4.3
(6)

Leviathan - O Segredo dos Oceanos
Original:Leviathan
Ano:1989•País:EUA, Itália
Direção:George P. Cosmatos
Roteiro:David Webb Peoples
Produção: Aurelio De Laurentiis, Luigi De Laurentiis
Elenco:Peter Weller, Richard Crenna, Amanda Pays, Daniel Stern, Ernie Hudson, Michael Carmine, Lisa Eilbacher, Hector Elizondo, Meg Foster, Eugene Lipinski

O terror já mostrou que existem lugares onde ninguém irá ouvir você gritar. É claro que a referência máxima é o espaço e os sete tripulantes da Nostromo, num confronto que mesclou gêneros e mudou a história do cinema. Muitas produções passaram a se espelhar nessa premissa claustrofóbica, como o submerso Leviathan, lançado dez anos depois, com um elenco de rostos conhecidos e um vírus mutante, com efeitos impressionantes de Stan Winston – que não esteve na jornada de 79, mas trabalhou na expedição seguinte, Aliens, O Resgate. Mas a lembrança ao clássico de Ridley Scott vai um pouco além desse argumento básico, com muito mais semelhanças (lê-se chupinhadas) do que se imagina.

Embora tenha na direção George P. Cosmatos (de Rambo II – A Missão) e no roteiro David Webb Peoples (Blade Runner) e Jeb Stuart (Duro de Matar), além da fotografia de Alex Thomson (que recebeu uma indicação ao Oscar por Excalibur), o longa foi muito mal recebido. Lançado nos cinemas em 17 de março de 1989, o filme arrecadou pouco mais de U$5 milhões no fim de semana de estreia, mas não passou de U$15 em seu lançamento total pelo mundo, sendo que custou U$25 milhões. Além de não se pagar, a produção foi bastante criticada, como disse Dave Kehr para o Chicago Tribune: “O roteiro foi atribuído a David Peoples e Jeb Stuart (Duro de Matar), mas é mais parecido com uma coleção de páginas aleatórias de Alien, Enigma de Outro Mundo, Outland: Comando Titânio e O Mar é Nosso Túmulo.” Já Janet Maslin, do The New York Times, foi mais ingênua ao dizer que o filme devia ser apenas comparado com Abismo do Terror, lançado no mesmo ano, do que com qualquer outro.

Mesmo com todas essas pedradas, Leviathan não é tão ruim quanto parece ou o subtítulo nacional, “O Segredo dos Oceanos“, quis mostrar. Diverte e tem efeitos e sequências bem interessantes, se você ignorar tudo o que viu no cinema até então. Uma equipe, contratada pela CEO da Tri-Oceanic Corp, Sra. Martin (a experiente Meg Foster, dos olhos mais claros do cinema), está submersa em uma plataforma na exploração de minérios, numa expedição de três meses. Estão lá o Dr. Glen ‘Doc’ Thompson (Richard Crenna, da franquia Rambo), Elizabeth ‘Willie’ Williams (Amanda Pays, da série Flash), Buzz ‘Sixpack’ Parrish (Daniel Stern, mais conhecido como um dos ladrões de Esqueceram de Mim), Justin Jones (Ernie Hudson, o caça-fantasma Winston), Tony DeJesus Rodero (Michael Carmine, de O Milagre veio do Espaço, falecido no ano do lançamento, vítima da AIDS), Bridget Bowman (Lisa Eilbacher, de Um Tira da Pesada) e G.P. Cobb (Hector Elizondo, de Uma Linda Mulher), além do comandante Steven Beck (Peter Weller, o eterno RoboCop).

Entre as brincadeiras comuns da convivência de um grupo e sua rotina – Sixpack e sua libido, as corridas de Willie e a tranquilidade de Steven -, em dado momento, durante uma missão externa, eles encontram uma embarcação naufragada, a soviética Leviathan. Aqui cabem informações sobre o nome do navio maldito: Leviatã foi um peixe agressivo citado no Antigo Testamento como uma referência ao demônio que simboliza a Inveja, mas que teve também uma interpretação mitológica na Idade Média, apontada como uma criatura de grandes proporções que assustava o imaginário dos navegantes. Um dos cinco príncipes infernais ou apenas um ser mitológico, o que importa é que não se deve retirar souvenirs de veículos naufragados, sem entender a causa que o levou a isso.

Com um rombo na lateral que parece ter sido alvo de um torpedo, Leviathan estava adormecido no fundo do mar, até a invasão de Sixpack e Willie. Ele retira de uma caixa guardada um frasco de vodca, enquanto os demais analisam uma fita de vídeo, onde um capitão alega estar com problemas com a equipe, sem maiores detalhes. Mais tarde, Sixpack contrai uma estranha doença, que apresenta erupções cutâneas e muita febre, não demorando muito para morrer, com a informação mantida em sigilo pelo doutor e Steven. Porém, não está realmente morto. Seu corpo sofre uma mutação estranha, com deformidades monstruosas, expondo tentáculos em movimentos sem ritmo. Logo, o mesmo acontece com Bowman, que sabendo o que aconteceu com o colega, e com a perda de cabelos, opta por cortar os pulsos.

Na tentativa de afastar os corpos, os dois “mortos” mesclam sua carne e ossos formando uma criatura grotesca, que atinge outros membros, até ser repartida em partes que também adquirem vida. O demônio lovecraftiano, que realmente remete a O Enigma de Outro Mundo, passa a se esconder na plataforma submersa, e os poucos sobreviventes tentam encontrar meios de matá-lo, sem a possibilidade de fuga, uma vez que receberam a informação que um furacão está sobre eles. Sem muitas armas, já que a missão deles não envolvia confrontos, cabe a Steven o comando dessa batalha claustrofóbica e com poucas chances de sobrevivência.

Se o grupo preso com uma criatura já não encontrasse semelhanças com o alienígena de dez anos atrás, as referências se ampliam em cenas como a do rapaz que sente que algo se mexe dentro de seu corpo, prestes a explodir. Não chega a liberar um monstrinho careca e cheio de dentes, mas a sequência do personagem gritando enquanto algo se move no estômago é muito parecida. Os efeitos são bem realizados, como era de se imaginar, embora aparenta um grau de tosquice no “susto final“, quando se acha uma razão para um possível final feliz. A câmera se perde na movimentação, proposital para esconder falhas visíveis, e fica difícil entender o que aconteceu com determinado personagem, mas ainda assim é uma sequência interessante.

Diversão garantida para quem é fã de filmes de monstro, Leviathan poderia ter uma avaliação melhor se não fosse a comparação necessária ao filme Alien, o Oitavo Passageiro. Foi lançado na mesma época de outras produções similares como Abismo do Terror (no mesmo box da Dark Side), O Segredo do Abismo (o blockbuster da lista) e os fraquinhos A Maldição de El Diablo, Inferno Submarino e Lords of the Deep. Ainda a temática seria abordada nas décadas seguintes, provando que o horror submerso pode ser bem atraente!

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2 Comentários

  1. Bom eu vi no último domingo
    achei ok. mas é um filme esquecível
    mas parabéns pela critica

  2. Assisti após ler essa critica,pelo amor de Deus, 3 ou 4 cenas de gore não salvam um filme. Uma analise naqquela época daria 3 caveiras,nós dias de hj 2 e olhe lá. Atuações horriveis ,designe meia boca e personagens esqueciveis.

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