Annabelle
Original:Annabelle
Ano:2014•País:EUA Direção:John R. Leonetti Roteiro:Gary Dauberman Produção:Peter Safran, James Wan Elenco:Ward Horton, Annabelle Wallis, Alfre Woodard, Tony Amendola, Kerry O'Malley, Brian Howe, Eric Ladin, Ivar Brogger, Geoff Wehner, Gabriel Bateman, Shiloh Nelson |
Dizem que uma piada bem contada é aquela que possui mini-piadas no decorrer da narrativa, como se fossem pequenas gags, que permitem que o ouvinte se divirta até o final. Com o horror funciona de forma parecida: uma boa história, considerada assustadora, não é aquela que termina bem, pessimista ou com uma surpresa ou susto final, mas aquela que permite que os arrepios acompanhem o leitor ou interlocutor durante todo o processo, deixando-o sem ar e com uma sensação incômoda de insegurança. E mais interessante e eficiente ainda ocorre quando no relato há pequenos elementos de horror, que, podem parecer discretos, mas que acabam como principal fonte de recordação do que foi apresentado. Um exemplo bem interessante no cinema está no clássico oitentista Poltergeist – O Fenômeno. Embora tenha um enredo macabro, envolvendo assombrações e o desaparecimento de uma criança, muitas pessoas se lembram do filme de Tobe Hooper por uma cena em que o garoto Robbie é atacado por seu boneco de palhaço, que chega a puxá-lo para debaixo da cama como se estivesse possuído ou fosse uma entidade a serviço dos fantasmas. É o mesmo caso de Annabelle, a assustadora boneca com um contexto real e que, para muitos, foi considerada a principal ameaça do terror Invocação do Mal (2013).
O longa de James Wan sobre uma família aterrorizada por estranhos acontecimentos em sua morada, com referências à bruxaria e maldição, ganhou o rótulo de melhor filme de terror de 2013. Uma batida de palmas de uma brincadeira de esconde-esconde (ou pique-esconde), uma silhueta sombria por detrás de uma porta, uma perna puxada…são alguns dos acontecimentos que recheiam o filme de boas cenas assustadoras, porém, como se esquecer da boneca? Além de ser o conto de entrada da produção, ela reservaria um dos momentos mais arrepiantes da trama na própria casa dos especialistas Ed e Lorraine Warren! Bem diferente da original, protegida por uma caixa de vidro no museu dos Warren, Annabelle praticamente pediu por um filme próprio. O público precisava conhecer sua origem e vê-la triunfante num trabalho só seu, pois as pesquisas na internet até apresentavam os fatos mas a imaginação não era suficiente para saciar a curiosidade de todos. Além disso – e principal razão -, o filme Invocação do Mal havia custado $20 milhões e arrecadou ainda em outubro de 2013 um valor considerável de $130 milhões, tornando-o como um dos longas mais bem valorizados da história do cinema de horror!
Assim, em 8 de novembro, a Warner Bros. e a New Line anunciaram o spin-off, baseado no capítulo três do livro The Demonologist: The Extraordinary Career of Ed and Lorraine Warren, de Gerard Brittle. James Wan seria apenas o produtor, ao lado de Peter Safran, enquanto John R. Leonetti (de Efeito Borboleta 2, 2006) assumiria as rédeas a partir de um roteiro de Gary Dauberman, cujo passado cinematográfico inclui três trashes: Aranhas Assassinas (2007), Bloodmonkey (2007) e Swamp Devil (2008) – algo que me faz pensar nos motivos dessa escolha tão estranha! As filmagens começaram em 15 de janeiro, na The Book Shop, de Covina, e continuaram num apartamento na Normandie Avenue em Los Angeles. E, como toda produção do gênero que quer nascer clássica, alguns incidentes estranhos foram relatados pelo diretor e o produtor Peter Safran, como uma adição de tempero na curiosidade do público.
“O primeiro aconteceu quando estávamos preparando o local“, conta Leonetti. “Nós estávamos no apartamento onde fizemos as filmagens, onde tem a janela transitória da sala. Era lua cheia, e havia a marca de três dedos na poeira da janela. Nosso demônio possui três dedos e três garras. A luz da lua iluminou a marca. Eu tenho a foto.” Já Safran disse ao The Hollywood Reporter que durante uma cena com a aparição do demônio num corredor, a iluminaria caiu sobre a cabeça do zelador, sendo que no roteiro o demônio o assassinava nesse mesmo local. Tais acontecimentos também serviram para instigar o espectador, tanto que o longa estreou em diversos lugares no dia 3 de outubro e só no final de semana de estreia já conseguiu mais de $60 milhões no box office! Apesar da boa arrecadação inicial, as críticas variaram entre positivas e negativas, tendo como comparação o longa original.
Mas, afinal, Annabelle merece toda essa atenção? Será que o filme é tão bom quanto Invocação do Mal? Terá os mesmos méritos alcançados pelo trabalho de James Wan, como um dos melhores exemplares de 2014? Na verdade, não. Há boas cenas de sustos, patrocinadas pelo aumento do som incidental, e uma história cativante, porém o enredo é raso, com elementos comuns ao estilo, e há poucas surpresas para os mais experientes no gênero. Vale pelos saltos na cadeira e, principalmente, pelas referências ao clássico absoluto O Bebê de Rosemary, como pode ser lido ao término desta análise. Contudo, a boneca está lá, com sua aparência perturbadora em seu estado degradante. Para muitos, isso já basta!
A cena inicial é a mesma de Invocação do Mal. Os olhos da boneca surgem imensos na tela, e há o relato de duas jovens enfermeiras e um rapaz para Ed e Lorraine Warren sobre as esquisitices registradas pela presença do brinquedo em seu apartamento. Um ano antes, em 1967, o casal apaixonado John (Ward Horton, de O Lobo de Wall Street) e Mia Gordon (curiosamente a atriz se chama Annabelle Wallis, vista anteriormente em X-Men: Primeira Classe) estão grávidos pela primeira vez. Como prova de carinho, John presenteia a mulher com uma boneca de porcelana para completar sua coleção e enfeitar o quarto da bebê. Na TV, notícias sobre Charles Manson e seus fiéis são comuns no período, e já preparam o espectador para os próximos acontecimentos.
Certa noite, gritos são ouvidos na vizinhança. Ao investigar os fatos na casa dos Higgins, John pede que a esposa telefone para a polícia, pois há sangue e corpos no local. Enquanto disca os números 911, uma garota, com um vestido branco, é vista, cruzando o quarto da filha, em direção à boneca. Mia e John são atacados por um casal de fanáticos religiosos, sendo que a esposa acaba tendo um ferimento grave na barriga. A assassina é morta pela polícia, mas gotas de sangue escorrem para os olhos da boneca, como se transferisse a maldição para o brinquedo – se Charles Lee Ray soubesse que era tão fácil, sem a necessidade de rituais de possessão, talvez Chucky fosse mais bem sucedido em suas ações em tantos filmes!
Os noticiários informam que os invasores são Annabelle Higgins e seu namorado, e que ambos faziam parte de um culto satânico chamado The Disciples of the Ram (ou Os Discípulos do Carneiro). Annabelle assassinou seus pais e pretendia iniciar uma onda de crimes tal qual os discípulos de Charles Manson. O restante da gravidez de Mia foi bastante conturbado, exigindo que Mia pouco saísse de sua cama. Como a boneca estava nas mãos da assassina no episódio trágico, John decide jogá-la fora. Tudo parece bem até que um incidente na moradia, envolvendo incêndio e as pernas da grávida puxadas como em Invocação do Mal, acelera o nascimento da bebê, e o casal decide mudar de endereço para iniciar uma vida nova.
Seis meses se passam sem mais fatos estranhos. No novo apartamento, ao desempacotar os itens de mudança, eles reencontram a boneca. Mia decide ficar com ela para mostrar que o passado não poderá mais assombrá-la. Ledo engano. O pesadelo recomeça, de forma mais intensa. Novos personagens são apresentados para ajudá-la a tentar entender o que anda acontecendo: a dona de uma livraria, Evelyn (Alfre Woodard, de 12 Anos de Escravidão), que parece saber o que o demônio busca na família; o padre Perez (Tony Amendola, de A Lenda do Zorro), que não se convence facilmente das maldades da boneca; e o detetive Clarkin (Eric Ladin, da série The Killing), alguém que conhece o passado do casal de assassinos e pode trazer elementos para ajudar Mia a entender o culto.
Engana-se quem imagina que Annabelle é um novo Chucky! A boneca não correrá atrás de ninguém, e nem falará nada – fatos que poderiam conduzir o filme para o lado B. Ela simplesmente está ali, como uma porta de entrada para algo maior e mais assustador. Isso é o que há de melhor no filme de Leonetti: o infernauta sentirá a presença maléfica de Annabelle em todo o longa, mas os sustos virão de outros lugares. Seja de um carrinho de bebê na escuridão de um porão, seja na aparição de uma menina estranha ou no próprio demônio, escondido nas sombras do ambiente. Também ajuda numa avaliação positiva a ambientação no final da década de 60, sem o auxílio de celulares para facilitar a busca por ajuda ou a internet para obter informações sobre fatos do passado.
Entretanto, se o enredo é suficientemente interessante para agradar o público, fica evidente sua simplicidade. A possessão da boneca remete a inúmeras outras produções, sem apresentar algo diferente de filmes da série Amityville – quando objetos da casa serviam para trazer assombrações para outras moradas – e até mesmo da antiga série Sexta-Feira 13 – O Legado. Se você substituísse a boneca por qualquer outro item como um livro demoníaco, um abajur sinistro, um espelho ou uma pintura o resultado poderia ser bem similar. É claro que a boneca, por si só, já traz calafrios como todas aquelas bonecas de porcelana do passado, mas é apenas um elemento macabro no contexto de uma família aterrorizada por forças desconhecidas.
Há algumas cenas que valem menção por seu conteúdo sinistro. Uma delas está numa visita que os Gordon recebem, quando o público já sabe que aquela pessoa não poderia estar ali. Também se destacam o episódio no porão, com as tentativas frustradas de fuga de Mia, e os desenhos das crianças do prédio, com previsões assustadoras para a protagonista. A bela atriz está bem no papel, tanto que o público realmente passa a se importar com o seu destino. Já Alfre Woodard segue o estereótipo da mulher aterrorizada por um passado trágico e que enxerga em Mia a possibilidade de se aproximar da filha.
Apesar da conclusão do longa dialogar com Invocação do Mal, é bem provável que os bons índices de arrecadação nas bilheterias possam levar Annabelle a aparecer em outros momentos. Se não na continuação do filme de James Wan, com lançamento previsto para 2015, pode ser que a boneca ainda tenha histórias inéditas para assombrar o público; ou talvez Invocação do Mal 2 traga outros pequenos elementos de horror que possam justificar novos sustos. Nossos medos agradecem!
Revisitando O Bebê de Rosemary
Um dos clássicos absolutos de horror da década de 60, O Bebê de Rosemary traz a história de um casal que se muda para um apartamento, com estranhos vizinhos. Depois de um “pesadelo” envolvendo um culto demoníaco e o estupro por uma entidade maligna, Rosemary fica grávida e passa a questionar a natureza do bebê e sua própria sanidade. Dirigido por Roman Polanski, a partir de uma obra de Ira Levin, o filme é protagonizado por Mia Farrow e John Cassavetes – reparou nos nomes da dupla?
Além dessa referência, o público pode encontrar semelhanças em Annabelle com outros detalhes mais mórbidos. No filme, as notícias sobre a seita de Charles Manson fazem o público se lembrar das atrocidades de seus seguidores incluindo o assassinato da atriz Sharon Tate, em agosto de 69, enquanto estava grávida. Ela e um grupo de amigos estavam numa casa que fora invadida pelos fanáticos, culminando em atos de violência e tortura. Em Annabelle, Mia, grávida, tem a casa invadida por um casal de seguidores de um culto satânico e, assim como Sharon, ela também recebe uma facada na barriga.
A mãe de Annabelle Higgins, a garota do culto satânico que invadiu a casa de Mia, é Sharon. É possível encontrar referências também na presença do sinistro carrinho de bebê e no cartaz do clássico. Curiosidades que mostram um certo carinho dos roteiristas pela obra-prima de Polanski.
A Verdadeira Annabelle
É interessante quando uma produção é rica de subplots, com histórias que se cruzam entre a trama central. Em Invocação do Mal, além do terror experimentado pela família Perron, há o relato de Maurice, um homem que foi possuído e tentou matar a esposa, suicidando-se em seguida. Sangue nos olhos e uma cruz de ponta-cabeça em seu corpo são alguns dos fenômenos notados na época, em relato de Ed e Lorraine. No entanto, o destaque é, sem dúvida, a boneca Annabelle, com seu olhar arregalado e sinais de possessão na maquiagem. É claro que há muita liberdade criativa, principalmente no visual do brinquedo, lembrando aqueles exemplares do filme Gritos Mortais, do próprio James Wan.
A original é de pano e com aparência simpática, bem humorada. Ela faz parte do museu de Ed e Lorraine, The Warren’s Occult Museum, presa numa caixa de madeira para evitar contatos. Uma enfermeira chamada Donna recebeu a boneca de sua mãe como presente de aniversário. Com sua companheira Angie, logo ela começou a perceber que Ann aparecia em lugares diferentes em seu apartamento. Além disso, passaram a encontrar bilhetes com mensagens em letras escritas como se fossem de uma criança. A situação piorou quando o amigo Lou resolveu passar um tempo com elas e disse ter sido estrangulado pela boneca durante a noite. Também acusou Annabelle de ser responsável por marcas de arranhões em seu peito, quando ele foi investigar um barulho estranho no quarto de Donna.
Com a ajuda de um médium, o trio ficou sabendo que a boneca estava sendo possuída pelo fantasma da menina Annabelle, que residiu na propriedade antes que o apartamento fosse construído. Ela tinha sete anos quando foi encontrada morta no local. Ed e Lorraine foram ao apartamento depois que descobriram por um padre que fora chamado para limpar o espaço. Por recomendação dos Warrens, um exorcismo foi realizado na morada, e, como Donna pediu, a boneca acabou ficando com os investigadores.
Voltando após assistir o segundo…..no comparativo este aqui é uma obra prima!
Bem pior que A Invocação do Mal.. Annabelle é um filme “simples”.. ainda não vi o 2, espero que seja melhor
Filme tenso e perturbador ! Merece ser visto pelos fãs do terror !
Me decepcionou!!!O antecessor invocação do mal foi bem melhor!!!1
Com todo respeito com quem gostou, mas eu achei esse filme uma grande porcaria, filme simples e supervalorizado.Protagonistas ruins, história chata e uma produção com cara de ”Direto para DVD”.Com certeza um dos piores filmes de terror do ano.
Um dos maiores furos do filme: que alguém iria comprar aquela boneca para dar de presente!
Eu achei invocação do mal o filme mais superestimado de 2013, ele é só um filme comum com um ótimo elenco, a história é mais batida do que clara de neve.Esse eu ainda vou conferir mas parece ser bem pior.
Eu realmente ADOREI o filme. Ele fez o que muita gente esperava: deu MEDO e nos levou para um novo DEGRAU.
Realmente, o fato da boneca está ali, mas, não fazer absolutamente nada, é a pior parte, pois, qualquer um iria ficar com a imaginação BORBULHANDO ao ter uma boneca daquela por perto. É uma boa surpresa em 2014. Realmente, uma das melhores…
Poderia ser bem melhor, mas tem boas cenas. A sequência no elevador é excelente! Pra mim o ponto fraco é a atriz principal, muito ruim! A mulher é tão inexpressiva e apática que já estava me incomodando logo na primeira parte do filme. Será que não tinha uma atriz melhorzinha disponível? Filme de terror não funciona só com sustos, faz toda a diferença ter uma Vera Farmiga ou uma Mia Farrow num filme desse tipo!
Ah, então é mais um daqueles filmes com sustos fáceis no meio de uma trilha que aumenta o tom em momentos de tensão? Não curto esse tipo de terror (pelos sustos em si). Mas fiquei curioso.
Bela de uma bosta ,consegue ser mais fraco do que invocaçao do mal. E o filme mais bosta que ja vi e pior do que forrest gump e pior do que o proprio titanic !
Você esta comparando um filme de terror com Forrest Gump, e Titanic??? Serio isso? sou fã do gênero horror/fantastico, mas sei reconhecer que Forrest Gump foi e é uma das maiores produções do cinema ate hoje. Annabelle e inferior ao Invocação do Mal sim, mas comparado as produções do ano de 2014 como “O Herdeiro do Diabo,Frankenstein: Entre Anjos e Demônios, Noite dos mortos vivos: A origem” o filme se saiu muito bem.
Sem esquecer – o que une as duas referências feitas no filme de Wan – de que Sharon Tate era casada com o próprio Roman Polanski, o que, enfim, pode soar como uma homenagem meio perversa à obra do diretor de bebê de rosemary. Mas, life goes on… Ótima crítica! Em termos de forma fílmica, como ignorar aquela cena [SPOILER] belíssima do início de Annabelle em que presenciamos o assassinato dos vizinhos da perspectiva do quarto de Mia e John [fim de SPOILER], remeteu-me na hora a Janela Indiscreta. Grande ideia!
Estava ansiosa para ver o filme e não fiquei decepcionada de forma alguma, invocação do mal, foi muito melhor, mas esse também tem cenas arrepiantes. Aos que não se animam ao assisti lo com medo que se seja um segundo brinquedo assassino, eu digo, a boneca é só um objeto inanimado que causa medo, pelo simples fato de estar lá, mas o que aterroriza é o que acontece ao redor dela. Não vou falar mais, pois vou acabar dando spoiler, mas aos fãs desse gênero, super recomendo!!!!
Eu achei um belo de uma bosta fumegante…infelizmente mais um filme supervalorizado que vai virar franquia.
Só uma correção Marcelo: Annabelle se suicida cortando o pescoço; quem é morto pelos policiais é o seu namorado (com um tiro na cabeça).
Achei o filme muito bom; não é excelente como Invocação… mas possui cenas bem tensas. Pulei da cadeira em diversos momentos e muitos gritos foram emitidos na sala q eu estava. Pra mim só o final q poderia ser melhor; foi tenso, mas tão rápido como em Invocação do Mal. Poderiam prolongar e atenuar o nível de terror nas duas produções. Contudo eu recomendo!
Ainda estou pensando se vou assistir. Filmes com bonecos só o Chucky, rs. Mas vale a pena pela menção à Invocação do Mal e pelos sustinhos típicos desse estilo.