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La Loba (1965)

La Loba
Original:La Loba
Ano:1965•País:México
Direção:Rafael Baledón
Roteiro:Ramón Obón
Produção:Jesús Sotomayor Martínez
Elenco:Kitty de Hoyos, Joaquín Cordero, Columba Domínguez, José Elías Moreno, Roberto Cañedo, Noé Murayama, Adriana Roel, Crox Alvarado

Embora lobisomens aparecessem no cinema mexicano em pelo menos duas produções anteriores: La Casa del Terror (1960), de Gilberto Martínez Solares, com direito ao ícone Lon Chaney Jr. como o hombre lobo, e Frankenstein, El Vampiro y Compañía (1962), de Benito Alazraki, essas duas produções são na verdade comédias que satirizavam os velhos e surrados clichês do horror. Por isso La Loba é considerado o primeiro filme mexicano efetivamente de terror a explorar o mito da licantropia.

Dirigido pelo polivalente Rafael Baledón, que com uma extensa ficha corrida de mais de noventa títulos, atirou para todos os lados: comédias, melodramas e, claro, o terror, onde há em sua filmografia alguns clássicos do terror mexicano como: El Pantano de las Ánimas (1957), El Hombre y el Monstruo (1959), Orlak, el Infierno de Frankenstein (1960), Museo del Horror (1964).

La Loba (também conhecido pelo subtítulo Los Horrores del Bosque Negro e pelos títulos em inglês She-Wolf ou The Wolf Woman) é estrelado por uma estrela mexicana da época, a bela KItty de Hoyos, considerada uma musa por lá, onde é comparada com Brigitte Bardot e, vejam só, Marilyn Monroe – além de ser a precursora em cenas de nudismo no México! Mas não se assanhem, pois aqui, infelizmente, não aparece nada de mais. Embora aqui tenha a nudez de um humor involuntário, seja por causa da maquiagem precária, seja pelo roteiro para lá de fuleiro.

La Loba (1965) (1)

A trama gira em torno de Clarisa Fernandez (Kitty de Hoyos, obviamente), a bela jovem filha do Professor Fernandez (o calejado, com mais de 180 filmes no currículo, José Elias Moreno, aqui com um bigode que em alguns momentos nos faz lembrar nosso José Sarney) e que mora numa bela mansão de tons góticos. Apesar de rica e bonita ela tem um problema que poderia afastar qualquer pretendente: nas noites de lua cheia a moça se transforma em lobisomem. Bom, poderia, mas como sempre há um maluco, no caso o Dr. Alejandro Bernstein (Joaquín Cordero que trabalhou em mais de 200 filmes!), que está apto a encarar a bronca.

Paralelo a isso a polícia local se vê louca para capturar o monstro que anda fazendo vítimas nas redondezas, devorando seus corações. Os tiras acabam prendendo um misterioso andarilho (Noé Murayama), que com um visual de cigano, perambula pelo bosque local com seu inseparável cão branco. Na cadeia descobrem que esse homem misterioso é na verdade um estrangeiro que perambula mundo afora com a missão de matar lobisomens! Nada mais oportuno.

La Loba (1965) (2)

Embora simples como arroz-com-feijão, o roteiro se da ao luxo de algumas extravagâncias como o Prof. Fernandez, no começo parece um pesquisador sério, que estuda a licantropia, mas possui um laboratório típico de cientista louco. E como se não bastasse, o filme ainda inclui lá pelas tantas mais um lobisomem para complicar as coisas para os reles mortais. Destaco aqui a maquiagem deste licantropo, que aparece aqui com uma cabeleira desgrenhada, mais parecendo um homem das cavernas.

Outro fator importante, aqui se toma uma liberdade quanto à mitologia do lobisomem: no lugar da bala de prata, para se aniquilar a criatura, é preciso esfaqueá-la com uma faca de marfim.

Visto hoje La Loba pode ser encarado como uma charmosa tranqueira. O filme inicia bem com tomadas noturnas e bem climáticas de um cemitério, onde vemos o lobisomem emergir de dentro de um túmulo e de cara mata três pessoas que se aventuram pelo bosque de madrugada. O detalhe é que, além da fantasia ridícula (como levar a sério um licantropo com uma pelugem que parece de cão sarnento, com direito a rabo e tudo mais, e uma longa cabeleira loira?), a criatura em seus ataques dá saltos acrobáticos que nem seus conterrâneos da lucha libre conseguem dar!

La Loba (1965) (3)

O túmulo do parágrafo anterior se explica pelo seguinte: toda vez que a moça vai se transformar, ela é presa em seu quarto onde o serviçal da casa abre uma passagem secreta para a besta seguir um túnel que sai no cemitério, ou seja, toda vez que Clarisa se transforma, fazem com que a fera se afaste das dependências da mansão – sabe aquela velha filosofia “vou me salvar e o resto que se dane?”. Pois é.

A bela Kitty de Hoyos (1941-1999) também é mal aproveitada aqui, utilizada mais como enfeite do que qualquer outra coisa, culpa do roteiro que não se aprofunda na personagem protagonista. Mas justiça seja feita, o roteiro não se aprofunda em nada! Nivelando as situações por baixo. Kitty acaba limitando-se a caras e bocas apenas, e alguns personagens secundários acabam tendo mais destaque do que ela. Para piorar toda vez que ela fica pelada, há um corte e a nudez fica em off-screen.

Outra coisa engraçada neste filme é a participação de uma personagem, uma garotinha surda-muda, que insiste em sair sorrateiramente para a rua nas madrugadas apenas para a criança estar em perigo e ser providencialmente salva no último minuto. Esse artifício, aqui usado de forma um tanto capenga para se criar suspense, me remeteu aos antigos seriados que havia nas antigas sessões de cinema, e que antecediam o filme principal. Tanto que, quando a garotinha estava quase nas garras do lobisomem, se tem a impressão que vai entrar aquele famigerado letreiro: “continua na próxima semana“.

La Loba (1965) (5)

Feito num período de plena efervescência do cinema fantástico mexicano que nos brindou com clássicos como El Vampiro (1957) e sua sequência El ATaúd del Vampiro (1958), ambos de Fernando Mendez, sem falar nos surreais, e inúmeros, filmes de lutadores como El Santo, que enfrentavam toda a sorte de monstros, que começaram no começo dos anos sessenta. La Loba, apesar de todos seus defeitos, ainda pode ser assistido além de sua importância histórica, como clássico precursor da licantropia mexicana, graças ao seu ritmo ágil e seu charme tranqueira.

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1 comentário

  1. Achei o filme no youtube. Vou dar uma olhada.

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