O Assassino de Valhalla
Original:The Valhalla Murders
Ano:2019•País:Islândia Direção:Thordur Palsson, Thora Hilmarsdottir, Davíd Óskar Ólafsson Roteiro:Ottar Nordfjord, Thordur Palsson, Kristinn Thordarson, Davíd Óskar Ólafsson, Margrét Örnólfsdóttir, Ottó Geir Borg, Mikael Torfason Produção:Elin Mjoll Thorhallsdottir Elenco:Aldís Amah Hamilton, Bergur Ebbi Benediktsson, Edda Björgvinsdóttir, Gunnar Bersi Björnsson, Arndís Hrönn Egilsdóttir, Nína Dögg Filippusdóttir, Ottó Gunnarsson, Tinna Hrafnsdóttir, Sigurður Skúlason, Björn Thors, Anna Gunndís Guðmundsdóttir, Valur Freyr Einarsson, Víkingur Kristjánsson, Kristín Þóra Haraldsdóttir, Gunnar Hansson |
Sair um pouco do universo hollywoodiano permite que você tenha um contato com novas culturas, ainda que os enredos não sejam assim tão inovadores. Ainda que você saiba que a série O Assassino de Valhalla trará aquela velha fórmula de busca da identificação de um vilão, com suas motivações, e que terá o foco da trama nos inspetores, na caça a pistas, sem se esquivar do lado humano dos envolvidos, há a possibilidade de se surpreender. Um das curiosidades sobre a série islandesa é o fato dela quase não mostrar policiais com armas de fogo; para ter acesso a uma pistola, eles precisam acessar um cofres no interior dos veículo e fornecer uma senha, dada pelos administradores. Assim, é comum os agentes entrarem em locais suspeitos munidos apenas da lanterna e de cassetetes; e uma outra é a segurança quase mínima, devido ao baixo números de crimes no local – tanto que a própria sinopse já destaca a informação sobre se tratar do primeiro serial killer da Islândia!
Com poucos agentes de investigação, quando um homem é assassinado a facadas no porto, a superintendência da polícia manda de Oslo ao local o experiente Arnar (Björn Thors). De poucas palavras, sempre com uma carranca evidente devido a um passado problemático, ele se une a oficial Kata (Nína Dögg Filippusdóttir, uma Vera Fisher islandesa) para buscar pistas a respeito. As câmeras no local mostram um homem sendo violentamente esfaqueado, com o assassino ainda deixando uma assinatura nos olhos da vítima. Menos de 24 horas depois, um outro assassinato acontece até que percebem que a única ligação entre os mortos é que ambos trabalharam no reformatório de Valhalla.
Uma foto enviada à vítima mostra várias crianças e os cuidadores, permitindo que uma terceira pessoa possa ser identificada: uma mulher, encontrada também morta na própria Valhalla desativada. O ambiente era visto como exemplar na região, quando funcionava há 20 anos, tendo como único incidente o desaparecimento de uma criança. À medida em que as investigações avançam e outras são encontradas, Kata percebe que não foi bem assim e que o ambiente foi palco também de torturas e abusos diversos, e que o assassino possa estar em busca de vingança.
Além das cobranças, principalmente da imprensa local, com a afiada Selma (Anna Gunndís Guðmundsdóttir), Kata também enfrenta frustrações em sua carreira e na relação com o filho, após um suposto envolvimento dele em um estupro realizado por jovens locais. Ela também aguardava uma promoção no serviço, tendo que apenas aceitar a escolha da novata Helga (Tinna Hrafnsdóttir) para a função. E a busca pelo assassino de Valhalla pode ser também ofuscada por razões políticas com o envolvimento de peixes grandes, numa conspiração perigosa para abafar um passado assustador.
Assim a série ganha uma força narrativa bem interessante porque explora a investigação e a vida particular das personagens, principalmente Kata, que, aos poucos, sofre uma degeneração psicológica intensa como acontecera os inspetores envolvidos no caso do Assassino do Zodíaco (vide Zodiáco, de David Fincher). A obsessão em identificar o inimigo traça um paralelo com seu relacionamento familiar, evidenciando uma total falta de controle emocional, que pode vir a prejudicar a solução do crime.
Com o enredo bem trabalhado em suas complicações internas, sobra pouco do misterioso assassino, o que pode incomodar aqueles que preferem séries com perseguições, cenas de tiroteio e sangue em profusão. O Assassino de Valhalla é mais concentrado no lado humano, nos traumas que geram consequências e naqueles que querem ocultar seus erros.
Com a boa direção de Thordur Palsson (o criador da série), Thora Hilmarsdottir e Davíd Óskar Ólafsson, existe a possibilidade que o mistério se amplie numa segunda temporada, explorando ainda mais a cultura islandesa e assassinatos misteriosos. Confesso que gostaria de voltar mais vezes para lá.
Eu adorei. Aliás, tô me surpreendendo bastante com essas produções de outros países. Aproveitando a quarentena já assisti algumas da Islândia, França e Belgica e acho que não perdem em nada para as produções de Hollywood. O clima, o suspense, boas atuações, fica difícil dizer qual delas é a melhor. Mas esse de Valhalla foi muito intenso. Recomendo.
Top! Uma obra esmerada, primorosa; mesmo quem não é fã do gênero creio q vai gostar muito. Eu maratonei. À exemplo de Trapped, outra série da Islândia, excelente trabalho, q te prende do início ao fim! Que venham mais temporadas ?!!!