blue Demon contra el doctor Frankenstein (74)… Dentro de suas limitações, são produções divertidas, realizadas com idealismo e criatividade. Foi com esse sentimento saudosista que resolvi conferir essa obra de Julio Cesar Estrada, principalmente quando descobri que estava disponível temporariamente no Netflix.

Baseado num romance de Carlos Trejo, que afirma que os acontecimentos são baseados em fatos reais que o assombraram durante a infância, o longa narra acontecimentos estranhos numa residência de subúrbio no bairro Cañitas, na Cidade do México, após o uso indevido de uma Tábua Ouija. Norma (Francesca Guillén, de O Limite do Terror) alerta seu irmão Carlos (Armando Hernández, de Nação Fast Food: Uma Rede de Corrupção) e a esposa Sofia (Mariana Ávila) da existência de uma força sobrenatural no local, depois uma visita à cartomante. Aliás, chega a ser hilário o modo como a vidente consegue prever com detalhes os problemas na residência com cada carta colocada à mesa.

A partir daí, todos os membros passam a ser aterrorizados por terremotos, possessão demoníaca e aparições sinistras em cenas mal dirigidas e com interpretações irregulares. Se o roteiro já não é atraente, a câmera de Julio Cesar Estrada completa o desserviço com posicionamentos que remetem a filmagens na guerra e zoons pobres e desnecessários. Influenciados pelo conteúdo desagradável, o elenco não se esforça para trazer tons de veracidade aos fatos, e a equipe técnica contribui negativamente na fotografia, iluminação e trilha sonora.

Canitas (2007) (1)

Nada funciona em Cañitas. Ainda que você assista com a disposição de uma comédia involuntária, daquelas que vemos com os amigos num sábado regado à cerveja, é provável que se irrite com o resultado a ponto de verificar a todo momento se falta muito para terminar o filme. Considerado pelos próprios mexicanos como umas das piores produções do gênero no país, Cañitas é, sem dúvida, uma vergonha para o currículo das casas assombradas!

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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