Menina Má
Original:The Bad Seed Ano:2016•País:EUA Autor:William March•Editora: Darkside Books |
A pequena psicopata Rhoda Penmark revolucionou a literatura de horror. Com apenas 8 anos de idade, sua inteligência e capacidade manipuladora, assim como sua frieza e ambição, até então características exclusivamente adultas, mudaram a forma de enxergar o gênero: não havia mais limites se o intuito era chocar o público. Não é à toa que essa obra tenha sido a que mais fez sucesso da literatura do solitário William March. Ela reflete boa parte de sua biografia, das dores sofridas nos colapsos e internações ou até mesmo em sua sexualidade frustrada.
Rhoda surge como uma personagem dominadora, capaz de matar quem quer que esteja atrapalhando seus objetivos, ao mesmo tempo em que gosta de um mimo, de receber presentes e brincar com seus brinquedos. Uma criança esperta, estudiosa e interessada, ela conquista pela delicadeza de seus traços e assusta pela maturidade e ausência de sentimentos. Depois que o coleguinha Claude ganha uma medalha pela competição de caligrafia, ela insiste em dizer que o prêmio é dela, e testemunhas dirão que a menina de vestidinho e sapato com sola de metal fora a última a vê-lo com vida, antes de seu corpo ser encontrado entre vigas de um píer, com feridas estranhas na testa e nas mãos.
Para entender o que acontece em sua natureza assassina, assim que encontra a medalha entre os itens pessoais da pequena, Christine começa a investigar serial killers do passado, estudando sua biografia e modo como agiam, ao passo que mantém o leitor consciente de suas ações através de cartas que escreve (e guarda-as para si) para o marido ausente, o sargento Kenneth. Durante esse processo, ela acidentalmente descobre que sua mãe também foi uma psicopata, eliminando parentes e maridos para ficar com o dinheiro do seguro. E é essa descoberta que justifica o título original – The Bad Seed -, que a conduz a seu limite, sem ter com quem conversar, buscando respostas no passado através das pesquisas do psiquiatra criminalista Reginald Tasker.
A primeira parte do livro Menina Má, em mais uma edição caprichada da Darkside Books, com uma capa simplesmente sensacional, é mais lenta na apresentação dos personagens que influenciarão a mãe de Rhoda – como a vizinha sempre presente Monica Breedlove ou a professora Claudia Fern, que pede que a menina não estude mais na escola, devido ao seu comportamento exageradamente maduro -, tanto que a pequena é pouco citada. Começa a melhorar com o apenas mencionado passeio ao acampamento escolar e as ações incômodas do empregado Leroy, ficando ainda mais envolvente e interessante com a investigação da mãe, a partir de suas leituras de casos da polícia e seu subconsciente desesperado. A conclusão é de gelar a espinha!
Menina Má foi publicado originalmente em 1954. Um ano depois seria feita uma peça de teatro, adaptada por Maxwell Anderson, e, em 1956, uma versão cinematográfica, em preto e branco, dirigida por Mervyn LeRoy. O sucesso absoluto do longa – vencedor do Globo de Ouro e com várias indicações ao Oscar – contribuiu ainda mais para que a obra de March fosse mais longe, inspirando outras crianças assassinas, incluindo até mesmo o demoníaco Damien. Infelizmente o autor faleceu antes de ver as crueldades de Rhoda na tela grande, e sem saber que seus escritos estariam sendo cultuados até hoje.