Caçador de Mentes – Mindhunter (2019) – 2ª Temporada

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Mindhunter - Caçador de Mentes - 2ª Temporada
Original:Mindhunter - Season Two
Ano:2019•País:EUA
Direção:David Fincher, Carl Franklin, Andrew Dominik
Roteiro:John Douglas, Mark Olshaker, Joe Penhall, Joshua Donen, Courtenay Miles, Liz Hannah, Doug Jung, Pamela Cederquist, Shaun Grant, Phillip Howze, Jason Johnson, Colin J. Louro, Alex Metcalf
Produção:Jim Davidson, Mark Winemaker, Liz Hannah
Elenco:Jonathan Groff, Holt McCallany, Anna Torv, Sonny Valicenti, Stacey Roca, Joe Tuttle, Zachary Scott Ross, Cotter Smith, Albert Jones, Michael Cerveris, Mark Falvo, Dohn Norwood, Gareth Williams, June Carryl

Não era somente Holden Ford (Jonathan Groff) que estava ansioso pela entrevista com Charles Manson, muito bem interpretado por Damon Herriman, mas também o espectador. Desde o primeiro encontro com o insano Ed Kemper (Cameron Britton), que provocara a deterioração psicológica de Ford, um dos protagonistas já havia anunciado seu interesse em conversar com célebre psicopata das celebridades. Depois de investigar criminosos com perfis bastante distintos e arrumar problemas internos com o FBI, o ex-agente de negociações sofreu o estopim de suas crises com o abraço carinhoso de Kemper e acabou ficando algum tempo sob observação em uma ala de psiquiatria. Enquanto isso, seu parceiro, Bill Tench (Holt McCallany), abrandava a situação no setor de Ciências Comportamentais, com o anúncio da aposentadoria de Shepard (Cotter Smith).

Ford retorna ao escritório, carregando medicamentos de contenção psicológica, após suas crises de pânico serem diagnosticadas. A dúvida de seus colegas, incluindo a um pouco mais simpática Dra. Wendy Carr (Anna Torv), é a do descontrole emocional durante as entrevistas. Algo que acontece durante enfrentamentos com Shepard e até Bill Tench, que se afasta consideravelmente do parceiro não relatando um problema que sofre dentro de sua própria morada. Se na primeira temporada, Ford assumiu as rédeas das tensões pessoais, nesta segunda acontece com Bill, quando ele descobre que seu filho teve um envolvimento direto com a morte de uma criança. Como ele já havia sido apontado como uma criança introvertida e de de difícil acesso, as consultas médicas levam o agente a um desgaste psicológico evidente. Mais uma vez a série, sob a tutela executiva de David Fincher, mostra-se à vontade para lidar com o embate entre trabalho e família.

Em Atlanta, Ford é convencido por um grupo de mães da região a lidar com um serial killer de crianças. Inicialmente, o agente sente complicações ao tentar convencer seus colegas de que se trata de assassinatos padronizados e que precisaria da investigação do FBI, e depois vem a dificuldade em encontrar pistas, enquanto as quase trinta vítimas surgem na região. A tensão envolve a pressa na identificação de prováveis suspeitos, a ingenuidade da polícia na época de encontrar os vestígios necessários e a questão racial: a tentativa de Ford de apresentar um perfil que aponte para um homem negro é constantemente rejeitada. Com a insistência dos agentes, uma filial é montada no local, mas serão necessárias algumas ideias arriscadas para se chegar ao suspeito.

A narrativa da segunda temporada se divide em duas partes principais: os problemas familiares de Bill e a investigação em Atlanta. Enquanto isso, plots menores dividem a atenção do espectador como o do novo relacionamento de Wendy, o das ideias propostas pelo novo diretor, Gunn (Michael Cerveris), e, claro, o das entrevistas com assassinos em série, desta vez com a participação de Wendy e Gregg Smith (Joe Tuttle). Com uma caracterização absolutamente convincente, em um belíssimo trabalho de elenco e maquiagem, eles conversam com o Filho de Sam, David Berkowitz (Oliver Cooper), o “possuídoPaul Bateson (Morgan Kelly), o jovem Elmer Wayne Henley (Robert Aramayo) e William Pierce Jr. (Michael Filipowich). O destaque da temporada – e da série – é o encontro com Manson, que atribui muitas de suas ações a um dos assassinos de Sharon Tate, Tex (Christopher Backus). Ford parece estar visivelmente intrigado por ele, quase com uma idolatria, ao passo que Bill demonstra frieza e até faz provocações.

O Filho de Sam, verdadeiro e o da série

Como acontecia na primeira temporada, alguns prólogos trazem as ações do famoso BTK Dennis Rader (Sonny Valicenti), que passa a ser lembrado pelos crimes cometidos e cartas enviadas ao FBI. Suas taras sexuais também são exploradas na série, embora saibamos que sua prisão não será mostrada em nenhuma temporada, uma vez que ele só fora preso em 2005. Mas, chega a realmente impressionar o modo como ele é caracterizado em sua rotina aparentemente comum.

Além de destacar personagens que apareceram pouco na primeira temporada, como a esposa de Bill, que suporta ao máximo a ausência do marido, a série apresenta alguns novos como o agente Jim Barney (Albert Jones), que trabalha em Atlanta, mas também participa de algumas entrevistas com assassinos em série. Essas mudanças foram essenciais para que a produção ganhasse dinamismo e novo fôlego, ainda que se afaste do livro ao qual se inspirou, Mindhunter: Inside the FBI’s Elite Serial Crime Unit. O bom elenco, direção (do próprio Fincher, Carl Franklin e Andrew Dominik) e produção fizeram desta segunda parte um dos melhores produtos da Netflix, com uma perspectiva boa para uma terceira temporada.

Mindhunter continua sendo um dos maiores atrativos da plataforma, ao lado de Stranger Things e A Casa de Papel. É sempre bom acompanhar séries que envolvem mistérios e investigações criminais com esse excelente trato, que inclui diálogos refinados e uma excelente trilha sonora. Agora é aguardar pelas novas entrevistas dos agentes para se aprofundar na mente dos assassinos em série mais terríveis da América.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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