Selvagem
Original:Wildling
Ano:2018•País:EUA Direção:Fritz Böhm Roteiro:Fritz Böhm, Florian Eder Produção:Celine Rattray, Trudie Styler, Liv Tyler, Charlotte Ubben Elenco:Liv Tyler, Bel Powley, Brad Dourif, James Le Gros, Troy Ruptash, Mike Faist, Kelly Lamor Wilson, Collin Kelly-Sordelet, Brian Donahue |
Se a licantropia já perdeu sua força pela repetição de ideias e efeitos digitais desastrosos, há, vez ou outra, uma tentativa de inovação ao explorar a fórmula sob outra vestimenta. O Vale das Sombras, por exemplo, optou pelo sugestivo e simbólico, numa narrativa arrastada que não serve para todos os públicos; já Wildling acompanha o processo de crescimento e transformação de uma jovem amaldiçoada por uma espécie de doença degenerativa. Contudo, a principal atração é, sem dúvida alguma, a talentosa Bel Powley, envolta em amargura e depressão como não se vê há muito tempo nesse subgênero.
Desde pequena, Anna, inicialmente interpretada por Arlo Mertz, sabia que o mundo exterior era um lugar perigoso. Seu pai, na pele do expressivo Brad Dourif, vivia contando histórias sobre os “selvagens“, criaturas que habitam as matas e se alimentam de crianças. E, no contexto exposto, ela era a única que sobrou no mundo para o interesse desses monstros, tendo, assim, que permanecer reclusa até a fase adulta. Com a chegada da adolescência, Anna passa a receber constantemente injeções na barriga que a protegem de alguma coisa, mas, fraca, começa a adoecer. Quando está prestes a morrer de desnutrição, seu pai, ao perceber que não há outra alternativa para evitar acompanhar o sofrimento da jovem, tenta o suicídio, atraindo a atenção da polícia e de médicos. Recolhida para exames e tratamento em um hospital, ela adquire um carinho imediato pela policial Ellen (Liv Tyler) e é temporariamente adotada, indo morar com ela e o irmão Ray (Collin Kelly-Sordelet).
Ellen se impressiona ao saber que a menina ainda não menstruou, provavelmente devido aos medicamentos recebidos que retardaram o processo. Logo, a jovem Mogli irá se aventurar na selva, conhecerá caçadores, simpatizantes dos selvagens e entenderá seu passado, começando a sofrer uma transformação gradual e permanente: pelos, queda de dentes e uma vontade absurda por carne crua. É claro que essas mudanças já foram vistas antes, mas Fritz Böhm tenta explorar o lado mais humano que o selvagem, como se fosse uma doença sem cura, mas que não contamina com uma simples mordida, como visto outras vezes no subgênero.
Se o enredo não é assim tão original (lembra da trilogia Possuida?), e pode incluir aqui os efeitos da transformação, o que chama a atenção é realmente a protagonista. Powley, que está em Mary Shelley, é bastante expressiva, sensível e carismática. O espectador se impressiona com seu olhar ingênuo, sua mudança até mesmo no caminhar e movimentação do corpo e na escolha de suas poucas palavras. Quando ela descobre a farsa do “papai“, já aceita a sua condenação e busca por explicações sobre seu passado, para tentar compreender a si mesmo.
Talvez por haver essa mudança no estilo, sem sangue em profusão e violência extrema ou uma criatura que uiva para a lua, o infernauta possa perder o interesse por Wildling. Não é para tanto. O filme é bem dirigido, tem um elenco interessante e uma belíssima fotografia noturna, além de uma carismática lobisomem, capaz de fazer você ter vontade de vê-la mais vezes, nem que seja para se tornar vítima dela.
Eu acabei de assistir gostei bastante do enredo, só pecou mesmo nos efeitos “especiais”, que foram bem mal feitos, fora isso achei um filme interessante.
O único problema do filme são os defeitos especiais e o roteiro. O finalzinho do filme dá uma derrapada. No mais, é um bom filme.
Começa bem, mas vai perdendo o fôlego com o passar do tempo. Uma pena…