4.7
(3)

A Visita (2015)

A Visita
Original:The Visit
Ano:2015•País:EUA
Direção:M. Night Shyamalan
Roteiro:M. Night Shyamalan
Produção:Marc Bienstock, Jason Blum, M. Night Shyamalan
Elenco:Olivia DeJonge, Ed Oxenbould, Deanna Dunagan, Peter McRobbie, Kathryn Hahn, Celia Keenan-Bolger, Samuel Stricklen, Patch Darragh, Jorge Cordova, Steve Annan, Benjamin Kanes, Ocean James

Enquanto o mundo redescobre o talento do cineasta indiano M. Night Shyamalan, a partir do sucesso recente de Fragmentado, seu filme anterior já havia conquistado algumas boas avaliações, ainda que tenha mantido a síndrome das opiniões divididas. A Visita é a contribuição do diretor para o subgênero “found footage“, aquele realizado com câmera subjetiva, sob o “comando” do próprio elenco. No entanto, a diferença está na qualidade técnica e na criatividade na escolha dos melhores ângulos, algo bastante comum em sua filmografia, embora contrarie a jovialidade dos operadores de câmera. O resultado trouxe alguns arrepios no espectador, e foi tão bem aceito que não permitiu indicações a “prêmios” como Pior Filme, Pior Direção ou Pior Roteiro em nenhum festival, como costumava acontecer nos trabalhos do diretor, desde A Vila (2004).

A Visita remete aos contos infantis como João e Maria ao apresentar o pesadelo de duas crianças no convívio temporários com seus esquisitos avós. Como a mãe (Kathryn Hahn) está em um relacionamento recente, seus talentosos e educados filhos, Becca (Olivia DeJonge) e Tyler (Ed Oxenbould), resolvem dar um tempo para o casal, visitando os avós que não conhecem, afastados há 19 anos, devido a um conflito familiar. Aproveitando seu conhecimento de câmeras e edições espertas, a garota sugere a realização de um documentário, para apresentar à mãe a experiência e quem sabe descobrir o que realmente causou a separação. Eles são recepcionados pelos idosos, interpretados por Deanna Dunagan e Peter McRobbie, aparentemente um casal dócil e agradável, com suas próprias extravagâncias.

O bem humorado Tyler, cantor de rap, é o primeiro a notar algumas atitudes estranhas do avô, que parece esconder alguma coisa no celeiro. É só o pontapé das esquisitices que os pequenos notarão nos velhos, principalmente na senhora e seus movimentos bizarros após às 22h30. Um modo de andar anormal, uma nudez inesperada e as risadas na cadeira de balanço em direção à parede! O avô diz que ela possui uma doença chamada “Sundowning” (o primeiro título do filme), uma espécie de demência que leva a pessoa a uma confusão mental à noite, mas, é óbvio que há mais mistérios naquela casa rural, como os tais fungos que estão presentes no porão.

Como toda obra de Shyamalan, todos os detalhes do enredo acabam servindo para algum propósito no futuro. Seja o fato de Becca não conseguir olhar para os espelhos, após o pai tê-la abandonado, ou os germes que atormentam o garoto, todo o cenário é construído para a sequência final. O diretor repete algumas posições de câmera interessantes de trabalhos anteriores, desfocando a lente no background, como na cena da cozinha no terceiro ato, lembrando o que acontecia no porão em Sinais. As rimas narrativas também produzem efeitos divertidos nas sequências mais tensas, como a do jogo promovido pelos avós no final.

E o diretor evidencia seu talento como contador de histórias ao intrigar o espectador sobre uma possível criatura branca, de olhos amarelos, que o avô teria visto certa vez. Um detalhe que serve para tornar o enredo mais rico, além de aplicar algumas doses de calafrios no público com a perspectiva do que ainda pode acontecer. Mesmo com essa sintonia fantástica, o humor abranda os momentos mais assustadores, evitando que o filme nunca assuma uma característica absoluta de horror. O próprio cineasta disse que fez três cortes, sendo que optou por aquele que mesclasse os gêneros.

Não será um dos destaques de sua filmografia, perdendo-se entre outros filmes mais interessantes do subgênero, mas diverte com suas próprias limitações, sem incomodar pela ausência de elementos sobrenaturais.

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Média da classificação 4.7 / 5. Número de votos: 3

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13 Comentários

  1. Assisti duas vezes e não deu!, muito chato e batido!. Maisdomesmo!, não sei porque ele se aventurou no já enjoativo found footage!. Se fosse convencional seria até melhor. Mas não!. Dou uma
    Caveira!.

  2. O filme te prende até o momento de revelar qual é a dos velhinhos. E esse momento chega a ser empolgante, mas nos minutos finais o ritmo caiu para mim. Acho que eu ainda esperava mais situações empolgantes, o que não aconteceu… Ainda assim, é um bom filme.

  3. Steven Spielberg me fez ter medo de tubarões. Hitchcock de chuveiros. Já Shyamalan me fez ter medo de velhinhas.

    Filmão! Pra mim, um dos melhores filmes dele. Roteiro tri-emoticon (assusta, faz rir e até chorar). Fotografia relevante. Atuações cativantes (e assustadoras no caso da vovó). E uma reviravolta (já característica do Shyamalan) que me surpreendeu muuuuito!

    Só achei desnecessário o uso do found-footage (mesmo tendo sido usado de forma coerente). Talvez a qualidade do filme pudesse ter sido mais desfrutada no formato convencional, ou com apenas algumas cenas específicas em documentário.

    Mas fora isso, ótimo suspense!

  4. Hmmmm, puxa, essa crítica me deixou realmente animado pra ver. Séculos que não vejo um found footage ser elogiado.

  5. Ótimo filme.

    A tensão do filme vai crescendo aos poucos, assim como, os dramas de cada personagem.

    Boas atuações, direção e enredo.

    Vlw Boca pela indicação!!!!

  6. Odiei não assusta nem minha vozinha. Foi uma decepção.

    1. Esse não é um filme de sustos.

      Se quiser se assustar assiste atividade paranormal.

  7. Eu acho que já foi a redenção dos filmes péssimos, como Depois da Terra e (ARGH!) O Último Mestre do Ar. Agora, ele fez o melhor em muito tempo, e reiniciou o histórico, para que possa recomeçar do zero. Um filme bem redondo, atmosférico, e um bom found footage, o que é tão surpreendente quanto a reviravolta. Imagine os próximos filmes, se ele fizer parceria com o Jason Blum.

  8. Eu acho que já foi a redenção dos filmes péssimos, como Depois da Terra e (ARGH!) O Último Mestre do Ar. Agora, ele fez o melhor em muito tempo, e reiniciou o histórico, para que possa recomeçar do zero. Um filme bem redondo, atmosférico, e um bom found footage, o que é tão surpreendente quanto a reviravolta.

  9. Crítica consistente. Pessoal parece que segue uma tendência mundial de falar mal do Night, como se ele tivesse alguma obrigação de ser fenomenal em todos os filmes. Já perguntaram pra ele se ele tem esse desejo ? Será ? Quanto a visita, me surpreendeu. Em certo ponto cai na mais previsível premissa, mas as atuações são ótimas como destacou. E o garoto, há o garoto é um comediante nato no filme errado. Chorei de rir com o muleke.

  10. “e sua piegas mensagem de perdão e não guardar rancor”

    O filme também mostra como é importante superarmos nossos maiores medos para seguirmos adiante. A menina tinha fobia de espelhos (ou melhor, tinha medo/ódio de se ver neles porque odiava a autoimagem que ela tinha de si) e o menino tinha fobia de germes; no final, ambos tiveram que enfrentar seus medos, à força, para não morrerem nas garras do casal de velhos.

  11. Eu fiquei muito feliz com esse filme, pois, por mais que não seja o melhor dele, foi bem competente e me deixou eletrizado do meio para o fim.

  12. Eu gostei muito do filme…, e a conclusão, foi muito satisfatória…, me pegando de surpresa, com aquilo que eu achava que era…
    Como vcs falaram: não é o melhor dele, mas, da pra se divertir com esse filme com certeza!

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