Vida (2017)

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Vida
Original:Life
Ano:2017•País:EUA
Direção:Daniel Espinosa
Roteiro:Rhett Reese, Paul Wernick
Produção:Bonnie Curtis, David Ellison, Dana Goldberg, Julie Lynn
Elenco:Jake Gyllenhaal, Rebecca Ferguson, Ryan Reynolds, Hiroyuki Sanada, Olga Dihovichnaya, Ariyon Bakare, Jesus Del Orden, Allen McLean

Quando a nave Nostromo notou que havia um passageiro a mais em sua viagem pela imensidão do espaço, já era tarde para qualquer resistência. O grito, abafado pelo ambiente claustrofóbico, não poderia ser ouvido, mas deixaria um rastro de produções similares, dentro de um subgênero que ganharia vida com a explosão no peito de John Hurt. Vida, de Daniel Espinosa, não esconde sua referência à obra máxima de Ridley Scott, lançada em 1979, e conduz seus tripulantes para alguns momentos de tensão sufocante, num longa que, mesmo não sendo original, diverte pela proposta rasteira.

Além do visitante alienígena hostil em um espaço reduzido, o longa explora uma das maiores curiosidades do Homem: a existência ou não de vida em Marte. Imagens curiosas atiçam as redes sociais e os principais portais com o acréscimo de elementos que sugerem um personagem intrometido no Planeta Vermelho. Mesmo com toda a tecnologia alcançada no novo milênio, e com as especulações sobre o alcance à Lua, ainda hoje só temos teorias a respeito do que existe em Marte, sem grandes fundamentos, deixando apenas a inspiração explorada pelo bom cinema de Ficção Científica do século passado em sua fase áurea. Vida sugere que as criaturas possam estar hibernando ou mortas pela falta de alimento, necessitando apenas de algum invasor curioso e sua necessidade de incomodar a ordem natural das coisas.

Os membros da Estação Espacial Internacional (na sigla ISS) estão prestes a resgatar uma sonda que acabara de sair do Planeta Marte com amostras do solo que podem evidenciar a existência de vida extraterrestre. A cena inicial, com a apresentação dos tripulantes na missão de resgate, filmada em plano-sequência, é bem interessante pelo passeio pelos ambientes que serão reconhecidos mais tarde pelo espectador. O engenheiro Rory Adams (Ryan Reynolds) navega pelo lado externo e comanda os braços mecânicos que farão a conexão com o objeto, desviado por um contato com meteoritos. Ele tem o apoio do médico oficial David Jordan (Jake Gyllenhaal), da Dra. Miranda North (Rebecca Ferguson), do Centro de Controle de Doenças, do engenheiro de sistemas Sho Murakami (Hiroyuki Sanada), do cadeirante exobiologista Hugh Derry (Ariyon Bakare) e da russa Ekaterina Golovkina (Olga Dihovichnaya). Com as amostras, eles isolam uma célula dormente, e a expõe a temperaturas diversas e diferentes gases para sua restauração.

Apelidado por estudantes como Calvin, o organismo começa a se desenvolver em sua quarentena no laboratório, com a supervisão de Hugh. O que parece ser um contato amigável com um bichinho interativo logo passa a ser arriscado, quando um acidente conduz a criatura a um novo estado de dormência. O estímulo de Hugh desperta no marciano sua condição agressiva, esmagando a mão do cientista no aquário, e encontrando meios de escapar pelo laboratório e consequentemente pela estação. A primeira vítima é Rory, que morre de maneira extremamente sufocante, com o alienígena invadindo seu corpo pela boca e destruindo seus órgãos – numa proporção inversa ao ocorrido com Kane, em Alien, o Oitavo Passageiro (79).

A luta pela sobrevivência levará a um confronto desigual com uma criatura imortal e extremamente inteligente. Outras mortes acontecerão na mesma intensidade, sempre envolvendo a dificuldade de respirar, levando o espectador a um estado similar com as cenas gráficas. Se o argumento não convence em sua narrativa simples (a dificuldade de comunicação é um dos exemplos), as boas atuações e o vilão correspondem ao que se espera. A concepção do inimigo é eficiente em uma caracterização diferenciada e bem plausível à medida em que se desenvolve pela estação, graças aos belíssimos efeitos especiais e visuais. A fotografia de Seamus McGarvey, de Godzilla (2014), promove uma linda visão do espaço sideral e dos cômodos que compõem a estrutura espacial, embora não traga nada que o gênero não tenha apresentado antes. E isso define bem o enredo de Rhett Reese e Paul Wernick, ambos de Deadpool e Zumbilândia: um bom filme técnico, uma visão genérica do estilo, com mortes angustiantes e a tendência a ser perder na imensidão do subgênero.

Entre as curiosidades que o IMDB aponta, há teorias que consideram o longa como uma prequel de Venom (2018), algo não assumido pelos realizadores. Também vale menção uma cena que aparece no trailer do filme, e que foi tirada de Homem-Aranha 3 (2007). Não sei o que mais assusta: se é o fato de usarem uma cena especificamente desse filme ou se é saber que essa coincidência foi notada por um fã do longa do cabeça de teia. Confira abaixo:

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

One thought on “Vida (2017)

  • 09/05/2017 em 10:20
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    Gostei do filme.
    Será que o Calvin é o Cloverfield?
    Semelhanças do monstrinho não falta!

    Resposta

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