Found
Original:Found
Ano:2012•País:EUA Direção:Scott Schirmer Roteiro:Scott Schirmer Produção:Steven Hoban, Mark Smith Elenco:Gavin Brown, Ethan Philbeck, Louie Lawless, Phyllis Munro |
“Meu irmão tem uma cabeça humana escondida no seu guarda-roupa. Tem uma cabeça nova a cada certo tempo. Geralmente são de mulheres negras…” – Marty.
Found é um filme de terror de 2012 escrito e dirigido por Scott Schirmer. Com base em uma novela de Todd Rigney, ele atinge uma nota atípica e séria para o gênero horror, apresentando um novo tipo de serial killer (o assassino p.o.v.). Embora não seja inteiramente bem sucedido, esse intrigante esforço de gênero acima da média representa uma estreia ambiciosa e engenhosa para o co-roteirista Scott Schirmer (adaptando-se a obra de Rigney), especialmente com um orçamento relativamente baixo. Depois de participar de diversos festivais de terror o filme foi lançado no iTunes, no VOD e com um lançamento limitado para o cinema em 15 de agosto.
Marty (Gavin Brown), um garoto de 12 anos que é fanático por filmes de horror, anuncia diretamente através de uma narração de voz off que o seu irmão, Steve (Ethan Philbeck) tem o mórbido costume de matar mulheres negras e trazer suas cabeças como recordação. O problemático adolescente trabalha em uma fábrica local e tem um relacionamento combativo com seu pai abertamente preconceituoso (Louie Lawless) e com uma mãe distante, mas bem intencionada (Phyllis Munro). Marty também tem seus problemas. Solitário e questionador, o garoto vive sofrendo bullying na escola por parte dos “coleguinhas” que não aceitam sua indiferença no playground e pelo descaso da família que não enxerga o manto negro da depressão que cobre seus filhos.
A dinâmica familiar se torna cada vez mais problemática à medida que a história continua, nem sempre de forma convincente. O último ato do filme atravessa um território verdadeiramente perverso, com um discernimento visual que é sugestivamente brutal. Embora não exista dúvida de que Steve é um monstro com obsessões racistas delirantes, sua atitude simultaneamente ameaçadora e protetora em relação a Marty comanda certo grau de simpatia.
O filme recebeu várias avaliações positivas. Patrick Dolan, da Rue Morgue, escreveu que “o fato de que esse conto começa como uma letra de amor mórbida para o passado de horror (como uma versão de 1990 da Matinee de Joe Dante), ele se converte em um honesto filme de terror que desencadeia bons sustos“. A Bloody Disgusting também elogiou o filme, dizendo que eles souberam aproveitar seu baixo orçamento “impressionando em vários níveis“.
Mas nem tudo são flores. Found foi proibido na Austrália pela Australian Classification Board, que alegou “representações prolongadas e detalhadas de violência sexualizada“. O filme foi lançado mais tarde em DVD, mas alguns minutos foram cortados. O lançamento do Reino Unido em DVD tem um corte de 98 segundos. Até agora, apenas o lançamento de DVD “Unrated” dos EUA e o “Limited Uncut Collector’s Edition” contendo o DVD e o Blu-ray não são foram retalhados pela censura.
Em julho de 2014 foi anunciado que Headless, o filme desaparecido na locadora e que, possivelmente, foi o responsável pela mudança radical na mente de Steve, estava sendo transformado em um longa-metragem. Arthur Cullipher, o supervisor de efeitos especiais e produtor associado do Found, foi a escolha responsável para a direção. Em 2015 o filme foi financiado por doadores do Kickstarter, e sua primeira exibição em festivais foi em fevereiro do mesmo ano em Indianápolis. Exagerado, sangrento e apelativo como um grindhouse, “Headless” foi produzido exatamente como as películas exploitation dos anos 70 e não faltam cenas de nudez e violência gráfica, todas maquiadas com efeitos de VHS embolorados para parecer uma produção da época.
Found só não fará parte das famosas “listas negras de filmes perturbadores” porque ainda não é famoso o suficiente para ser controverso. Aceite que esta “pérola indie” não é lá uma obra de arte, mas não se deixe enganar pelos comentários. Todos os erros e dificuldades da produção serão esquecidas nos últimos dez minutos do filme.
Um início de construção de personagens e situações dando mostras de um pai omisso, uma mãe com carga horária excessiva, um irmão mais velho introspectivo e um pré-adolescente perdido dentro disso, isolado entre seus colegas e com uma aparente revolta guardada em seu íntimo. Filme que nada tem de sublime, mas ao menos vale uma conferida além de ter um final interessante.