Suspiria
Original:Suspiria
Ano:2018•País:Itália, EUA Direção:Luca Guadagnino Roteiro:David Kajganich, inspirado em roteiro de Dario Argento Produção:Luca Guadagnino, David Kajganich, Francesco Melzi d'Eril, Marco Morabito, Gabriele Moratti, William Sherak, Silvia Venturini Fendi Elenco:Dakota Johnson, Tilda Swinton, Doris Hick, Malgorzata Bela, Chloë Grace Moretz, Angela Winkler, Alek Wek, Elena Fokina, Mia Goth, Ingrid Caven, Sylvie Testud, Fabrizia Sacchi, |
“Três mães” perdidas no tempo, antes da invenção do cristianismo, antes de Deus, antes do diabo. Mãe Tenebrarum, Mãe Lachrymarum e Mãe Suspiriorum. Escuridão, lágrimas e suspiros.
Antes de falar do remake de Suspiria, é necessário destacar o motivo de tanto alarde por parte de fãs e crítica em torno da produção. O filme original, lançado em 1977, foi roteirizado e dirigido pelo mestre italiano Dario Argento, que conseguiu fazer uma das obras mais memoráveis do gênero. Não apenas pela história, mas principalmente pela forma como a mesma foi apresentada visualmente. Ao narrar a trama de um grupo de bruxas que se esconde por trás das paredes de uma tradicional escola de dança alemã, Argento utilizou de forma excessiva iluminação surrealista e cenários com cores saturadas para dar forma ao filme. O resultado salta aos olhos não apenas pela questão de roteiro, que é muito bem construído, mas principalmente pela forma como este roteiro foi transformado em imagens. Os excessos de cores fortes como vermelho, verde e azul por meio da iluminação não realista conseguiu criar angústia e medo diante dos acontecimentos.
Refazer Suspiria não era tarefa das mais fáceis. Existiam três possíveis cenários para a produção do remake. A primeira possibilidade seria copiar a obra de Argento usando o estilo “ctrl c ctrl v”, como no caso de Poltergeist, o que provavelmente teria sido um desastre. O segundo caminho seria partir para uma história completamente diferente, o que também não se mostrava como uma decisão inteligente. A terceira opção seria manter a base da história e seguir com a inclusão de novos elementos. E esta foi a escolha para o novo filme!
Ou seja, a storyline do filme é a mesma. A jovem bailarina norte-americana Susie chega para estudar em uma prestigiada escola de dança na Alemanha. Uma vez na escola, coisas estranhas vão começar a acontecer envolvendo principalmente as administradoras da escola que se mostram como bruxas. No entanto, o novo filme, que teve a direção de Luca Guadagnino, do belíssimo Me Chame Pelo Seu Nome, segue um caminho de forma independente ao pegar a premissa do original e acrescentar diversos novos elementos. O resultado foi positivo, embora existam falhas.
O novo Suspiria tem a “audácia” de mexer na questão de iluminação e direção de arte da obra original, mas este deve ser visto como um mérito da direção de Guadagnino. As cores no novo Suspiria são opacas e secundárias. Existe a utilização de marrom, cinza, bege e cores frias em paredes, prédios e figurinos. Das cores fortes, destaque apenas para o vermelho e mesmo assim em poucos momentos. Além disso, está sempre chovendo ou nevando na Berlim do filme, cuja ação acontece em 1977.
Guadagnino também é muito feliz com a sua câmera, que se move de forma a causar estranhamento, como nos excessos de zoom in, quase como uma homenagem ao cinema de horror da década de 1970. O filme possui algumas sequências de encher os olhos, como a primeira morte que acontece na sala de espelhos, ou nas sequências de sonhos. Estas são incríveis!
Outro ponto que fez o novo Suspiria crescer foi a atriz Tilda Swinton como a professora Blanc. Altiva e séria, a personagem mantém um olhar distante, o que a torna realmente assustadora. Sem apelar para caras e bocas, algo que nunca foi a característica de Swinton, é a altivez da personagem que a torna forte em cena. Impressionante como o filme sempre cresce quando ela aparece.
O mesmo infelizmente não pode ser dito sobre Dakota Johnson, da trilogia Cinquenta Tons de Cinza, como a estudante Susie. Apesar de estar bem em alguns momentos, a atriz não segura o filme em sua totalidade alternando bons resultados com outros não tão felizes ou seguros. A atriz Jessica Harper foi a Susie no filme de Argento e é gritante a diferença da caracterização das personagens. Se no filme original temos uma Susie comovente e linear, a do remake parece ter saído de qualquer filme de terror atual, sem profundidade ou mesmo carisma. Harper ganhou uma ponta no novo Suspiria. Muito bom rever a atriz em cena.
Além deste problema com a personagem Susie, o roteiro infelizmente empaca em alguns momentos, tornando a trama desnecessariamente longa. Parte deste problema responde pela insistência em tirar momentos da trama de dentro da escola ao incluir o personagem de um psicólogo que começa a investigar os acontecimentos depois do desaparecimento de uma jovem. Aqui existe uma brincadeira da produção, uma vez que o psicólogo é interpretado também por Tilda Swinton. No entanto, o problema é que as constantes saídas da escola acabam por prejudicar o ritmo da história. O longo tempo de duração também não ajudou e alguns pontos cruciais do roteiro são resolvidos de forma muito rápida, como a aluna novata que chega e já pega o papel principal da montagem organizada por Blanc.
No original existe um clima de prisão e angústia crescente e sufocante na escola e na refilmagem esta ideia se perdeu. Além disso, apesar das personagens das administradoras da escola serem funcionais, não existe um bom desenvolvimento das alunas, o que era feito de forma muito convincente na trama original.
Com a estreia internacional, os olhos dos fãs do filme de 1977 se voltaram para Dario Argento. Afinal, o que o homem responsável pelo clássico teria a dizer sobre o novo Suspiria? “Ele não me empolgou. Traiu o espírito do filme original: não há medo, não há música. O filme não me satisfez muito”, disparou Argento. No entanto, talvez para evitar maiores críticas, o cineasta logo declarou que “trata-se de um filme refinado, como o próprio Guadagnino, que é uma ótima pessoa. Guadagnino faz lindas mesas, lindas cortinas, lindos pratos, tudo é lindo…”, completa.
Críticas à parte, a refilmagem é boa justamente por não insistir em ser uma cópia da obra clássica de Dario Argento. Existem problemas? Sim. Este Suspiria vai entrar também para a seleta galeria de obras clássicas do gênero? Muito provavelmente não. Mas vale a pena ser conferido e não envergonha o original. Na verdade, trata-se de uma produção bem acima da média e que deve ser vista tenha você assistido ou não o filme de Argento.
Assim, eu acabei de assistir, eu gosto bem mais da mitologia das 3 mães do que da história em si e eu achei que destruírem certa personagem para dar ”existencialismo” a outra ficou feio e bem irritante.
Eu não acho um filme horrível e chato como muitos falam.
Muito menos acho uma obra prima e tals, achei interessante como eles exploraram mais as bruxas em si, mas reverter certos conceitos e desrespeitar até o livro, foi complicado demais.
o filme é ok, mas muito apático e muito insosso para mim, principalmente o plot sem pé nem cabeça do original e o plot da protagonista, e a cena final não me trouxe nada, como sempre,”espetáculo visual” que não foi espetáculo.
Enfim acho que eu daria um 6,5.
faltou cor e música, sendo que era um filme comprometido com ambas as coisas.