Disforia (2019)

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Disforia
Original:Disforia
Ano:2019•País:Brasil
Direção:Lucas Cassales
Roteiro:Lucas Cassales, Thiago Wodarski
Produção:Mariana Mêmis Müller
Elenco:Rafael Sieg, Isabella Lima, Vinícius Ferreira, Juliana Wolkmer, Janaina Kremer, Ida Celina Weber

Disforia é um estado profundo de inquietude, descontentamento e mal-estar, é a sensação constante de desconforto, ansiedade e depressão. Tudo isso parece acompanhar os personagens do longa que leva o nome dessa condição, Disforia, de Lucas Cassales, que estreia na direção de longas-metragens depois de realizar curtas como o elogiado O Corpo, de 2015.

O filme tem como protagonista Dário (Rafael Sieg), um psicólogo que tinha deixado de atender pacientes depois de um trauma familiar que fez com que sua esposa, Silvia (Juliana Wolkmer), fosse internada em uma clínica para pessoas com problemas psiquiátricos. Dario volta a atender – segundo ele, clinicar estava lhe fazendo bem -, e sua amiga, Tania (Janaina Kremer), lhe encaminha uma paciente, a jovem Sofia (Isabella Lima), uma menina de 9 anos que vem apresentando episódios de agressividade.

Dário é recebido na casa de Sofia pelo pai da menina, o viúvo Paolo (Vinícius Ferreira), um homem sério, fechado, desconfortável por ter de contar com um psicólogo para ajudar sua filha. Por mais distante que esteja de Dário, os dois estabelecem uma espécie de relação baseada em perda e ausência, cada um com sua própria bagagem, ambos carregando um grande peso sozinhos. O psicólogo conhece Sofia, e a presença da menina causa efeitos devastadores em Dário, trazendo à tona velhas aflições que ele achava que tinha conseguido enterrar.

Disforia é um suspense psicológico com toques de terror que aparecem especialmente nas cenas que mostram os delírios de Dário, cuja saúde mental se deteriora cada vez mais ao longo do filme. Em paralelo, entendemos um pouco mais da história de Paolo através de cenas em found footage, vídeos que ele e a esposa, que faleceu no parto de Sofia, faziam um do outro. O Paolo que aparece nas filmagens é completamente diferente do que vemos no presente, muito mais animado e claramente apaixonado pela esposa. Essas cenas ajudam a entender qual é o mistério que cerca Paolo, Sofia e a avó materna da menina, Maria Luiza (Ida Celina Weber), e a unir a história dessa família com a de Dário no desfecho.

Cassales é bastante competente ao construir a atmosfera e o mistério em Disforia, assim como fez em O Corpo. O problema aqui talvez fique com a duração do filme em comparação com um curta: a partir de certo ponto, o enredo se torna um pouco arrastado e assistimos a sequências de cenas que geram mal-estar, levando a um desfecho menos satisfatório do que as perguntas levantadas ao longo da história nos fazem esperar. Ainda assim, todo o clima construído no filme faz a experiência valer a pena.

Disforia chegou a estrear nos cinemas brasileiros em março, mas teve suas exibições interrompidas devido ao Covid-19. Agora, o filme será disponibilizado em plataformas VoD a partir dessa sexta-feira, 26 de junho.

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Silvana Perez

Escolheu alguns caminhos errados e acabou vindo parar na Boca do Inferno em 2012. Apresenta o podcast do site, o Falando no Diabo, desde 2019. Fez parte da curadoria e do júri no Cinefantasy. Ainda fala de feminismos no Spill the Beans e de ciclismo no Beco da Bike.

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