Sob Pressão (2015)

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Sob Pressão
Original:Pressure
Ano:2015•País:UK
Direção:Ron Scalpello
Roteiro:Louis Baxter, Alan McKenna, Paul Staheli
Produção:Laurie Cook, Alan McKenna, Jason Newmark
Elenco:Danny Huston, Matthew Goode, Joe Cole, Alan McKenna, Ian Pirie, Daisy Lowe, Gemita Samarra

Nas minhas críticas, costumo comentar que produções que se passam em ambiente único tendem a ser, no mínimo, interessantes. Como o cenário é praticamente o mesmo, o enredo se vê obrigado a criar dinamismo nos diálogos e nas cenas de tensão para manter a atenção do espectador. Quem viu Enterrado Vivo, de Rodrigo Cortés, por exemplo, ou Por um Fio, de Joel Schumacher, entende o que estou falando. Lembra de Mar Aberto, com o casal de mergulhador o tempo todo à deriva? Se não houver um trato adequado no roteiro, o longa pode se tornar arrastado, chato, com as mudanças da narrativa servindo apenas para passar o tempo e não atrair o público. Sob Pressão surgiu com essa proposta inusitada, ao manter quatro personagens submersos, em um espaço único, em busca de meios de sair dali. Infelizmente, não foi tão bem sucedido como as demais produções mencionadas neste parágrafo, culminando em um longa de poucas possibilidades, sonolento e extremamente óbvio.

No enredo, de Alan McKenna e Louis Baxter, um grupo de trabalhadores da companhia de óleo Vaxxilon está em um barco no Oceano Índico, próximo a Somália. Notando problemas nos túneis de oleodutos, Karsen (Ian Pirie) pede que quatro mergulhadores desçam para corrigir o problema a 204 metros de profundida. Engel (Danny Huston, de Hitchcock, 2012), Mitchell (Matthew Goode, de Watchmen, 2009), Hurst (Alan McKenna, de Um Lobisomem Americano em Paris, 1997) e o jovem Jones (Joe Cole, Sala Verde, 2015) aceitam a missão, cada um com sua própria justificativa. Eles descem e fazem a correção necessária, mas quando estão prestes a retornar para o barco, através de uma cápsula (uma espécie de submarino, chamado por eles de Sino), uma forte tempestade atinge a embarcação, fazendo-a naufragar.

Submersos e com pouco oxigênio, eles precisam encontrar um meio de pedir resgate ou sair dali antes que o local se transforme em um túmulo para os mergulhadores. A cada necessidade de mergulhar, seja para buscar mais oxigênio ou procurar os restos do barco afundado, um deles se torna vítima. Até aí, tudo bem, mas há um tempo precioso que se perde na expectativa de que alguém irá buscá-los, mesmo que as possibilidades sejam remotas. E o roteiro, preguiçoso em tentar criar tensão, utiliza flashbacks para desenvolver os personagens, como se criasse uma âncora que justificasse sua vontade de viver. Não funciona como deveria, diminuindo a preocupação do espectador que jamais se sente “sob pressão“.

Filmes assim dão certo quando há um trabalho na loucura do personagem, mostrando que, em situações claustrofóbicas, as diferenças entre os presentes ali acabam se materializando. Quando você pensa que o grupo logo vai começar a se matar para tentar roubar o oxigênio do outro, a trama opta pela amizade extrema, evitando os conflitos que aumentariam a tensão do ambiente. “Desligue o oxigênio dele. Ele não vai voltar.” ilustra bem uma atitude racional, diante do perigo constante. Pensei até que o mais novo iria sofrer pela falta de experiência, sendo a primeira opção a ceder o oxigênio. Infelizmente, isso não aconteceu.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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