Ele está lá Fora
Original:He's Out There
Ano:2018•País:EUA Direção:Quinn Lasher Roteiro:Mike Scannell Produção:Adrienne Biddle Elenco:Yvonne Strahovski, Anna Pniowsky, Abigail Pniowsky, Ryan McDonald, Justin Bruening, Julian Bailey |
O primeiro filme de Quinn Lasher tinha o potencial para um curta-metragem ou um segmento de uma antologia, mas não se sustenta em um roteiro de 90 minutos. É uma ideia simples, um argumento que não tem muito o que explorar, e nem se preocupa em ir além do que se propõe, construído como uma parábola, uma ilustração de uma lenda infantil. Só não fica abaixo da média devido exatamente a essa narrativa com tons folclóricos, e principalmente pelo elenco, encabeçado pela expressiva Yvonne Strahovski, da série 24 Horas. Poucos personagens, ambientação quase que inteira em um espaço reduzido, e um antagonista frio e violento, que remete a outros vilões de filmes do gênero, são as única qualidades dessa produção.
Planejando alguns dias de férias numa casa próxima a um lago, Laura (Strahovski) leva suas duas filhas, Kayla e Maddie (as irmãs na vida real Anna e Abigail Pniowsky), enquanto aguarda a vinda do marido Shawn (Justin Bruening). Assim que chegam ao local, conhecem o segurança Owen (Julian Bailey), que, por um breve momento, até pensa em flertar com a bela mãe solitária. Ele conta que a casa pertencia a uma família que deixou a morada depois que o filho, com problemas mentais, desaparecera. Subplot indicativo de possível origem para o vilão, ou talvez uma distração do roteiro? Ainda no processo de reconhecimento da morada rural, as pequenas seguem uma linha vermelha que as conduz para o interior da mata, antecipando a primeira ação do psicopata.
Uma mesa na floresta, com dois bolinhos apetitosos, num típico cenário de conto infantil, como uma recriação do pesadelo de João e Maria. Maddie é a única que come, e posteriormente terá problemas intestinais, preocupando a mãe que fica indecisa sobre como agir. Logo, aquele que está lá fora dará mais sinais de que tem um plano a traçar, eliminando qualquer um que tentar impedi-lo de construir a imagem que tem em mente. Seria o tal jovem desaparecido? Owen talvez? Ou há um outro inimigo à espreita, que veste uma máscara para assombrar as garotas e a mãe, com a possibilidade de se tornar um ícone do gênero?
Não há realmente nada que possa ser explanado além disso. Trabalhando com a claustrofobia proposta e as decisões equivocadas de Laura, que constantemente abandona as filhas, o roteiro de Mike Scannell arrasta nitidamente a narrativa para dar uma metragem maior à produção, como observado na longa sequência envolvendo Shawn no mercado, a caminho da casa e na investigação de uma linha vermelha na madrugada, imaginando se tratar de uma brincadeira da esposa. E, na cena que antecede o último ato, o espectador chega a ficar com a sensação de que está diante de uma produção ousada, pessimista, que não vê problema em ferir crianças para despertar incômodo. Mas, fica no quase. Aliás, provavelmente as jovens atrizes devem ter sido acompanhadas por psicólogos, pois elas gritam e choram o tempo todo, com uma postura bem próxima do que seria uma reação verdadeira.
Ele Está lá Fora é um quase slasher com bons ingredientes, mas que podem resultar num incômodo estomacal. Não pela violência – ainda que tenha um ferimento a machado onscreen – ou pela tensão desenvolvida, e, sim, pela duração além de suas possibilidades. É como estar com uma prisão de ventre sob uma pena perpétua, enquanto acompanha uma linha narrativa que não leva a lugar algum.
Eu gostei do filme. Apenas a motivação do psicopata que ficou vaga