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O Livro de Birdie
Original:The Book of Birdie
Ano:2017•País:UK
Direção:Elizabeth E. Schuch
Roteiro:Elizabeh E. Schuch e Anami Tara Shucart
Produção:Fantaspoa Produções e Melancholy Star
Elenco:Ilirida Memedovski, Suzan Crowley, Kymberly Mellen, Kathryn Browning e Kitty Hall

O Livro de Birdie é um filme sangrento. Não espere por muito gore ou um slasher, trata-se de uma fantasia dramática que te faz mergulhar na mente de uma jovem, Birdie (Ilirida Memedovski), que caminha lentamente para o seu próprio vale das sombras.

A trama é simples, Birdie é deixada pela avó em um convento, onde ficará sob o cuidado das irmãs até a idade adulta, ou caso deseje, ser ordenada freira. Lá em seus primeiros dias, ela tem um intenso sangramento e isso faz com que a fixação por seu próprio sangue se torne uma legítima obsessão. Entre imagens de santos e seu sangue, a jovem cria um mundo particular, em uma busca incessante por proteção e aparente esperança.

Além disso, Birdie tem encontros constantes com o Bem e o Mal, que se personificam em duas freiras, uma de aparência fantasmagórica, deitada ao final da escadaria do convento, que sempre lhe fala coisas ruins e ofensas, e outra que fica pendurada e enforcada em uma árvore perto de um banco que a jovem senta para pegar sol, onde elas têm conversas leves sobre o que Birdie deseja para sua vida.

Mas nem só de sua imaginação ela acaba vivendo, pois ela encontra amizade e amor em Júlia (Kitty Hall), filha do zelador do convento. As jovens desenvolvem um relacionamento terno e inocente. O legal de O Livro de Birdie, é que além de ter um elenco todo composto apenas por mulheres, ele não possui aqueles clichês que costumamos encontrar em filmes que se passam em conventos, seminários ou mosteiros e que envolvem religião. O filme vai pelo caminho contrário, sem um Deus que castiga, ou freiras malvadas, que fazem questão de punir os pecadores. Tudo que acontece é sobre Birdie, sobre ser mulher e lidar com tabus e preconceitos.

O filme é lento, e não recomendado para quem de entendia facilmente; talvez as quase duas horas, aliada a lentidão sejam seu maior pecado, mas o ritmo arrastado é compensado pela belíssima fotografia, ótimas interpretações e um belo design. A diretora estreante Elizabeth Schuch, conhecida por trabalhar como designer de cinema e teatro e ser artista de storyboard no cinema e televisão, sabe exatamente como lidar com o imaginário do espectador, em um filme declaradamente feminista e livre para que você interprete da forma que bem entender. Vale lembrar que a produção é brasileira, do Fantaspoa Produções, responsável pelo Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre.

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4 Comentários

  1. Parei de ler quando li “em um filme declaradamente feminista”

  2. Filme declaradamente feminista? Vou passar longe hehe

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