Hellraiser 4: A Herança Maldita
Original:Hellraiser: Bloodline
Ano:1996•País:EUA Direção:Kevin Yagher Roteiro:Peter Atkins Produção:Nancy Rae Stone Elenco:Bruce Ramsay, Valentina Vargas, Doug Bradley, Charlotte Chatton, Adam Scott, Kim Myers, Courtland Mead, Louis Mustillo, Pat Skipper, Christine Harnos |
O passado, presente e futuro se encontrarão todos nas encruzilhadas do inferno
O quarto filme da série Hellraiser, lançado em 1996 com o subtítulo A Herança Maldita (Bloodline), tem uma tagline promocional (reproduzida acima) muito bem escolhida, dizendo em poucas palavras a síntese da história desse episódio da franquia. Pois ao mostrar eventos ocorridos tanto no passado, na França do século 18, explicando a origem da caixa mágica que permite a abertura dos portões do inferno, passando pelo período presente da produção, em meados dos anos 90 em New York, e chegando até o futuro no século 22, numa estação espacial, podemos concluir que todas as épocas se encontram nos cruzamentos do inferno, com a exaustiva tentativa da família do fabricante de brinquedos que construiu a caixa e seus descendentes, ao longo dos séculos, de destruírem os cenobitas livrando a humanidade de sua ameaça, e fechando definitivamente as portas que permitem sua entrada em nosso mundo.
A história se inicia no ano 2127 na Base Espacial Minos, onde um cientista, Dr. Paul Merchant (o canadense Bruce Ramsay), sequestra uma nave que ele mesmo havia projetado e é surpreendido por uma equipe de segurança no momento em que está invocando o surgimento do demônio Pinhead (o inglês Doug Bradley, presença marcante em oito filmes da série), o líder dos cenobitas, as criaturas do inferno que celebram a dor e o sofrimento eternos. O grupo de agentes é formado por cinco policiais, Edwards (Paul Perri), Carducci (Pat Skipper), a bela Rimmer, a única mulher da equipe (Christine Harnos), Parker (Wren T. Brown) e Chamberlain (Tom Dugan). O cientista é preso e ao ser interrogado por Rimmer, ele conta a história de sua família e a herança maldita que é passada por gerações através da missão de impedir o domínio dos cenobitas entre os homens.
Voltando no tempo para o século 18, na França, seu ancestral Phillip L’Merchant (também Bruce Ramsay) é um habilidoso fabricante de brinquedos que vive com sua esposa grávida Genevieve (Charlotte Chatton). A pedido de um misterioso ocultista obcecado por magia negra, Duc de L’Isle (Mickey Cottrell), ele fabrica uma complexa caixa que num ritual se transforma na Configuração dos Lamentos, um cubo com várias combinações de movimentos que permite a abertura dos portais do inferno e o acesso de demônios ao nosso mundo. O assistente do mágico, Jacques (Adam Scott), requisita os serviços de uma prostituta (a chilena Valentina Vargas), que passa a servir de hospedeira para a possessão de um demônio, recebendo o nome de Angelique.
A ação vai então para o ano de 1996, época presente da produção do filme, onde um famoso arquiteto, John Merchant (novamente Bruce Ramsay), vive com sua esposa Bobbi (Kim Myers) e o filho pequeno Jack (Courtland Mead) nos Estados Unidos, na cidade de New York. Porém, sua vida torna-se um pesadelo quando aparece Angelique em seu caminho com o objetivo de destruí-lo para evitar que construa uma caixa que possa eliminar o efeito da Configuração dos Lamentos, através do projeto complexo de um sistema que permitiria a formação de luz perpétua, seguindo os instintos ancestrais de sua família, que acidentalmente permitiu o surgimento dos cenobitas.
Retornando para o futuro na estação espacial, o cientista Dr. Paul Merchant tenta convencer a policial Rimmer do perigo mortal que estão todos enfrentando com a materialização de Pinhead, juntamente com outros cenobitas como Angelique (com a cabeça aberta e a pele repuxada e fixada por ganchos nos ombros) e dois irmãos gêmeos unidos grotescamente pela cabeça e que tem o poder de se separarem quando quiserem, além de uma fera similar a um cachorro, conhecida como Chatter Beast, por causa do incessante e perturbador bater dos dentes.
Hellraiser – A Herança Maldita mantém a característica da série e apresenta uma significativa dose de violência e sangue, não faltando os tradicionais ganchos e correntes que rasgam a frágil carne humana, cenas caprichadas de decapitações e vísceras expostas, transformações bizarras de cenobitas (como na unificação sangrenta de dois irmãos gêmeos que eram guardas de segurança num prédio), além da presença de um cachorro mutante e a participação sempre imponente, ameaçadora e indispensável de Pinhead, com seus discursos sobre a essência da dor (como no exemplo reproduzido no final desse texto).
A direção é na verdade de Kevin Yagher, mais conhecido como técnico em efeitos especiais, e que por discordar de vários cortes no filme impostos pelos produtores, decidiu em protesto não colocar seu nome nos créditos, adotando o famoso pseudônimo Alan Smithee, que sempre é utilizados pelos diretores quando não concordam com a interferência externa significativa na condução de seus filmes. Aliás, o cineasta Joe Chappelle rodou algumas cenas também e não foi creditado, aparecendo seu nome apenas no final dos créditos como um colaborador recebendo um agradecimento. O roteiro é de Peter Atkins, que também escreveu as histórias das partes 2 e 3 da série Hellraiser, além de criar a franquia O Mestre dos Desejos (Wishmaster, 97), que teve ainda mais três sequências.
Curiosamente, a exemplo do que também aconteceu no filme anterior, Hellraiser III – Inferno na Terra (92), quando a ação é ambientada na época presente na cidade de New York, aparece uma tomada noturna muito rápida onde podemos ver ao fundo as imponentes torres gêmeas do World Trade Center, as quais não existem mais por causa dos terríveis atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001, que culminou com suas quedas e consequentemente a trágica morte de milhares de pessoas.
A quarta parte da saga infernal dos cenobitas, Hellraiser – A Herança Maldita, foi lançada no Brasil em dezembro de 2004 no formato DVD pela NBO Editora, com distribuição nas lojas dos supermercados Extra, com um preço popular de R$ 9,90. Porém, para encontrar o filme era necessário um enorme esforço na procura, já que normalmente estava perdido no meio de um monte de outras tranqueiras espalhadas (eu mesmo perdi cerca de longos trinta minutos para encontrar a minha cópia). Como material extra temos apenas uma breve sinopse e uma biografia simples do ator Doug Bradley.
O que vocês chamam de dor é apenas um vestígio. A dor tem uma face. Permitem-me mostrá-la a vocês, cavalheiros… Eu sou a dor! – Pinhead
Gosto desse filme. Adoraria conhecer a versão do diretor Kevin Yagher, porém, esta versão ainda é perfeitamente assistível. Pra uma quarta parte de uma franquia de horror, ainda está fazendo algo bem acima da média, como por exemplo, fechando o arco de uma mitologia criada pelo primeiro filme. Acho sensacional a história da caixa e da dualidade entre Angelique e Pinhead. Não é um filme do espaço como defenestram por aí. É uma narrativa ambiciosa dividida em 3 tempos e o enredo é claro: só no futuro o Merchant enfim, consegue a tecnologia que precisa para criação da sua caixa de luz perpétua.
Acredito que logo teremos a “versão do diretor” deste filme. Já incluíram uma versão alternativa em um box recente. O diretor confirmou que ele possui a versão dele, de aproximadamente 111 minutos. Óbvio que não será a versão fiel do roteiro idealizado por Peter Atkins, devido a interferência do estúdio, mas, com certeza, pelo que existe de cenas vazadas, parece bem melhor que a versão final que foi lançada. Como fã da série, eu adoraria ver isso e em alta definição.
Excelente sequência da série Hellraiser. Hellraiser 4 a herança maldita, tem violência, sangue e efeitos especiais de otma qualidade. Recomendo este filme para todos os fãs da série.
Eu gosto apenas dos dois primeiros filmes.
As sequências na nave espacial lembram Alien o 8º Passageiro. De qualquer forma, um bom filme e Pinhead está imponente e “filósofo”.
Eu acho que Hellraiser poderia ter encerrado aí, já que no final dá a entender o fim do Pinhead. Ou nas sequências usarem cenobitas diferentes, já que existem mais poderosos que o próprio Pinhead.
Olha, eu poderia dizer que esse é o “Jason X” de Hellraiser. Mas esse filme tem uns lances maneiros, quando não está se passando no futuro é bem massa. Mas o lance da estação espacial acho que não se encaixou legal, ficou estranho.
Não o considero um filme ruim, mas ele poderia ter sido muito melhor.
Acho que eles tinham que ter explorado a “corporação” que se fundou ao final do III.
Somente fujam da versão dublada.
Na última sequência da série com participação de Barker, temos o aprofundamento da história da caixa, chave-mestra do universo Hellraiser. Esse filme amarra os 3 primeiros e encerra um ciclo na série: orçamentos maiores a cada filme, exibição nos cinemas e o atestado de qualidade da grife Barker. Com uma narrativa em 3 tempos, desde a criação até a destruição da caixa, Hellraiser 4 é, possivelmente, o mais bem-produzido da série, trazendo cenas memoráveis. Pelas últimas declarações de Barker, a ideia é que o retorno da série não seja um remake e sim, um reboot, uma retomada da série com os elementos característicos dos 4 primeiros e principais filmes da franquia. Tomara que se concretize. Os fãs merecem, depois de tantas sequências dispensáveis. Nota 8!