Paciente Zero: A Origem do Vírus (2018)

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Paciente Zero - A Origem do Vírus
Original:Patient Zero
Ano:2018•País:UK
Direção:Stefan Ruzowitzky
Roteiro:Mike Le
Produção:Vincent Newman
Elenco:Natalie Dormer, Stanley Tucci, Clive Standen, Matt Smith, Agyness Deyn, Frederick Schmidt, John Bradley, Colin McFarlane, Pippa Bennett-Warner, James Northcote, Susanna Herbert, Bern Collaço

Faz muito tempo que se fala na realização desse filme. Em meados de 2013, já havia um roteiro pronto e o interesse do público em vê-lo transformado numa produção para o cinema. Mike Le, autor do argumento, parecia ser a última bolacha do pacote, pois havia vários estúdios interessados em produzi-lo, num conflitos de interesses e negociações, enquanto seu conceito entrava numa lista de produções mais desejadas, entre as mais procuradas nos sistemas de busca. Screen Gems venceu a batalha e contratou, em 2014, Stefan Ruzowitzky para assumir a cadeira de diretor, com as filmagens acontecendo entre março e abril de 2015. Havia uma intenção de levá-lo à tela grande em 2 de setembro de 2016, depois houve um adiamento para 17 de fevereiro de 2017, porém…

Exibições-teste mostraram que na teoria Paciente Zero poderia funcionar. Apenas na teoria. Novos adiamentos – e até o anúncio que o filme poderia chegar aos cinemas brasileiros -, até a Screen Gems perceber que, às vezes, vencer uma briga pode significar derrota. O longa teve lançamento em VOD no dia 14 de agosto de 2018, além de um lançamento bastante limitado nos cinemas em setembro do mesmo ano. Poucas pessoas testemunharam a obra. E as que viram não deram muita importância. O próprio termômetro de críticas, o site Rotten Tomatoes, não tinha mais do que 10 opiniões, com avaliações bastante negativas. Paciente Zero reflete exatamente esse conturbado passeio de um argumento até sua realização, mostrando-se falho e desinteressante, ainda que tenho um fio narrativo atraente.

Na trama, a mutação do vírus da raiva passou a transformar as pessoas em seres irracionais, agressivos, com o contágio acontecendo em 90 segundos após uma mordida ou contato com a saliva – completamente chupado da franquia O Extermínio. Assim, o que sobrou da população está escondido em abrigos nucleares subterrâneos, enquanto cientistas tentam descobrir a cura através da entrevista com os infectados em busca do paciente zero. A única pessoa capaz de se comunicar com eles é Morgan (Matt Smith), que, apesar de ter sido mordido, não chegou a desenvolver os principais sintomas da doença. Ele busca desesperadamente a cura para tentar salvar sua esposa Janet (Agyness Deyn), algo que incomoda a virologista Dra. Gina Rose (Natalie Dormer), que nutre uma paixão pelo rapaz e busca exclusividade.

Gina, por sua vez, é o interesse do militar Knox (Clive Standen), que não acredita na metodologia utilizada por Morgan. Ele nomeia as criaturas com nomes de artistas consagrados – é a melhor ideia do roteiro – como Joe Cocker e Pete Townshend, e faz uma experiência com a trilha sonora, aproveitando-se da sensibilidade dos infectados. Durante a entrevista, com o apoio do parceiro Scooter (John Bradley, de Game of Thrones), ele busca informações que possam ser do período em que a doença ainda não havia se espalhado, para saber onde procurar o paciente zero; algo que muda com a chegada do infectado nomeado O Professor (Stanley Tucci, numa interpretação hannibalíssima), que age ponderadamente até mesmo para narrar sua transformação e o assassinato de sua família.

Ambientado no complexo, com cenas apenas em estúdio, Paciente Zero é centrado basicamente nos diálogos e embates internos, mas decepciona na comparação com outras produções do estilo. Traz algumas cenas de tensão e violência no último ato, além de uma importante revelação, contudo não consegue encontrar um final adequado, deixando a impressão que os realizadores já imaginaram que dele poderia vir uma franquia, com a exploração do mundo pós-apocalíptico. Não inova na maquiagem dos infectados, nem mesmo no propósito da doença, e concentra sua força nas sentenças promovidas, como a do professor que diz: “Os humanos são a doença, o vírus é a cura.“, algo que deixaria Sylvester Stallone com inveja.

Se as distribuidoras soubessem o que iria acontecer com o mundo com a chegada do Coronavírus, teria tentado um lançamento num período mais conveniente. Paciente Zero: A Origem do Virus não trata especificamente da doença e da busca pela cura, nem funciona como um espelho do confinamento, mas mostra o medo da contaminação e a oportunidade de conhecer um outro lado dos infectados. Pena que só deve ter dado certo no papel.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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