O Massacre (2000)

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O Massacre (2000)

O Massacre
Original:Bloody Murder
Ano:2000•País:EUA
Direção:Ralph E. Portillo
Roteiro:John R. Stevenson
Produção:Jamie Elliott, Ralph E. Portillo
Elenco:Jessica Morris, Peter Guillemette, Patrick Cavanaugh, Crystalle Ford, Michael Stone, Justin Ross Martin, Tracy Pacheco, Lindsey Leigh, David Smigelski, William Winter

Depois que a gasolina acaba, em uma estrada escura e deserta, o genial motorista decide deixar sua esposa grávida sozinha (!!!) e sai em busca de um posto. Caminha durante algum tempo até encontrar um homem próximo a uma camionete: o que parece ser a ajuda que precisa acaba se transformando em sangue quando o dono do veículo se revela como o famoso (!!!) Trevor Moorehouse, alguém que na infância morreu vítima de uma brincadeira chamada “Blood Murder”, e agora se vinga dos monitores do acampamento “Placid Pines” (!!!), usando uma máscara de hóquei (!!!) e uma motosserra (!!!).

Seria uma homenagem/sátira aos slashers Sexta-Feira 13, Acampamento Sinistro e Massacre da Serra Elétrica? Ou uma tentativa picareta de fazer uso de franquias conhecidas para chamar a atenção do público para um filme que não teria a menor chance de fazer sucesso se não fosse a cara-de-pau de seus realizadores?

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O conceito pouco inovador surgiu da mente do roteirista John R. Stevenson, que conseguiu convencer três produtores a investir nesse projeto com a perspectiva de resgatar os anos oitenta e, ao mesmo tempo, dar um tom de modernidade incluindo notebooks e e-mails. Pensaram que poderiam simplesmente divertir o público usando a máscara de hóquei de Jason, a motoserra de Leatherface, e nomes que remetem a diretores, atores e personagens, como Drew, Julie, Tobe, Jamie e até mesmo Jason – este, com a função única de criar diálogos irônicos: “Onde está Jason?” “Eu tenho certeza que Jason está por trás disso.” “Eu acho que Jason deveria ser enterrado num cemitério indígena”.

Infelizmente, o humor termina aí. Trata-se de uma bobagem levada a sério demais que acaba sendo traída exatamente por seu propósito de realizar “homenagens” sem fundamentos, soando como picaretagem das mais banais.

Com o assassinato do rapaz no começo do filme (totalmente offscreen), o roteiro nem tenta explicar o que aconteceu com a mulher que ficou sozinha no carro, mas o bebê que ela está esperando terá uma importância no decorrer da produção. Logo, somos apresentados a um grupo de jovens monitores que chega ao acampamento Placid Pines (uma mistura óbvia de Lake Placid, de Pânico no Lagoe de Crystal Lake) com a missão de prepará-lo para as crianças que virão para as férias. Julie ‘Jewels’ McConnell (nem é preciso citar os atores, pois todos são desconhecidos. A maioria só fez esse filme e sumiu do mapa, enquanto outros continuam “estrelando” produções trashes como Decadent Evil II…), com seu visual oitentista, é a boazinha do grupo. Mantém contato com seu pai via notebook e namora com Jason Hathaway, um galinha que logo se engraçará com outra monitora. Aliás, o recurso de colocar a voz do personagem emitente no processo de leitura de e-mails e cartas soa pobre e extremamente irritante. Além de Julie e Jason, o grupo também é composto pelo engraçadinho Tobe, e por vários convidados a futuros cadáveres (Whitney, Dean, Brad, Doug e Drew), além do chefe dos monitores, Patrick.

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Com a chegada da noite, em volta de uma fogueira, os jovens citam a lenda local, Trevor Moorehouse, e resolvem brincar de Blood Murder, um espécie de “esconde-esconde” ou “pic-esconde”, onde uma pessoa deve procurar os amigos escondidos na floresta e gritar o nome do jogo sempre que achar alguém. No entanto, a brincadeira sempre termina com o grupo pregando uma peça em um dos participantes, fazendo uso de uma máscara de hóquei e simulando um assassinato, o que gera as primeiras brigas que poderão servir de motivo para possíveis suspeitos.

E assim, o grupo vai sendo exterminado um-a-um, quase sempre offscreen ou sem sangue algum (contrariando o título original Blood Murder), por um serial killer magrela que usa a tal máscara de hóquei e corre atrás de suas vítimas como se competisse numa São Silvestre. Fica a dúvida: será Trevor Moorehouse? Será Nelson Hammond? – nome dito por um velho a la Crazy Ralph, de Sexta-Feira 13, que mora na região e tem a função única de alertar os jovens sobre os assassinatos que ocorrerão). Ou algum monitor com tendência homicida? A resposta virá na sequência final, quando o diretor tentará enganar o público com um flashback falso para dar uma “reviravolta” na revelação do assassino.

Blood Murder é muito ruim. Mal dirigido, cheio de furos e erros – numa cena, uma jovem está tomando sol próximo ao lago, quando a cena corta para um personagem numa canoa, onde pode ser visto claramente a chuva caindo sobre a água; quando retorna para a garota, está sol novamente -, com uma trilha pessimamente escolhida, e extremamente cansativo e sonolento, apesar de ter apenas 88 minutos.

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As mortes são malfeitas, sem uma dose de violência sequer, além de mal atuadas, deixando a sensação de que tudo não se passa de uma brincadeira apenas e que ninguém está morrendo “de verdade”, além de não terem a menor originalidade, já que várias se repetem, mudando apenas os personagens e local.

Não foi lançado em DVD no Brasil, mas foi exibido pelo canal Telecine Premium, com o título óbvio de O Massacre. Na Inglaterra, numa tentativa de resgatar a atenção do público perdida nos EUA, foi lançada com o título Scream Bloody Murder (para relacioná-la a um filme homônimo de 1973, de Marc B. Ray). Teve uma sequência, chamada Blood Murder 2: Closing Camp e um spinoff, The Graveyard, também com ambientação em Placid Pines.

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Entre as curiosidades, vale dizer que os créditos finais do longa estão cheio de erros, com palavras escritas erradas, nomes não creditados, trilha sonora incorreta, etc. Deve ser mais uma brincadeira do fraco diretor Ralph E.Portillo (de outra pérola, O Escolhido), que deve ser evitado ao máximo. Se você encontrá-lo entre os responsáveis por qualquer produção que queira assistir, não se esqueça de gritar Blood Murder antes de mudar de canal ou tirar o filme do aparelho de DVD.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

6 thoughts on “O Massacre (2000)

  • 05/08/2015 em 12:38
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    Esse filme saiu em vhs legendado com o nome o massacre aqui no brasil

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  • 18/01/2015 em 12:14
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    Filme estranho… E sem nexo nenhum…

    Resposta
  • 27/03/2014 em 17:25
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    pela nota deve ser sofrível,mas mesmo assim queria ver.

    Resposta

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