As Loucas Aventuras de Elvira
Original:Elvira's Haunted Hills
Ano:2001•País:EUA Direção:Sam Irvin Roteiro:Cassandra Peterson Produção:Mark Pierson Elenco:Cassandra Peterson, Richard O'Brien, Mary Scheer, Scott Atkinson, Mary Jo Smith, Gabi Andronache, Jerry Jackson, Theodor Danetti |
Ela é a Rainha das Trevas e da Sessão da Tarde. Elvira é a garota com enorme… audiência e o seu filme Elvira – A Rainha das Trevas (Elvira: Mistress of the Dark, 1986) é uma daquelas produções que parece lutar pelo título de obra mais reprisada pela televisão brasileira ao lado de películas como Ghost, A Lagoa Azul, Curtindo a Vida Adoidado, entre outras pérolas dos anos 80. Mas Elvira é com certeza a nossa escolhida. Quem não se lembra da chegada da moça em Fallwell, Massachusetts, uma comunidade decente. Ou quando a cidade inteira decidiu acusá-la de bruxaria. Mas ao final, Elvira provou que é muito mais do que um belo par de seios (ela também tem um belo par de pernas) e foi realizar o sonho de ser uma estrela em Las Vegas.
Mas Elvira – A Rainha das Trevas é muito mais do que um filme de Sessão da Tarde. A obra foi produzida no auge da fama da personagem criada pela atriz Cassandra Peterson e o sucesso foi internacional, com direito a première no prestigiado Festival da Cannes. Para quem não conhece a história, Cassandra era uma atriz com alguns filmes obscuros no currículo, mas que havia começado a década de 1980 desempregada. Foi quando a ex-dançarina de Las Vegas descolou um emprego (que deveria ser temporário) como apresentadora de um programa de filmes de terror. Nascia então Elvira, que caiu no gosto popular pelo jeito pseudo-macabro e brega, além dos toques cômicos e sensuais. Na metade daquela década, Elvira havia se tornado uma marca registrada de sucesso.
Com tanto sucesso, é inevitável não se perguntar porque o filme de 1986 nunca teve uma sequência. Na verdade, teve sim. O segundo longa-metragem estrelado pela dama da noite foi lançado exatamente 15 anos depois de A Rainha das Trevas com o título de As Loucas Aventuras de Elvira. Com o título original de Elvira’s Haunted Hills (2001), a produção, que é uma história sem ligação com a “parte 1”, acompanha a dama da noite em uma aventura bem ao estilo que tornou a personagem tão popular. No entanto, lançar o filme foi uma batalha pessoal para Cassandra.
Pouco dinheiro, can can e castelo
Em As Loucas Aventuras de Elvira, reencontramos Elvira na Romênia do século 18. Acompanhada de sua criada Ziou Ziou (Mary Jo Smith), a nossa heroína continua enfrentando problemas financeiros. Eis que a dama da noite decide ir para Paris para estrear um show de can can. No meio do caminho, ela acaba tendo que passar a noite em um castelo habitado pelo misterioso lorde Vladimere Hellsubus (Richard O’Brien) e deixa os moradores do lugar de boca aberta com o seu visual. Nem precisa dizer que o local é assombrado.
Problemas financeiros? Estrear um show? Deixar a população local escandalizada com a sua aparência? Não precisa ser um fã de carteirinha do primeiro filme para perceber as semelhanças entre as duas histórias. Na verdade, o roteiro de ambas as histórias foram assinados pela própria Cassandra. No entanto, antes de acusarmos a moça de falta de criatividade, é preciso conhecer o longo caminho que ela percorreu para produzir As Loucas Aventuras de Elvira.
Elvira do século 21
O motivo da demora? Ninguém sabe ao certo, mas a própria Cassandra já explicou em diversas entrevistas que passou 13 anos tentando vender o segundo filme de Elvira para alguma produtora. Segundo ela, diferentes roteiros foram escritos por ela, mas sempre acontecia algo que impedia que o projeto acontecesse, como mudança de diretores ou produtoras que decretavam falência, entre outros problemas.
A solução foi fazer o novo filme de forma totalmente independente, ou seja, a própria Cassandra, através da produtora dela, a Queen B, bancou cada centavo. Desta forma, talvez a própria criadora de Elvira tenha ficado com receio de mudar demais os elementos que foram responsáveis pelo sucesso do primeiro filme, principalmente depois de tantos anos. As filmagens aconteceram na Romênia e a première aconteceu no International Rocky Horror Fan Convention em junho de 2001. Na sequência, o filme percorreu demais festivais de terror nos Estados Unidos, mas um lançamento internacional ocorreu de forma irregular.
Além da mistura de humor com sensualidade, as tramas de Elvira acabam sendo verdadeiras homenagens aos clássicos filmes de terror e ficção das décadas de 1940, 1950 e 1960, com alienígenas e monstros. Mexer nesse formato significaria criar uma nova Elvira.
Além disso, temos um intervalo de 15 anos entre ambos os filmes e talvez Cassandra tenha ficado com receio em mexer demais na sua personagem criando um roteiro que fosse muito diferente do que já conhecemos. Neste caso, As Loucas Aventuras de Elvira faz uma justa homenagem aos antigos filmes de casas assombradas, como A Casa dos Maus Espíritos (House on Haunted Hill, 1959), ou a clássica Desafio ao Além (1963), com suas passagens secretas e estranhos barulhos durante a noite..
Cenários de Chapolim sim, e daí?
E assim acompanhamos a dama da noite com seu belo par de seios tentando desvendar o mistério que existe neste castelo que mais parece um cenário das histórias de fantasmas do Chapolim. Se estivéssemos falando de qualquer outro filme, com certeza essas “características” seriam apontadas como problemas e pontos negativos para a produção.
Neste caso, a falta de um roteiro mais elaborado, ou mesmo as limitações técnicas e artísticas são desculpadas, já que rever Elvira é como reencontrar um velho amigo. O tempo passou, ele está mais velho, careca e gordo, mas as histórias ainda são as mesmas e vocês dois podem relembrar dos bons momentos da época de colégio ou faculdade. Não que Elvira esteja fora de forma em As Loucas Aventuras de Elvira. Na época em que o filme foi rodado, Cassandra estava com 50 anos e em plena forma.
E se Elvira continua em forma, o elenco secundário é tétrico, o que neste filme é um elogio. Destaque para o eterno canastrão Richard O’Brien (o Riff-Raff, de Rocky Horror Picture Show, 1975) como lorde Vladimere Hellsubus ou Mary Scheer no papel da esposa do lorde Hellsubus. Aliás, todos os moradores do castelo falam com um sotaque bastante carregado, o que acaba gerando momentos ainda mais cômicos.
Então o que os fãs do filme de 1986 podem esperar deste longa estrelado pela dama da noite? Basicamente as mesmas piadas e os mesmos trejeitos que fizeram de Elvira um sucesso. Esqueça o roteiro inexistente, os cenários de papelão e apenas procure se divertir revendo a Rainha das Trevas mais uma vez. Indo além de castelos assombrados, talvez seja mais correto afirmar que esta produção acaba sendo uma homenagem da própria Cassandra para a sua (a nossa) Elvira.
Só uma correção: o primeiro filme é de 1988.
Obrigado pela dica vi sua critica e fui assistir!
Cara vc vai cair de costa, mas achei o terceiro aterrorizante, com todo mundo morrendo (mesmo sendo pastelão) o que diferencia do filme anterior.
Outra coisa, comparado com os filmes de hoje (2018), este filme é assumidamente trash e da de 10 nos atuais!
Este filme vi uma vez num madrugadão da Rede Globo.
Foi o escolhido no intercine em 2008