3.2
(6)

Vivarium
Original:Vivarium
Ano:2019•País:Irlanda, Dinamarca, Bélgica
Direção:Lorcan Finnegan
Roteiro:Lorcan Finnegan, Garret Shanley
Produção:Brendan McCarthy, John McDonnell
Elenco:Imogen Poots, Danielle Ryan, Molly McCann, Jesse Eisenberg, Jonathan Aris, Senan Jennings, Eanna Hardwicke

Dentre os pássaros com características peculiares, o Cuco é um dos mais interessantes. Seu modo de migração, alimentação e o próprio ciclo de vida são bastante fascinantes, tanto que na Natureza é considerada uma ave parasita. Ele deposita seus ovos em um ninho alheio até que as crias estejam em um tamanho adequado para deixar o estranho habitat e seguir seu caminho. E o que acontece com os “pais adotivos“? Seus outros filhotes são eliminados do ninho para evitar a concorrência e, mesmo tendo adquirido algumas semelhanças com os pais, logo entendem que devem prosseguir em sua jornada solitária. O metáforico longa Vivarium (na tradução, seria “viveiro“), de Lorcan Finnegan, explora essa e outras simbologias, num enredo com características que remetem à série Além da Imaginação.

A trama é bem simples e esquisita. O jovem casal Tom (Jesse Eisenberg) e Gemma (Imogen Poots) deixam o trabalho em uma escola infantil para ver uma casa. O bizarro agente imobiliário Martin (Jonathan Aris) leva a dupla para conhecer uma habitação no condomínio Yonder, com centenas de casas parecidas, numa espécie de CDHU, mas sem as cores que diferenciam as moradas. Na visita à residência, notam que ela está praticamente está pronta para morar, com todos os móveis, roupas, e, na geladeira, uma champanhe e morangos. Uma distração momentânea, e logo percebem que foram abandonados no local. As tentativas de encontrar uma saída são frustradas pelo labirinto de moradias, fazendo-os sempre retornar à casa 9.

Perdidos em um pesadelo solitário, ele são alimentados através de caixas deixadas na porta. Só não esperavam que em uma delas fossem encontrar um bebê recém-nascido, com a orientação: “criem para que sejam libertados.” Menos de 100 dias, e a cria já está no tamanho de um garoto (Senan Jennings), com voz adulta, atitudes sinistras (como a de gritar quando está com fome ou incomodado e sempre observar), e a capacidade impressionante de imitar. Sem afeto pelo pequeno e atormentados por sua postura, Tom e Gemma precisam encontrar um meio de entender a lógica desse aterrorizante viveiro, sem que a união dos dois seja atingida.

Mesmo com o inferno proposto, o roteiro de Finnegan, a partir de um argumento de Garret Shanley, traz elementos de humor negro na apresentação da rotina angustiante do casal, ao passo que brinca com a profundidade literal de seu enredo, nas ações metalinguísticas do rapaz – chega a ser irônico vê-lo cavando sem parar para encontrar uma saída lógica. Enquanto Tom sente raiva do garoto, culpando-o por estarem ali, Gemma tenta agir de maneira racional e afetuosa, realmente acreditando que um dia serão libertados do local.

No entanto, ainda que trabalhe situações que tragam uma dinâmica ao enredo, ele não parece funcionar em seus mais de 90 minutos. Momentos em que nada acontece, até mesmo como justificativa do inferno da repetição, podem incomodar os impacientes. Talvez Vivarium poderia ter uma avaliação ainda maior, se tivesse apenas 50 minutos, condensado numa trama enxuta e funcional típica de um episódio sobrenatural, com uma narrativa mais intensa.

Não que o resultado não seja bom, até porque algumas cenas, como a da passagem por debaixo da calçada, são bem ao estilo universo paralelo, comum em séries fantásticas, porém o gosto pode ser amargo, principalmente para aqueles que não demorarem para entender a proposta. E, apesar do simbolismo, ela está toda ali, evidente desde o prólogo em que se mostra o filhote de um pássaro no ninho.

Com atuações apenas boas – não acho que Eisenberg seja a melhor escolha -, Vivarium é uma boa experiência bio e sociológica, permitindo algumas boas reflexões e pesquisas, desde que você tenha paciência para encará-la por completo.

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Média da classificação 3.2 / 5. Número de votos: 6

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2 Comentários

  1. Eu assisti e até que gostei
    mas não é um filme que vai ficar sempre na memoria

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