A Terceira Porta do Inferno (1989)

3.3
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A Terceira Porta do Inferno (1989)

A Terceira Porta do Inferno
Original:After Death/ Oltre la morte/ Zombie 4
Ano:1989•País:Itália
Direção:Claudio Fragasso
Roteiro:Rossella Drudi
Produção:Franco Gaudenzi
Elenco:Jeff Stryker, Candice Daly, Massimo Vanni, Jim Gaines, Don Wilson, Adrianne Joseph, Jim Moss, Nick Nicholson

Bom, a bagunça aqui é tão grande que realmente fica difícil saber por onde começar.

Estamos aqui em plenos anos 80, época em que produtores picaretas italianos rodavam produções paupérrimas nas selvas das Filipinas para baratear custos. Foi nessa situação que levaram para lá o cambaleante Lucio Fulci para rodar Zombi 3 (na verdade uma obra bagaceira e oportunista em cima do clássico Zombie aka Zombi 2, que por sua vez já capitalizava em cima do Dawn of the Dead aka Zombie do George Romero). O que ocorreu é que Fulci largou tudo por problemas de saúde e a obra acabou sendo finalizada pela dupla de incompetentes Bruno Mattei e Claudio Fragasso. Só que Fragasso, que geralmente trabalhava como roteirista de Mattei, parece que se cansou de ver seus (péssimos) roteiros viraram verdadeiras bombas cinematográficas nas mãos do amigo, tanto que resolveu regaçar as mangas e dirigir sua própria bomba cinematográfica.

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Só que aqui resolveu apenas dirigir, deixando o roteiro a cargo de nada mais, nada menos do que sua própria esposa Rossella Drudi, que se mostrou tão sem talento quanto seu próprio marido.
E assim surge este Oltre la Morte, ou se preferir: After Death, que obviamente acabou sendo lançado como Zombie 4 (em alguns países foi lançado como Zombie 3 mesmo, vai entender). Aqui no Brasil foi lançado há muito tempo em VHS como A Terceira Porta do Inferno. Confuso com a dança de títulos? Isso que nem chegamos na trama ainda!

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Tudo começa num cenário que parece ser o interior de um castelo onde um bruxo manda sua esposa literalmente para o inferno. Chegam ao local um grupo de cientistas munidos de metralhadoras. Eles discutem com o bruxo que teria começado com a epidemia de zumbis que alastra a ilha em que vivem (pelo menos foi o que eu entendi, pois os diálogos são vagos, truncados e confusos), que culmina com a morte do feiticeiro. Não demora e sua esposa retorna de um buraco do chão voando, literalmente, parecendo mais uma criatura que saiu da série Demons do Lamberto Bava, que um zumbi dos filmes do Lucio Fulci. A esposa saída do inferno acaba aniquilando o grupo todo.

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Corta, passamos para um casal com uma pequena garotinha, fugindo selva a fora, com um punhado de mortos-vivos encapuzados (!) no rastro deles. As criaturas devoram o casal, sobrando apenas a criança que foge com um amuleto pendurado ao pescoço – tal artefato teria o poder de manter fechada a terceira porta do inferno, que parece ser de onde sai essas figuras ridículas.

Corta novamente, agora vemos uma lancha chegando à ilha com um grupo de mercenários que mais parecem figurantes de alguma imitação de terceira de Rambo (na verdade, pelo menos um deles, Jim Moss, realmente estava rodando simultaneamente um filme de ação de terceira: Strike Comanndo 2, dirigido por quem? Isto mesmo: Bruno Mattei!). Junto ao grupo ainda há duas garotas, sendo que uma é justamente a garotinha que tinha escapado com o amuleto selva a fora (como uma criança pequena conseguiu fugir de uma ilha infestada de zumbis é algo que me pergunto até hoje!). Ela é Jenny (Candice Daly, cujo o maior atrativo de sua biografia é o fato de ter morrido misteriosamente, provavelmente por causa do pó), que retorna sabe-se lá o por quê. No fim das contas o grupo acaba se unindo ao galã Chucky (Chuck Peyton, figurinha que tem a história mais engraçada de todas por trás dos bastidores, mas falarei sobre ele mais adiante), que teve um casal de amigos devorados por zumbis. E todos terão que enfrentar a ameaça que vem do inferno!

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Acredite, se esse pequeno resumo lhe parece confuso, pode apostar que se eu me debruçar mais sobre a trama a coisa fica mais complicada ainda, tamanha a falta de lógica e sentido das coisas. Isso sem falar na própria figura dos zumbis: se tem gente que reclama dos zumbis maratonistas do cinema atual o que dizer destes? Eles não só correm, como lutam, se escondem, e tem um que até fala e usa uma metralhadora!!!

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Dizem que uma das peculiaridades da produção foi o fato de Fragasso não falar uma vírgula em inglês, e, como é uma produção com uma variedade de pessoas de nacionalidades diferentes, ele tinha que comandar o set na base da mímica mesmo. O próprio diretor alega que odiou o resultado final.

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Pelo menos o ritmo é intenso e caótico, e o gore brota aos borbulhões (embora demasiadamente exagerado e mal feito). A trilha sonora se divide entre um tema hard rock chinfrim e uma batucada eletrônica – os responsáveis pela trilha sonora assinam com o singelo nome de Al Festa.

Quanto ao Chuky Peyton, na verdade ele é mais conhecido pelo pseudônimo de Jeff Stryker, um ator de filmes pornôs gays e este Zombie 4 seria uma das poucas produções não hardcore do rapaz. O grande lance é como ele chegou até aqui? Ele teria tido um caso com o diretor de elenco Joe Collins, que o colocou no filme. O mais engraçado é que nos comentários do DVD lançado nos EUA, quando perguntado a Fragasso sobre essa história, o diretor fica visivelmente constrangido e alega que não sabia de nada a respeito!

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Zombie 4 – After Death vai folgado para a lista de piores filmes do mundo. De qualquer forma ele tem um grande mérito: é tão ruim, tosco, absurdo e ridículo que o resultado chega a ser hipnótico. Simplesmente não se consegue tirar os olhos da tela com medo de perder alguma cena ridícula ou diálogo risível. E, convenhamos, quantos filmes bons que há por aí que não tem esse poder de prender sua atenção? Realmente, coisa de louco!

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Paulo Blob

Nascido em Cachoeirinha, editou o zine punk: Foco de Revolta e criou o Blog do Blob. É colunista do site O Café e do portal Gore Boulevard!

9 thoughts on “A Terceira Porta do Inferno (1989)

  • 28/02/2024 em 16:20
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    “Quanto ao Chuky Peyton, na verdade ele é mais conhecido pelo pseudônimo de Jeff Stryker, um ator de filmes pornôs gays…”
    Informação que mudou a história do cinema de terror trasheira para sempre

    “Aiiii…..que delíciaaaa!!!”
    Paulo Blob tendo um orgasmo ao ler esta informação

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  • 06/06/2021 em 00:46
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    Ri demais com a crítica, e é perfeita. O filme é isso aí, muito tosco.

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  • 30/10/2014 em 21:13
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    Assisti muito esse filme em VHS. Infelizmente passou-se a época do vídeo cassete e muitos filmes não foram passados para DVD. Alguém poderia indicar algum site que tenha o filme completo?

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  • 01/05/2014 em 17:05
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    Mais uma trasheira italiana da melhor década do Horror , vale destacar a maquiagem mesmo zumbis sendo cópias de ” Demons ” do Lamberto Bava e em seu gore , gosto desse filme tanto quanto o anterior , A Terceira Porta do Inferno também faz parte da minha coleção .

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    • 27/05/2014 em 21:14
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      Sou de Cachoeirinha Rio Grande do Sul.

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  • 24/04/2014 em 18:43
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    Bom, novamente, não concordo com esse artigo.
    Acho que “ZOMBIE 4” merece mais uma chance, da mesma forma que “ZOMBIE 3”.
    Ambas as produções são de uma época maravilhosa do Cinema de Horror Italiano, onde os Filmes Trash tomavam conta e tudo era mais divertido, simplesmente porque eles não tinham muito dinheiro, mas conseguiam fazer o que muito cineasta de hoje não consegue fazer num filme de terror com montanhas de verdinhas…
    O fato é que esse é de fato, o filme que fecha a Trilogia de Zumbis Italianos, iniciada com o clássico “ZOMBIE” (1979) de Lucio Fulci.
    Os efeitos especiais podem ser fracos, mas a maquiagem merece um destaque, pois os zumbis são simplesmente nojentos, com gosma, dentes afiados, unhas longas… sem duvida, copiados dos monstros de “DEMONS” de Lamberto Bava.
    Mas isso realmente importa? Em minha opinião, isso não importa, muito menos a trama – dita como confusa – o que importa é que a fita é um mais exemplo de como se fazer um Filme Trash de verdade, com pouca grana, mas muita criatividade.
    Enfim… “ZOMBIE 4” merece mais uma chance.

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    • 25/06/2017 em 23:07
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      tenho impressão que quem deveria escrever sobre esse tipo de filme não deveria ser alguém que já despreza o contexto desse tipo de cinema logo de cara, como o Paulo faz. gosto do site, mas é bem hipócrita ficar atribuindo “nota” pros filmes de acordo com quem escreve o artigo. não há média, muito menos intercambio de pontos de vista 🙁

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