Jasão e o Velo de Ouro
Original:Jason and the Argonauts
Ano:1963•País:EUA, UK Direção:Don Chaffey Roteiro:Jan Read, Beverley Cross, Apollonios Rhodios Produção:Charles H. Schneer Elenco:Todd Armstrong, Nancy Kovack, Gary Raymond, Laurence Naismith, Niall MacGinnis, Michael Gwynn, Douglas Wilmer, Jack Gwillim, Honor Blackman, John Cairney, Patrick Troughton, Andrew Faulds |
Uma das particularidades mais interessantes dos filmes animados e co-produzidos por Ray Harryhausen é justamente o descompromisso total com a realidade e o “politicamente correto“. Analisando cuidadosamente a sua obra, vemos que seu objetivo único é a fantasia, destinada à diversão e o entretenimento.
A fantasia por ele criada se baseia tão somente naquilo que grande parte daqueles que vão ao cinema querem: libertar-se do real para mergulhar num mundo fantástico, imprevisível, onde o que não acontece é que é criticado. Seus filmes não procuram camuflar moralidade ou politicagem, e tão pouco querem fazer censura a qualquer tipo de emoção reprimida, muito pelo contrário, eles parecem realizar e facilitar o sonho daqueles que os compreendem. Ao penetrarmos nos seus filmes, o eterno contraste entre real e imaginário, que está tão presente na fantasia, é completamente ignorado para dar vazão a um mundo alternativo e fantástico, que só é interompido (temporariamente) quando as luzes do cinema se acendem.
Podemos notar esse fascínio fantasioso, que está tão presente na obra de Harryhausen, principalmente nos seus filmes clássicos, voltados à mitologia greco-romana: Simbad e a Princesa (1958), Jasão e o Velo de Ouro (1963), A Viagem Dourada de Simbad (1974), Simbad e o Olho do Tigre (1977) e A Fúria de Titãs (1980). Todas essas obras que enfocam o tema da mitologia clássica (notadamente uma das maiores paixões de Harryhausen) mostram que, com o maior mestre da animação, não há meio termo: ou odeiem-no, ou amem-no!
A primeira opção creio que é impossível, a despeito de já ouvir comentários baixos com relação. Mas, independente de quaisquer outros fatores, a obra animada de Ray Harryhausen marcou época, talvez a mais criativa e trabalhosa da história do cinema.
Jasão e o Velo de Ouro (Jason and the Argonauts) é, talvez, o mais popular e o mais fantástico filme animado por Harryhausen. As sequências de animação, onde o stop-motion é explorado em seus melhores resultados, apresentam um festival de criatividade e talento, reduzindo à frivolidades as modernas técnicas de computação gráfica. Os méritos devem ser esclarecidos, pois, apesar das dificuldades com que os técnicos em efeitos especiais da atualidade se deparam, seria loucura tentar comparar o trabalho de uma técnica com outra. No stop-motion, numa cena que deveria durar apenas cinco minutos, gastava não menos que uma semana de dedicada concentração e cansativo trabalho de movimentos. Mas os resultados são claros, perfeitos, únicos, nostálgicos; efeitos tão fantásticos que estão além de qualquer definição. Jasão e o Velo de Ouro está aí, quem quiser confira.
Neste filme, o herói clássico da mitologia grega Jasão (interpretado por Todd Armstrong) precisa conquistar o famoso e quase inatingível velocino de ouro (ou velo de ouro), um generoso presente dos deuses do Olimpo que traz riqueza e prosperidade ao povo que o tem em seu poder. Mas, para conquistá-lo, Jasão terá de empreender uma longa e perigosa viagem, rumo à longínqua Cólquida, situada no fim do mundo, muito além das “Rochas Estrondosas“.
E Jasão, auxiliado por alguns deuses (principalmente pela deusa Hera) e desfavorecido por outros (principalmente por Zeus) anunciou a expedição em busca do velo de ouro, a todos os heróis da Grécia – incluindo o famoso Hércules – se juntaram a ele no afã de conquistar glórias. Argos construiu um navio, que levaria o seu nome, e colocou na popa da embarcação uma escultura falante da deusa Hera, que poderia auxiliar Jasão apenas três vezes, as quais deveriam ser suficientes para o êxito da empreitada.
Enfim, os Argonautas partem em seu objetivo, e no caminho se deparam com muitas aventuras e perigos. O primeiro deles é Talos, um dos titãs, forjado em bronze por Hefaistos e colocado na ilha de bronze para guardar o tesouro dos Deuses. Quando os argonautas desembarcam na ilha para procurar mantimentos, Hércules e um amigo roubam uma das joias guardadas por Talos, despertando a ira do gigantesco homem de metal. O que vemos aí é uma das mais impressionantes sequências de animação criadas por Harryhausen. O realismo é impressionante, e em nenhum momento há desproporção ou erro, num verdadeiro deleite para os nostálgicos fãs do cinema fantástico. Após liquidarem Talos (cujo calcanhar era o ponto fraco), os argonautas seguem rumo ao seu objetivo, enfrentando à frente toda sorte de perigos; como as terríveis Harpias – um grotesco casal de demônios alados; as rochas estrondosas – uma estreita e praticamente inacessível passagem litorânea, cercada por traiçoeiras montanhas pedregosas; e, após chegarem ao destino e despistarem o exército local, a Hidra – o terrível monstro de sete cabeças que guardava o velo de ouro (esta cena é um outro belo momento do stop-motion). Mas Jasão consegue destruí-la e, finalmente, se apossar do velo de ouro. Eetes, rei da Cólquida, sentindo-se roubado, ordena que nasçam, dos dentes da Hidra, um exército de esqueletos para matarem Jasão.
Bom, os cinco minutos de batalha entre Jasão e o pequeno mas poderoso exército de sete esqueletos são simplesmente os cinco minutos mais fantásticos da história do cinema! Direi apenas isto. Nota do Editor: essa sequência inspirou diversas outras em filmes posteriores como por exemplo em Army of Darkness (o terceiro episódio da saga The Evil Dead, de Sam Raimi) ou o filme A Múmia, que estava em cartaz em nossos cinemas, ambos com mais recursos de tecnologia mas nem por isso melhores que o stop-motion de Harryhausen.
Por fim, Jasão consegue escapar dos poderosos esqueletos, que haviam matado alguns de seus companheiros, e fugir de volta à Tessália, levando também a belíssima Medéia (Nancy Kovack), a sacerdotisa do templo de Hecate que havia lhe ajudado na fuga, e cumprindo, assim, com glorioso êxito, o difícil trabalho que os deuses haviam lhe imposto.
Esta obra-prima da aventura e fantasia, dirigida por Don Chaffey, produzida pelo genial Charles H. Schneer e com a sempre impressionante música de Bernard Hermann, colocou a carreira e o status do fantástico animador Ray Harryhausen no Olimpo, junto a Zeus – ele, definitivamente, mostrava ao mundo as infinitas possibilidades do stop-motion, que já havia impressionado em seus filmes anteriores, mas que agora demonstrava ser um dos mais importantes passos que o cinema já tinha dado até então. O animador voltaria ao tema da mitologia clássica em mais três filmes, dois deles envolvendo o também fantástico capitão Sinbad (inspirados nos contos do clássico livro árabe As Mil e Uma Noites, outra paixão de Harryhausen) e o último (A Fúria de Titãs), considerado pela crítica como a sua obra-prima. Mas isso é uma outra história… Não menos interessante!
Seus comentários não poderiam ser mais justos. Um filme que povoou minha imaginação na adolescência.
Tem uma versão com qualidade hd no blog da vovó ninja. O filme é muito bom. vovoninja.blogspot.com.br
Me lembro quando lia artigos como esse no site antigo e haviam mais que o dobro de comentários do que agora, o que sera q aconteceu com essa galera?
com todo mundo elogiando fiquei muito interessada.
porra…me amarro nesse filme! infância MODE ON. *-*
Impagável! Fez a minha alegria durante anos nas tardes de minha infância. Apesar de gostar mais do Colosso, a cena dos esqueletos continua boa, até hoje!!
Nossa, esse filme é delicioso. A cena entre Jasão e os esqueletos é inesquecível.