Adoradores do Diabo
Original:The Believers
Ano:1987•País:EUA Direção:John Schlesinger Roteiro:Mark Frost, Nicholas Conde Produção:Beverly J. Camhe, John Schlesinger Elenco:Martin Sheen, Helen Shaver, Harley Cross, Robert Loggia, Elizabeth Wilson, Harris Yulin, Richard Masur, Jimmy Smits, Malick Bowens, Janet-Laine Green |
A mistura entre crenças católicas com a tradicional iorubá, passada de geração para geração pelos escravos africanos, fez surgir um sistema religioso chamado Santeria, um termo pejorativo atribuído pelos espanhóis à devoção excessiva aos santos. Praticada por seus descendentes em Cuba, Brasil, Porto Rico, República Dominicana e no Panamá, ela envolve rituais secretos que incluem sacríficio animal, danças e invocações, acompanhadas de tambores. Confundida com candomblé e vudu, a prática é muitas vezes associada erroneamente com a magia negra, com o cinema mencionando Santeria em filmes de possessão, vingança sobrenatural e espíritos assassinos como Coração Satânico (1987), A Maldição dos Mortos-Vivos (1988), O Mistério de Candyman (1992), A Chave Mestra (2005) e Santeria: The Soul Possessed (2012). Inclusive, é possível encontrar referências à prática em Atividade Paranormal: Marcados pelo Mal (2014), entre outros exemplares do gênero fantástico. Em 1987, foi lançados nos EUA o horror The Believers, vindo para a indústria brasileira de fitas VHS com distribuição pela Flashstar com a tradução extremamente equivocada de Adoradores do Diabo.
Numa época em que o terror era relacionado ao humor – o tal do “terrir” – felizmente ainda havia cineastas que levavam o gênero a sério. Nesse período, entre slashers e comédias, houve uma tendência a filmes sobre seitas malignas como os dois já citados acima na década de 80. As incertezas e os mistérios religiosos do final dos anos 80 faziam o público se sentir atraído por essas produções, refletindo nas bilheterias essa curiosidade por feitiçaria e eventos sem explicação. Além disso, as películas eram bem produzidas, com um elenco bem constituído e um enredo macabro, baseados em romances de sucesso. Adoradores do Diabo conquistou 18 milhões nos cinemas e trouxe uma boa credibilidade ao diretor-ator John Schlesinger, que depois faria um outro filme que gosto bastante: Olho por Olho (1996).
Na trama, Cal Jamison (o espetacular Martin Sheen) perde a esposa num acidente doméstico e, nove meses depois, se muda para Nova Iorque com seu filho Chris (Harley Cross) numa tentativa de enterrar as dores do passado. Ele assume um emprego como psiquiatra da polícia, ajudando o departamento a resolver problemas emocionais que levam muitos policiais ao suicídio, e começa a flertar com a dona do apartamento, a bela Jessica (Helen Shaver, da série Poltergeist – O Legado). Num passeio pelo Central Park, seu filho encontra uma concha comum em rituais de Santeria e um gato sem cabeça, vítima de algum ritual de sacrifício. Algum tempo depois, Cal é chamado pelo tenente Sean McTaggert (o experiente Robert Loggia, de Scarface) para tentar desvendar o aparente estado de loucura de um policial, Tom Lopez (um novinho Jimmy Smits, de NYPD Blue), encontrado próximo ao corpo de um menino.
Tom não conta o que aconteceu, apenas profere frases sem sentido como “Eles sabem quem sou eu“, “Eles vão me pegar“, “Eles estão me vendo“, tornando-se o principal suspeito pelo crime. O corpo de uma outra criança é encontrado, além de pistas que remetem os estranhos acontecimentos a uma clínica de auxílio a jovens intitulada ACHE, com grande contribuição de Robert Calder (o também experiente Harris Yulin, de A Sétima Alma). O que parece estar distante de sua realidade começa a incomodar Cal, quando a empregada inicia uns rituais de proteção, e seu filho passa a ser aterrorizado por pesadelos cada vez mais assustadores. É só o início de uma descida cada vez mais agressiva a um inferno pessoal, envolvendo sacrifícios e desconfiança.
Trabalhando mais o horror psicológico, o filme de Schlesinger, a partir de um roteiro de Mark Frost (Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer) baseado num romance de Nicholas Conde, teve uma sutil relação com um caso real de dois assassinos em série, Adolfo Constanzo e Sara Aldrete, que matavam seres humanos em prol de Santeria. Por conta dessa visão deturpada, Adoradores do Diabo sofreu criticas na época de seu lançamento por parte de membros do sistema religioso, alegando uma distorção nos propósitos dos rituais. Independente desses conceitos e avaliando a produção apenas como uma obra de horror, pode-se dizer que é um bom filme, mas que está bem distante de comparações com O Bebê de Rosemary, como alguns críticos fizeram por aí.
Há cenas arrastadas e desnecessárias como a chegada do misterioso Palo (Malick Bowens, de Lágrimas do Sol) no aeroporto já evidenciando seus olhos brancos, ou até mesmo o ritual mostrado no início. E o clímax do filme também tem uma condução bastante previsível, salvo pela sequência final, com tons pessimistas. É interessante ver o sofrimento de Jessica, quando em seu rosto surge uma ferida pustulenta, ou o destino de Tom no restaurante, apesar de ambos os momentos não serem inéditos no gênero. Contudo, o ponto forte da produção é o elenco experiente. Além dos já citados, Cal é irmão do advogado (e mágico nas horas vagas) Marty, interpretado por Richard Masur, um rosto conhecido de obras como Enigma de Outro Mundo e It – Uma Obra-Prima do Medo. Não é difícil notar a presença também de Elizabeth Wilson, do clássico Os Pássaros, de Hitchcock.
Para concluir, segue um detalhe curioso sobre a produção, dito em fóruns pela internet. Segundo relatos, a mãe do diretor John Schlesinger faleceu assim que o filme foi finalizado – um fato que ele acreditou durante muito tempo que houvesse uma relação pela escolha do tema. Ele teria dito também que um atriz que interpretou uma sacerdotiza no filme simplesmente desapareceu, sem explicação alguma para seu sumiço. São lendas como essa que alimentam as teorias míticas da internet e que tornam a curiosidade por filmes como O Exorcista e Poltergeist ainda maiores.
Eu assisti este filme em versão “VHS”, na decada de 1990. So não sabia que existe um “remake” de 2005. Sangue, muito sangue na telinha!!!
PORQUE DEUS AMOU O MUNDO DE TAL MANEIRA, QUE DEU SEU FILHO UNIGENITO PARA QUE TODO AQUELE QUE NELE CRER, NAO PERECA MAS TENHA A VIDA ETERNA.(S.JOAO 3:16)
*So um aviso, caso queira optar por DEUS, por JESUS CRISTO.
Hj esta passando no Telecine Cult…
gosto desses filmes de seitas macabras hehe
Me lembro que estava tendo um caso numa cidade aqui do Brasil em que estavam envolvidos o prefeito e sua esposa em rituais satânicos. Era só o que se falava na tv. A GLOBO, oportunista, anunciou ADORADORES DO DIABO em TELA QUENTE. Já à noite no dia da exibição, numa acesso de bom senso, mudaram o filme para CHERRY 2000. Meses depois finalmente exibiram ADORADORES só que, me lembro bem disso, o nome do filme não aparecia nas chamadas, era apenas dito pelo Dirceu Rabelo.
Também lembro desse episódio. Anunciaram por uns 3 dias o filme e quando foi na segunda anunciaram o cherry 2000. Depois de muito tempo assisti no corujao por acaso.
parece interessante.