Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy (2019)

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Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy
Original:Conversations with a Killer: The Ted Bundy Tapes
Ano:2019•País:EUA
Direção:Joe Berlinger
Roteiro:Joe Berlinger
Produção:Sara Enright
Elenco:Hugh Aynesworth, Bob Keppel, Stephen Michaud, Ted Bundy

Antes do uso popular da expressão “serial killer” para identificação de um assassino que comete diversos crimes nos mesmos moldes, Ted Bundy já havia feito as suas primeiras vítimas. Nascido em 24 de novembro de 1946, Theodore Robert Cowell cresceu como uma criança saudável em Burlington, Vermont, brincando com os irmãos, sob a rígida educação de seus pais, religiosos convictos. Tímido e de poucos amigos, formou-se em 1965, para no ano seguinte já ingressar na popular Universidade de Washington, onde teria seu primeiro e mais importante relacionamento. Após participar da campanha política do presidenciável Nelson Rockefeller e se envolver com convenções do partido republicano, Bundy veria seu namoro terminar de maneira traumática, retornando para a Califórnia em companhia de sua família. Com passagens pelo Arkansas e Philadelphia, ele voltaria para Washington em 69, época em que já havia relatos de seus primeiros assassinatos. Ou talvez até antes, dadas as circunstâncias que apontam uma possível vítima de 18 anos em 1961. Contudo, registrado oficialmente, Ted Bundy começou a ser caçado pelos crimes cometidos a partir de 1974, culminando numa contagem de 36 garotas, embora o próprio FBI acredite que o número possa ser aproximar de uma centena.

Além de uma carreira de feminicídios, Bundy é comumente associado ao carisma, inteligência e principalmente beleza. Olhos azuis e uma ótima dialética o tornaram uma das principais figuras públicas da década de 70, com grande força pela estupidez policial, tanto na dificuldade em registrar e identificar crimes quanto na simples manutenção de seus criminosos. Ted Bundydeitou e rolou” com a segurança, fugindo de suas acusações tanto fisicamente quanto na organização de sua própria defesa. O problema é que essa confusão simplesmente serviu para aumentar o número de suas vítimas, mostrando sua ousadia e agressividade, fascinando estudiosos de assassinos em série até hoje.

Ted Bundy inspirou produções sobre sua carreira repleta de deformidades. Uma delas está disponível na Netflix com o nome Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy, numa minissérie em quatro capítulos que exploram sua vida a partir dos materiais de arquivo e entrevistas, concebidas ao jornalista Stephen G. Michaud, resultando em mais de 100 horas de gravação, variando entre a negação de seus feitos até a descrição de suas ações na terceira pessoa. Com direção do experiente documentarista Joe Berlinger, trata-se de um trabalho bem interessante sobre Ted Bundy ainda que não traga novidades, além do que já se conhece – e ainda ignore algumas informações sobre uma possível insinuação de violência sofrida na infância e os crimes cometidos antes de 74.

Cada capítulo explora uma fase de sua vida, sempre de maneira documental. Mostra registros de sua infância e participação política no primeiro capítulo, já com as buscas inicias a um criminoso que dirige um fusca bege e atrai belas garotas para atos de violência sexual e estrangulamento. Na segunda, a investigação se confunde com mais mortes em outras regiões, sem o diálogo entre as delegacias e os estados, justificados pela dificuldade em comunicação da época. O terceiro traz suas prisões e fugas, principalmente a segunda que poderia encerrar qualquer aproximação policial se não fosse um descuido do próprio assassino. E, por fim, o último, que apresenta seus julgamentos e luta para evitar sua condenação à pena de morte.

Além das imagens e da boa narração de pessoas que conviveram com Ted Bundy, há a todo momento áudios de sua entrevista em cada etapa, fortalecidas pelas intervenções criativas do jovem jornalista. O documentário pode servir de porta de entrada para aqueles que não conhecem um dos assassinos em série mais inteligentes de sua época, bem a frente de seu tempo, e que moldaria o cenário de investigação criminal. Para conhecer mais a respeito de seus atos, vale a pena buscar outros filmes – incluindo os que ainda serão feitos – e uma leitura curiosa da obra Ted Bundy – Um Estranho ao Meu Lado, publicada pela Darkside Books.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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