Epidemia (1995)

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Epidemia
Original:Outbreak
Ano:1995•País:EUA
Direção:Wolfgang Petersen
Roteiro:Laurence Dworet, Robert Roy Pool
Produção:Gail Katz, Arnold Kopelson, Wolfgang Petersen
Elenco:Dustin Hoffman, Rene Russo, Morgan Freeman, Kevin Spacey, Cuba Gooding Jr., Donald Sutherland, Patrick Dempsey, Zakes Mokae, Malick Bowens, Susan Lee Hoffman, Benito Martinez, Bruce Jarchow

Em meio a um período caótico, em que o distanciamento passa a ser a única maneira de evitar a disseminação de um perigoso vírus – infelizmente, não é um roteiro de cinema -, os infernautas reclusos passam a buscar produções que envolvam doenças mortais e até mesmo fazer sua própria lista de obras no estilo. E tanto o terror quanto a ficção científica são os principais cabeças-de-chave da escolha, mesmo que o espectador não esteja procurando algo nesses gêneros. Na Netflix, uma opção que anda sendo bastante procurada foi lançada em 1995, sob o comando de Wolfgang Petersen, e trouxe um elenco de peso para apresentar um thriller repleto de tensão e momentos de desespero.

Inspirado numa obra de não-ficção de Richard Preston, The Hot Zone, e com roteiro de Laurence Dworet e Robert Roy Pool, Epidemia (Outbreak) foi lançado nos cinemas americanos em 10 de março de 1995 e foi um sucesso absoluto. Custou pouco mais de U$50 milhões e arrecadou U$122, com uma boa leva de críticas positivas, e premiando Kevin Spacey em duas premiações pela ótima performance como ator coadjuvante – New York Film Critics Circle Awards e Society of Texas Film Critics Awards. Roger Ebert, do Chicago Sun-Times escreveu na época: “uma das grandes histórias de terror do nosso tempo, a noção de que nas profundezas das florestas tropicais desconhecidas doenças mortais estão à espreita, e se elas escaparem de suas casas na selva e entrarem na corrente sanguínea humana, haverá uma nova praga como nunca vista antes.” Poderia ser uma sentença exagerada, mas uma olhada nos números de mortos pelo mundo, vítimas do Coronavírus, para se ver o quão assustador a temática pode ser.

Começa em 1967, com a descoberta do vírus Motaba num vilarejo africano. O exército americano, sob o comando dos oficiais Donald McClintock (Donald Sutherland) e Billy Ford (Morgan Freeman), com a pretensão de conter a ameaça, executa um bombardeio, exterminando toda a vida na área. 28 anos depois (sempre 28!!), o virologista Sam Daniels (Dustin Hoffman) é apresentado durante uma investigação de uma epidemia no Zaire. Ele, ao lado do tenente Casey Schuler (Kevin Spacey) e o novo recruta Salt (Cuba Gooding Jr.), percebem o nível da ameaça e retornam para trazer um relato na América, sem saber que a macaca Betsy, portadora do vírus, está chegando ao país. Por razões capitalistas, James “Jimbo” Scott (Patrick Dempsey) rouba o animal para vendê-lo num pet shop para Rudy Alvarez (Daniel Chodos), sem sucesso, deixando-o, então, numa mata em Palisades.

Infectados, os dois espalham a doença para outras pessoas como a namorada de Jimbo, Alice (Kellie Overbey), e frequentadores de um cinema ou que tiveram contato com a dupla. Logo Jimbo, Rudy e Alice sucumbem à doença, e o estudo sobre o vírus nota semelhanças com o que perturbou a comunidade na década de 60, despertando investigações sobre o ocorrido. A própria criação da ameaça é questionada, sob o ponto de vista de um conspiração biológica, conduzindo Sam a uma busca desesperada pela cura, ainda mais pelo vírus apresentar uma mutação ainda mais agressiva, enquanto ele tenta consertar seu casamento problemático com Robby Keough (Rene Russo). E o que antes parecia uma ameaça à população se intensifica com o contágio atingindo a própria equipe e as atitudes hostis dos militares envolvidos no extermínio. Uma nova possibilidade de destruição de uma cidade intensifica a loucura e o desespero na busca pelo animal.

Com esse elenco de rostos conhecidos e premiados, fica ainda mais interessante e motivador apreciar o enredo. É claro que se trata de uma produção que segue a cartilha das improbabilidades hollywoodianas, como a forma rápida em que tudo se resolve apenas para facilitar o almejado final feliz. Tudo parece acontecer ao mesmo tempo: contaminação de pessoas queridas, ameaça de novo bombardeio, busca pelo animal, produção da cura…o que deve deixar cientistas da área com uma expressão incrédula. Assim como também não é levado em consideração que a doença possa sair do território americano ou mesmo da pequena cidade, uma vez que os personagens são vistos transitando em lugares públicos como no próprio aeroporto.

Apesar dessas facilitações do enredo, a trama, vista hoje – principalmente hoje -, prende bastante a atenção, e é beneficiada pela boa atuação do elenco. Donald Sutherland está brilhante como vilão, e Morgan Freeman segue seu estilo calmo e frio. Cuba Gooding Jr. já mostra porque a tela iria gostar de sua expressividade, enquanto Dustin Hoffman e Rene Russo fazem um belíssimo par. E, sem dúvidas, aquele que atrai mais olhares é Kevin Spacey, numa ascensão impressionante, justificando a versatilidade de sua carreira – até a descoberta recente de seus crimes sexuais.

Com uma boa direção de Wolfgang Petersen (do clássico A História sem Fim, e também de Busca Mortal, Linha de Fogo, Força Aérea Um, Mar em Fúria, Troia, Poseidon…), que faz um interessante plano sequência no começo do filme, Epidemia é uma opção mais do que curiosa no período atual, pois, apesar de mostrar a intensa agressividade de um vírus, como similaridade destruidora ao Ebola, permite uma boa reflexão sobre isolamento e a necessidade de pensar no próximo. E como entretenimento, funcionando como thriller, tem alguns momentos divertidos como a perseguição de helicópteros e o iminente bombardeio da cidade.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

3 thoughts on “Epidemia (1995)

  • 23/03/2020 em 09:36
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    Esse filme fez um sucesso absurdo mas locadoras na época por causa da epidemia de Ebola no antigo Zaire ( atual República Democrática do Congo), assim como contágio, o elenco estelar dá uma outra cara ao filme.
    Bem que o boca do inferno podia criar uma lista de filmes sobre infeções e isolamento:
    Epidemia
    Contágio
    Extermínio 1 e 2
    Mortos que matam
    A última esperança da Terra
    Eu sou a lenda
    Resident Evil 1 e 2
    Madrugada dos mortos
    The crazies
    REC
    12 macacos

    Resposta
    • 25/03/2020 em 02:34
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      Assino em baixo. O boca do inferno sempre faz listas ótimas de filmes!

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      • Avatar photo
        25/03/2020 em 22:24
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        Lista ainda não temos, mas amanhã sai um episódio do podcast sobre epidemias no cinema 🙂

        Resposta

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