Obsessão (2018)

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Obsessão
Original:Greta
Ano:2018•País:EUA, Irlanda
Direção:Neil Jordan
Roteiro:Neil Jordan, Ray Wright
Produção:Lawrence Bender, James Flynn, Sidney Kimmel, John Penotti, Karen Richards
Elenco:Isabelle Huppert, Chloë Grace Moretz, Maika Monroe, Jane Perry, Jeff Hiller, Parker Sawyers, Arthur Lee, Rosa Escoda, Jessica Preddy, Thaddeus Daniels, Raven Dauda, Colm Feore, Zawe Ashton

Com uma filmografia bastante diferenciada, com produções que passam por gêneros diversos, Neil Jordan é sempre lembrado pelo bom trato dado à antologia A Companhia dos Lobos, de 1984, e aos vampiros de Anne Rice em Entrevista com o Vampiro (1994). Ambos trazem personagens que podem ser caracterizados pela ingenuidade diante de monstros, em embates que mostram que a resistência pode partir da relação entre os opostos. Seu último filme, Obsessão (2018), lançado timidamente nos cinemas brasileiros em 13 de junho, mais uma vez traz esse conflito, e ainda boas atuações e algumas doses de um suspense raso mas eficiente.

Frances McCullen (Chloë Grace Moretz) encontra uma bolsa em um assento do metrô. Não tendo como devolvê-la devido ao horário de encerramento do setor de Achados e Perdidos, ela a leva para casa. Sua colega de apartamento, Erica Penn (Maika Monroe, um rosto de muitas produções do gênero), sugere que a garota fique com o dinheiro encontrado e ignore o endereço de identificação da proprietária. Frances opta por devolvê-la à dona, a inicialmente simpática Greta Hideg (Isabelle Huppert, do excelente Elle, 2016). Nasce uma amizade parental, com as duas se encontrando para jantar, confidenciar segredos do passado e até para adquirir um cão no Centro de Zoonoses.

Como Frances sente muito a falta da falecida mãe, Greta surge para assumir a função, enquanto relata saudades da filha em Paris – um aparente encaixe perfeito entre as ausências sentidas. A garota passa a deixar de lado os compromissos com a amiga pela oportunidade de passar alguns momentos com a sua nova mãe, porém a boa relação se dilui com uma descoberta, presente no trailer: em um armário na casa, Frances encontra várias bolsas, com a identificação de jovens que fizeram a mesma boa ação que ela. Assim que sua máscara de amiga de ocasião cai, Greta se revela uma mulher obsessiva, perseguidora e capaz de fazer qualquer coisa para alcançar seu objetivo, mesmo que para isso tenha que agir com violência e determinação.

Sem muito esforço ou surpresas, o roteiro de Jordan e Ray Wright (de Caso 39, 2009) pode ser que prenda a sua atenção. Cria algumas cenas simples de tensão nos problemas enfrentados pela protagonista, mas deixa a dúvida sobre o grau de ameaça da vilã. Por diversas vezes, o espectador ficará imaginando possibilidades de resolver os principais obstáculos, e não irá entender como se tornaram tão graves até chegar à caixa. E há um provável furo no roteiro que envolve uma ação surpresa no ato final, em que dada personagem simplesmente não consegue reconhecer uma outra pessoa, mesmo depois de tê-la observado bem em outro momento.

Contando com outros rostos conhecidos em papéis pequenos, como os de Colm Feore e Stephen Rea, que poderiam ter ficado de fora da trama e não fariam falta, Obsessão tem a essência de outras produções de Neil Jordan, seja no conflito entre inocência e agressividade ou no desenvolvimento de personagens femininas fortes – e ainda conta com sua boa direção. No entanto, está bem distante de figurar entre os destaques de sua filmografia. É um bom suspense, e só.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

2 thoughts on “Obsessão (2018)

  • 01/08/2019 em 10:42
    Permalink

    Achei horrível. Tudo no filme soa falso, até as atuações.

    Resposta
  • 28/07/2019 em 23:43
    Permalink

    Gostei do filme em sí, mas o final foi forçadíssimo…

    Resposta

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