Mangler, O Grito de Terror (1995)

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Mangler, o Grito de Terror
Original:The Mangler
Ano:1995•País:EUA, Uk, África do Sul, Austrália
Direção:Tobe Hooper
Roteiro:Tobe Hooper, Stephen King, Stephen David Brooks, Harry Alan Towers
Produção:Anant Singh
Elenco:Robert Englund, Ted Levine, Daniel Matmor, Jeremy Crutchley, Vanessa Pike, Demetre Phillips, Lisa Morris, Vera Blacker, Todd Jensen, Sean Taylor

Existem pessoas que não se abatem por nada. Até mesmo os mais terríveis obstáculos são encarados como novos e maravilhosos desafios. Hoje conheceremos a história de Tobe Hooper. Tobe Hooper, 34 anos de idade, torna-se aclamado diretor de um dos ícones do cinema de terror no auge de seu sucesso e de sua forma física.

Mas a vida é uma caixinha de surpresas e numa bela manhã de sol, Tobe Hooper passou a fazer uma tranqueira de filme atrás do outro, sendo um dos responsáveis pela falência da Cannon Group, e seu trabalho caiu em descrédito. Qualquer um de nós ficaria chateado, desmotivado, sem vontade de cantar uma bela canção, mas, não, este homem! Não, Tobe Hooper!

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Resolveu que iria adaptar uma história de Stephen King, pensando que todos os fãs de terror gostam de King e seu nome poderia ser alçado ao patamar que fora elevado anteriormente… Mas a vida, a vida é uma caixinha de surpresas…

Tobe Hooper decidiu assumir a bronca ao trazer para as telas o conto Mangler, de Stephen King, assinando o roteiro e ficando responsável pela direção, só que o resultado não poderia ser mais desastroso: um filme fraco, carente de interpretação, sem o menor sentido de existir. Mangler – O Grito de Terror foi lançado no ano de 1995, apedrejado com as piores criticas possíveis.Logo saberemos porque que eles tinham razão ao fazer isto.

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O filme começa com uma magnânima apresentação da lavanderia Blue Ribbon e sua principal máquina, uma secadora (ou seja lá como se chama) gigantesca carinhosamente apelidada de Mangler, ou a mutiladora. Pronto, você acabou de ver a melhor parte do filme, ainda há tempo de rebobinar e devolver para sua própria saúde, mas se você continuar vai ver a mocinha Sherry Ouelette (Vanessa Pike, que sumiu depois do mico) cortar a mão e sangrar aos borbotões na frente da máquina, além disto ocorre um curto-circuito, quando alguns empregados derrubam uma geladeira que seria levada para outro lugar. Sangue + curto-circuito + um monte de explicações estúpidas = uma máquina que come gente.

Enfim, o dono da lavanderia é o afetado Bill Gartley (Robert Englund), que anda com certa dificuldade utilizando duas muletas. Bill é o patrão “son-of-a-bitch” padrão do cinema: ignora o acidente de Sherry e bota todo mundo pra trabalhar novamente.

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Até que a tal geladeira (porque não se parece com uma) será entregue em algum lugar a esmo – que não faz a menor diferença no roteiro -, mas os entregadores quase causam um acidente envolvendo o estressado detetive John Hunton (Ted Levine, O Silêncio dos Inocentes e Viagem Maldita), que tem uma personalidade amarga devido a um manjado trauma envolvendo a morte de sua esposa…bem, isto não é realmente importante agora, mas o detetive John é destacado para investigar morte de uma funcionária da lavanderia que foi engolida pela Mangler. Aparentemente, trata-se de um acidente, mas os sucessivos que continuam a ocorrer sem explicação fazem com que Hunton comece a investigar mais a fundo as origens da máquina e seu misterioso dono.

Para ajudar o detetive, seu amigo e ex-cunhado, que calha de ser um interessado em ocultismo, Mark Jackson (Daniel Matmor, de Noites de Terror, também de Hooper) aparece com algumas histórias sobre possessão demoníaca que obviamente ninguém acredita, mas Hunton passará a acreditar a medida que mais pessoas serão mortas pela máquina.

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O roteiro então joga diversas possibilidades diferentes para a “ressurreição” da máquina a cada cinco minutos e depois junta todas elas confundindo o espectador: primeiro, o sangue de Sherry, que seria virgem, depois o pacto de Gartley com um demônio dentro da máquina, o fotógrafo sinistro da polícia que sabe mais do que aparenta, em seguida acontece da geladeira também ser assassina. Então onde entra o curto-circuito no começo do filme para não citar outras perguntas? Ficou confuso? Eu também… Então eu nem vou comentar o climax no final que só não é mais decepcionante porque já passamos por sofrimento suficiente no decorrer do filme.

Dá até para imaginar a cara dos produtores quando pensaram no marketing: “Baseado na obra do mestre do terror, do diretor de O Massacre da Serra Elétrica e com Freddy Krueger no elenco, não tem como falhar…“, só que o que vemos é muita estrela pra pouca constelação.

Os erros começam desde a concepção do filme, pois é fato que Mangler, o conto, não é uma das mais intrigantes histórias de Stephen King, mas funciona muito bem no papel, o que na prática necessitaria de mãos bastante habilidosas para que o resultado na tela seja satisfatório, mas a adaptação de Hooper foi medíocre (ou talvez pior). As situações são tão surreais quanto a própria premissa de uma máquina de passar possuída pelo demônio, causando descrédito no aglomerado de exageros que o filme aborda, além de tentar explicar o inexplicável, o que soa muito pretensioso.

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Apesar de conseguir efeitos bem sangrentos e uma ou outra cena bem dirigida, aparentemente Hooper se destaca apenas como diretor de cenas violentas, falhando terrivelmente quando dirige os atores que poderiam dar uma boa valorizada na história. Como não reconhecer que Ted Levine não consegue fazer uma expressão diferente de alguém de que está com dor de barriga? E a mocinha Sherry, que faz a mesma cara de assustada, inclusive quando não precisa? Até o talento de Robert Englund, que de longe é o melhor do filme, é desperdiçado com diálogos toscos e esticando como pode, para compensar a falta de um roteiro eficiente.

Não sei como, e me cansa procurar entender, porque Mangler conseguiu virar uma franquia (talvez a mesma maldição que carrega Colheita Maldita) e depois desta porcaria qualquer um de nós ficaria chateado, abatido, quem sabe até desmotivado mas, por Deus, este é Tobe Hooper! Um exemplo de perseverança! Um exemplo de que não devemos desistir tão fácil, porque ele continuou fazendo porcarias tão grandes ou piores quanto. No mais, hoje meu VHS de Mangler apenas serve como feliz e bem-sucedido peso para papel.

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Gabriel Paixão

Colaborador e fã de bagaceiras de gosto duvidoso. Um Floydiano de carteirinha que tem em casa estantes repletas de vinis riscados e VHS's embolorados. Co-autor do livro Medo de Palhaço, produz as Horreviews e Fevericídios no Canal do Inferno!

8 thoughts on “Mangler, O Grito de Terror (1995)

  • 10/05/2021 em 16:13
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    Concordo plenamente. O filme é um desrespeito ao conto original. Trouxe um monte de elementos desnecessários e complicou a trama de maneira totalmente desnecessária, além de o roteiro tentar trazer elementos de comédia negra inadequados. O conto é muito mais claro e objetivo.

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  • 06/10/2015 em 19:35
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    Eu nem sabia que este filme teve continuação, pois o primeiro já foi ruim, imagine as sequências.

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  • 10/09/2015 em 22:06
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    Resenha perfeita! o filme em si é desastroso, mostra demais e sem impacto em boa parte das cenas, apiado em uma fraca direção e atores engessados. E também está certo ao dizer que o conto ao ser transposto precisaria de mãos habilidosas. Lembro de ler o conto e achar que daria um excelente filme, se fosse bem feito, uma pena que ficaram devendo.

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  • 08/09/2015 em 08:31
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    Ótima resenha. “Mangler” foi pra mim um daqueles filmes que você evita ao máximo assistir, e que só pega mesmo quando já viu todo o restante do catálogo da locadora. Não dá pra tirar uma vírgula de horror dessa adaptação (e nem do conto, aliás, que considero um dos mais fracos de King).

    Mas sinceramente, o pior de tudo recai em Hooper mesmo. Apesar de todo o estardalhaço que fazem sobre seu nome, até hoje só considero que ele dirigiu um filme bom e meio. O “um” por falta de orçamento, o “meio” porque ele foi meio que o laranja para Spielberg dirigir sem precisar dar as caras. De resto, sempre o achei mesmo um diretor medíocre (e daí pra baixo). Um diretor mais espero (e criativo) pegaria o conto fraco de King e o transformaria em uma comédia de humor negro, ficaria muito melhor aproveitado.

    Mais uma vez, obrigado pela ótima resenha. 8)

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  • 08/09/2015 em 03:10
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    Eu discordo de você Gabriel Paixão pois eu gosto de ” Mangler , O Grito do Terror ” e acho sim ele um bom filme .
    Na minha opinião esta nota dada é totalmente injusta , ela se aplicaria a sua sequência que é sim um filme ruim .
    ” Mangler , O Grito do Terror ” faz parte da minha coleção , também tenho o VHS !

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      • 23/09/2015 em 20:32
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        Não apenas uma, mas DUAS continuações, hehe

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      • 11/03/2022 em 06:28
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        Assitir esse filme com 10 anos(kkkk).
        Lembro que achei muito assustador.

        Mas lendo essa resenha, dá até vergonha de ter tudo medo de uma máquina de passar roupa.
        Kkkk

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