Grito de Horror III - A Nova Raça
Original:Howling III
Ano:1987•País:Austrália Direção:Philippe Mora Roteiro:Philippe Mora, Gary Brandner Produção:Philippe Mora, Charles Waterstreet Elenco:Barry Otto, William Yang, Imogen Annesley, Dagmar Bláhová, Michael Pate, Frank Thring, Richard Carter |
Por mais terrível que tenha sido a primeira continuação do clássico Grito de Horror, sendo desaprovada pelos fãs, críticos e até mesmo pelo lendário Christopher Lee, ainda que mantenha uma discreta fidelidade à obra de Gary Brandner, um novo filme foi realizado. E, para piorar, teve no comando o próprio Philippe Mora de Grito de Horror 2, ampliando as chances de vir a ser mais uma bagaceira desnecessária, feita apenas para manchar a filmografia dos lobisomens. E é exatamente isso: uma porcaria em proporções imensas, desnecessária e irritante, mas que consegue divertir um pouco mais do que o anterior, embora tenha um final absurdamente ruim.
Não é só Mora que retornou à franquia Grito de Horror. Brandner tinha uma terceira carta na manga, com a publicação do livro “The Howling III: Echoes“, em 1985. Mesmo com a inspiração já pronta, o roteiro de Mora – não posso dizer se é fiel à escrita original – simplesmente ignorou os demais filmes, dando um rumo diferente à licantropia ao apresentar a raça dos lobisomens marsupiais, ou seja, criaturas metade homem, metade lobo, contendo bolsas abdominais para manutenção dos bebês. A principal relação mostrada no filme é com o extinto lobo-da-tasmânia, que possuía listras escuras pelo corpo e agora é apenas considerado um espírito que “possuí” e “transforma“.
Esqueça Karen White, a Colônia e a Transilvânia. Os lobisomens de Grito de Horror 3 vivem em tribos, isoladas da população. Há espécimes na Austrália e China, embora não passe de teorias e lendas para a imprensa e população, exceto para o antropologista Harry Beckmeyer (Barry Otto). Em suas aulas, ele costuma mostrar um vídeo, gravado em 1905 pelo avô desaparecido, com aborígenes australianos cercando e prendendo numa árvore um lobo. Ignore a qualidade da gravação (sim, melhor que muito filme do cinema mudo) e se atenha às palavras do professor que diz que ninguém conseguiria fazer uma máscara tão real como aquela. No vídeo, o tal “lobisomem” nem possui qualquer expressão, só faz movimentos com o pescoço e a cabeça.
Em conversa com o Presidente dos Estados Unidos (Michael Pate), ele pede apoio para pesquisas na Austrália, consciente de que essas criaturas estão se espalhando pelo mundo. Coincidentemente, na mesma época, a jovem lobisomem Jerboa (Imogen Annesley) consegue escapar de sua tribo Flow (wolf, ao contrário….ge-ni-al), antes de ser estuprada pelo padrasto Thylo (Max Fairchild), um grandalhão careca. O roteiro não se preocupa em explicar como eles todos falam inglês e não um linguajar próprio e como ela conseguiu fugir e ainda pegar um ônibus, sem dinheiro. Deitada em um banco de praça em Sydney, ela é perseguida pelo ator Donny Martin (Leigh Biolos), numa correria que desperdiça uns minutos da metragem, apenas para ele dizer que quer contratá-la como atriz do filme de terror “Shape Shifters Part VIII“, dirigido pelo considerado “melhor da atualidade” Jack Citron (Frank Thring).
Jerboa e Donny começam a namorar e assistem juntos ao filme “It came from Uranus“, uma bagaceira que traz a transformação de um homem em lobisomem. A garota diz que não é daquela forma que acontece, e que um dia mostrará para o namorado. Ela não sabe, mas três mulheres da tribo estão em seu encalço, vestidas como freiras. Durante uma comemoração dos atores, com luzes piscantes – uma das maneiras de se transformar, na mitologia do filme -, Jerboa foge do local e é atropelada, sendo levada para o hospital, atraindo a atenção do antropólogo. Sua presença ali atrairá as freiras, e elas farão um massacre offscreen e sem sangue (!!!) até levá-la embora para a tribo.
Depois entrará em cena a bailarina russa Olga Gorki (a cheia de caras e bocas, Dasha Blahova), que também é uma marsupial. Seus ataques durante um ensaio confirmarão as teorias de Harry, que terá que decidir se extermina as criaturas ou ajuda, com a balança pendendo para uma atração sentida. Confrontos e transformações sem efeito algum acontecerão e irão envolver tanto a cidade grande quanto a tribo, sem que seja necessário muito derramamento de sangue. Aliás, quase nenhum.
Como pode ser facilmente notado, o enredo do ozploitation Grito de Horror 3 é bastante ágil. Traz muitos acontecimentos, em diversos pequenos núcleos, com muitos personagens. Participação política, debates na faculdade, paixões entre humanos e feras, fugas, pesquisas em hospitais…e o pouco de interesse que pode existir está na presença de tipos diferentes de lobisomens: alguns com a face branca, como as freiras, outros mais peludos e com aspecto de lobo realmente. Apesar dos efeitos de maquiagem não serem tão bons, é preciso reconhecer o que fizeram com o bebê-lobisomem, remetendo à qualidade atribuída ao brasileiro As Boas Maneiras.
Se há tosquices e efeitos de animatronics bons, a direção de Philippe Mora continua ruim, com muitos cortes e movimentos rápidos. Há problemas evidentes na edição, trilha e fotografia (quase não há cena noturna, principalmente na tribo), como havia acontecido no anterior. O filme é ruim realmente, mas todas essas informações e o dinamismo do enredo tornam a experiência menos dolorosa, sem que haja algum nome muito conhecido no elenco. Não espere créditos finais tão divertidos quanto do anterior, com os peitos de Sybil Danning à mostra. Há alguma nudez, como a discreta da bela Imogen Annesley, mas nada que aparente chamar a atenção dos marmanjos.
Grito de Horror III – A Nova Raça teve dois lançamentos em DVD no Brasil. Numa versão dupla, com o quarto filme, lançado pela LW Editora, e em formato solo pela New Way, sem extras. Não vale seu interesse.
Que sequência mais podre. Conseguiu ser pior que o anterior.
Vai falar sobre todos ? ate aquele oitavo filme com adolescentes ?
De longe é o pior filme de lobisomem já feito até hoje!