Pyewacket - Entidade Maligna
Original:Pyewacket
Ano:2017•País:Canadá Direção:Adam MacDonald Roteiro:Adam MacDonald Produção:Jonathan Bronfman, Victoria Sanchez Mandryk Elenco:Nicole Muñoz, Laurie Holden, Chloe Rose, Eric Osborne, James McGowan, Bianca Melchior, Missy Peregrym |
Em 2015, A Bruxa aterrorizou os cinemas pelo mundo com uma história simples, ambiente praticamente único e poucos personagens. Ao mesmo tempo que mostrava o quanto o terror não precisa ser gráfico para produzir medo, deixava a entender que o público pode sentir atração por narrativas lentas (não arrastadas), que trabalham o visceral. Abriu a oportunidade para enredos parecidos com o rótulo controverso do “pós-horror“, mas por que não para as bruxas? Maldições como a de Arraste-me para o Inferno, casas assombradas pelo sacrifício de uma entidade maligna como em Invocação do Mal, rituais entre árvores secas e uma constante sensação de ameaça são bem interessantes e deviam ser exploradas mais vezes no cinema. Um bom exemplo dessa simplicidade eficiente pode ser vista no terror Pyewacket, de Adam MacDonald (Sobrevivente, 2014).
Essa produção – de nome complicado – apresenta a jovem Leah Reyes (Nicole Muñoz), fascinada por ocultismo e bandas de Trash Metal, que vive com uma perturbada mãe (Laurie Holden, das primeiras temporadas de The Walking Dead). Desde a morte trágica do marido – aprendam, roteiristas! não precisa de um prólogo com uma cena adicional e didática para entendermos isso – , ela não consegue suportar a perda e passa a descontar na filha, impedindo-a de ver os amigos Aaron (Eric Osborne), seu interesse amoroso, e a gótica Janice (Chloe Rose).
Para intensificar os problemas, a mãe vende a casa e leva a filha para morar numa área isolada, bem distante de qualquer contato com o passado. Em um dos momentos mais agudos, ela chega a dizer que não consegue olhar para a jovem sem se lembrar do marido, tendo vontade de arrancar o rosto dela. Incomodada pela situação, Leah decide fazer um ritual na floresta que circunda a casa, com a intenção de invocar uma bruxa – a tal Pyewacket – para matar a sua mãe. Batida com uma pedra numa árvore, linha em formato pentagrama, corte no braço, palavras mágicas…
No dia seguinte, ao notar o corte no braço da filha, a mãe não apenas pede desculpas como começa a dar mais atenção a ela. O relacionamento até então conturbado passa a melhorar de maneira significativa, mas será que já não é tarde e o que ela fez não virá atormentá-la? Talvez a solução esteja no auxílio do autor de um livro de ocultismo, Rowan Dove (James McGowan), ou ela estaria apenas enlouquecendo?
Em pesquisas na internet, você encontra algumas informações interessantes, não apresentadas no filme: Pyewacket é o nome de uma bruxa inglesa que viveu em 1644. Nas lendas que envolve seu nome há menção de sua condição demoníaca, aparecendo na comédia romântica Sortilégio do Amor, de 1958, com James Stewart, e também no livro infantil homônimo, lançado em 1967. Alguns apontam-na como vingativa, traiçoeira, pérfida, sem uma definição adequada para sua aparência, tanto que há quem diga que ela tem a capacidade de assumir a forma de um gato.
Para assombrar o espectador, MacDonald conduz o terror no olhar das personagens. Embora tenha uma vestimenta teen pela protagonista e seus amigos, ele desvia dos estereótipos – não tanto dos clichês – para conduzir seu conto de horror quase que inteiramente sugestivo. Não é. Há sombras, sons que perturbam, possessão aparente e insanidade, numa mistura que flui de maneiras simples, em doses homeopáticas, mas adequadas. Aos poucos, o terror se instaura de maneira agressiva, sem escapatória, sem chegar a surpreender. É um bom filme para esse subgênero que pede por mais histórias assim, explorando a ambientação e os envolvidos num pesadelo sem fim.