Roubando Vidas
Original:Taking Lives
Ano:2004•País:EUA, Austrália Direção:D.J. Caruso Roteiro:Michael Pye, Jon Bokenkamp Produção:Mark Canton, Bernie Goldmann Elenco:Angelina Jolie, Ethan Hawke, Kiefer Sutherland, Gena Rowlands, Olivier Martinez, Tchéky Karyo, Jean-Hugues Anglade, Paul Dano, Justin Chatwin, André Lacoste, Billy Two Rivers |
Ele mataria para ser você
Existem dois tipos básicos de argumentos que têm sido muito explorados pelo cinema de horror nos últimos tempos: os chamados thrillers psicológicos com histórias de fantasmas, como Garganta do Diabo (Cold Creek Manor), e os filmes de suspense policial abordando as ações planejadas e ritualísticas de psicopatas assassinos, como é o caso de Roubando Vidas (Taking Lives), que entrou em cartaz em 09/04/04. Ambos são temas atraentes para os aficionados do gênero, pois tanto os contos de fantasmas e assombrações quanto as histórias com serial killers, mesmo utilizando os velhos e conhecidos clichês característicos desses tipos de filmes, sempre acabam despertando algum interesse para quem procura diversão no cinema.
Em Roubando Vidas, uma agente de sucesso do FBI, especializada em análise de perfil criminal, Illeana Scott (a bela Angelina Jolie, de O Colecionador de Ossos, outro filme do mesmo estilo), possui uma habilidade especial para descobrir a identidade dos assassinos, utilizando métodos não convencionais privilegiando seus instintos de intuição. Ela é convocada por seu amigo detetive Hugo Leclair (o turco Tchéky Karyo, de Núcleo – Missão ao Centro da Terra), para auxiliar a polícia franco canadense de Montreal na captura de um famoso serial killer que vem atuando há 19 anos, e que tem a característica de assumir as vidas e identidades de suas vítimas (daí o título de Roubando Vidas). Porém, uma série de dificuldades colocam à prova suas habilidades criando-lhe um grande desafio na solução do caso, como entre outras coisas, atuar numa cidade estranha, ser mal recepcionada por um ciumento policial local, Joseph Paquette (o francês Olivier Martinez, de S.W.A.T.), e permitir a fraqueza de se envolver emocionalmente com uma importante testemunha de um dos crimes, o negociante de obras de arte James Costa (Ethan Hawke, de Dia de Treinamento), cuja atitude poderia prejudicar seu discernimento no trabalho de investigação.
. Apesar de inevitavelmente lembrarmos de uma série de outros filmes similares, Roubando Vidas consegue se sustentar como um bom filme de suspense policial que tem as famosas e esperadas cenas de sustos (uma delas em especial é muito bem elaborada), perseguição de carros, tiroteios, correrias, reviravoltas na trama com revelações importantes conforme a história vai se desenvolvendo, e um final carregado de tensão. Ao contrário da maioria dos outros filmes do estilo, não há muita violência e mortes sangrentas, com o roteiro de Jon Bokenkamp (inspirado num livro homônimo de Michael Pye), preferindo privilegiar a condução das investigações, o clima de suspense e o relacionamento entre os personagens.
Um dos maiores méritos que Roubando Vidas tem ao seu favor é o expressivo elenco liderado pela bela Angelina Jolie (vista anteriormente nos dois filmes da fraca série Tomb Raider), que até aparece semi nua numa cena rápida, tendo ao seu lado o talentoso Ethan Hawke (da FC Gattaca – A Experiência Genética) e principalmente Kiefer Sutherland (da série televisiva 24 Horas e de filmes como Por Um Fio). Ele é um dos grandes astros de sua geração e que tem um incrível carisma quando está em cena, mesmo em poucos minutos como em Roubando Vidas, onde faz o papel de um homem misterioso chamado Hart. O elenco ainda conta também com a experiência da atriz veterana Gena Rowlands como a Sra. Rebecca Asher, e com o francês Jean Hughes-Anglade, interpretando o investigador Emil Duval, companheiro de Paquette na polícia de Montreal e bem mais acessível na recepção à bela agente Scott.
Um dos principais destaques em Roubando Vidas foi uma incrível cena de atropelamento, numa violência chocante que consegue transmitir com bastante autenticidade a agressividade do choque de um carro em alta velocidade contra uma frágil pessoa. Aliás, o cinema tem explorado muito bem esse tipo de acidente, com várias cenas de atropelamento memoráveis e perturbadoras como as mostradas em O Encontro Marcado (98), Premonição (2000) e Identidade (2003).
Como curiosidades, Roubando Vidas foi filmado em locações nas cidades canadenses de Montreal e Quebec, e tanto a equipe técnica de produção quanto o elenco receberam uma importante ajuda das autoridades policiais locais além de consultoria com profissionais especialistas em perfil criminal, para fortalecer a tentativa de transmitir autenticidade na história. Essas cidades foram escolhidas por predominar o idioma francês entre seus habitantes e por apresentarem um visual mais europeu, um fator importante pretendido pelo diretor D. J. Caruso para evidenciar ainda mais as dificuldades da agente americana Scott em desempenhar seu trabalho de investigação, já que ela se sentia como uma estranha e solitária numa cidade diferente. Aliás, essa personagem não existe no livro de Michael Pye, e foi acrescentada pelo roteirista justamente para mostrar a perspectiva de alguém que perseguia o assassino, alguém inteligente e extremamente dedicado ao trabalho, intensificando a carga dramática entre eles, numa característica muito explorada nos filmes do estilo, enfatizando o stress emocional entre o perseguidor e o perseguido.
O filme entrou em cartaz no Brasil em 09 de Abril de 2004, menos de um mês depois de sua estreia nos Estados Unidos em 19/03. Existem filmes que chegam rapidamente ao nosso país e tem outros que demoram uma eternidade. Assim como a escolha do nome nacional é um outro detalhe que merece uma observação, pois existem filmes que recebem ótimos nomes em nossos cinemas, como por exemplo esse próprio Roubando Vidas, que corretamente é a tradução literal do original. Entretanto, há outros que são chamados com nomes completamente absurdos e ridículos, bem diferentes dos originais e muitas vezes até incoerentes com as próprias histórias.
A indústria do cinema tem produzido muitos filmes envolvendo as ações violentas de assassinos seriais onde rapidamente podemos lembrar de vários exemplos estrelados por atores populares como O Silêncio dos Inocentes (91, com Anthony Hopkins e Jodie Foster), Seven – Os Sete Crimes Capitais (95, com Morgan Freeman e Brad Pitt), O Principal Suspeito (98, com Nick Nolte), Ressurreição – Retalhos de Um Crime (99, com Christopher Lambert), O Colecionador de Ossos (99, com Denzel Washington), O Observador (2000, com Keanu Reeves), Psicopata Americano (2000, com Christian Bale), Rios Vermelhos (França, 2000, com Jean Reno), Insônia (2002, com Al Pacino e Robin Williams), entre outros.
Poderia ser um filme melhor. Até tinha um enredo interessante, mas a reviravolta me parecia óbvia desde o começo. Tudo bem que o envolvimento da agente Scott pode fazê-la parecer mais “real” em vez de uma máquina insensível, mas uma profissional “infalível” de repente se comportando como uma adolescente foi difícil de engolir. Sem contar os minutos finais do filme, totalmente insustentável o que querem que se acredite que tenham mantido por todo aquele tempo sem nunca transparecer e que ainda deu certo. Poderia ter sido um bom suspense…
Muito bom, não canso de assistir.