Doom Eternal (2020)

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Doom Eternal
Original:Doom Eternal
Ano:2020•País:EUA
Desenvolvedora:id Software•Distribuidora: Bethesda Softworks

Antes de falar sobre Doom Eternal, devo confessar que dentre as críticas de jogos que já escrevi para o Boca do Inferno, a do reboot de Doom em 2016 é definitivamente a que eu mais mudaria. Não o texto em si, mas sua nota principalmente. Como First Person Shooter (FPS), a verdade é que Doom foi um colosso. O jogo saiu de toda a zona de conforto que o gênero se encontra, foi contra suas fórmulas estabelecidas e fez tudo isso magistralmente nos envolvendo em um caos de tiroteios contra hordas incontáveis de demônios. Sim, eu daria uma nota maior para Doom hoje. Seu impacto é tanto, que ansioso por Eternal, resolvi jogar mais uma vez Doom enquanto esperava minha cópia finalmente chegar. Quase que cronometrado, ao imediatamente terminar o jogo de 2016, o novo de 2020 finalmente chegou em minhas mãos. E para o bem ou para o mal, a verdade é que jogar um em sequência do outro teve efeitos bastante diferentes do que imaginava dentro dessa nova jornada.

A expectativa sobre Doom Eternal era simplesmente enorme. A piada dentro da comunidade gamer era que o jogo não precisava nem mesmo de trailers para se vender. Jogar seu antecessor era o suficiente para desejá-lo. E com a onda de expectativas, vieram então os problemas. O game que deveria ser lançado no final de 2019 sofreu um grande adiamento, e apenas em março deste ano ele finalmente chegou.

Basicamente, Doom Eternal manteve a fórmula do jogo de 2016. Ao iniciar a campanha, vamos de cara ao controle de Doom Slayer, o lendário destruidor de demônios, que do alto de sua fortaleza flutuante, observa do espaço uma Terra completamente devastada e dominada pelos seres do inferno, libertados por três sacerdotes corrompidos e que causaram desgraça total ao planeta, aniquilando quase toda a raça humana. Orientado pelo computador Vega, é hora de limpar os rastros do inferno do planeta.

Bem, falando assim parece legal, mas a verdade é que os cinco minutos de história em Doom Eternal já são bem problemáticos, porque simplesmente NADA bate com seu antecessor. Como Slayer se libertou do confinamento que foi obrigado? Vega precisava do maior sistema de refrigeração construído pelo homem para se manter que foi simplesmente destruído, então como diabos agora ele virou um dispositivo mobile? E, principalmente, onde está aquele robô arrogante desgraçado do Samuel Hayden para chutarmos sua bunda? Bem, pouco disso será respondido ao longo do jogo, porque após a breve introdução, vamos finalmente ao que importa aqui: atirar em demônios.

Doom Eternal vem com um leve aperfeiçoamento da sua jogabilidade anterior. Sai a inútil pistola e já ganhamos de cara a escopeta. Praticamente todo o arsenal anterior está de volta, com uma variação ou outra, além de claro as ótimas e nunca cansativas finalizações nos inimigos. Granadas e a motosserra que lhe dá munição quando utilizada também estão presentes como antes, mas é a habilidade de lançar chamas para ganhar pedaços de armadura que mais é bem vinda entre as novidades. Aliás, as novidades são até bastante, principalmente entre habilidades que podem ser adquiridas e customizadas, incluindo um soco sangrento que é bem útil.

Se Doom era frenético, Doom Eternal é definitivamente muito mais. Mas se em Doom você podia simplesmente meter o louco, ter suas armas favoritas e simplesmente esquecer as outras na estratégia que lhe desse na telha, em Eternal não é bem assim… Agora, boa parte dos inimigos possuem uma estratégia de derrota e isso acaba fazendo toda a diferença. O cérebro aranha? Use o explosivo da escopeta para quebrar seu canhão. O esqueleto lançador de mísseis? Atire com o rifle de precisão para quebrar seus lançadores. O drone? Com a finalização na cabeça, a morte certa e munição em grande quantidade vem juntas.

São estratégias interessantes, mas que no fim são quase obrigatórias. Não usar os esquemas de derrota dos inimigos criados para o jogo deixa tudo bem mais difícil. E definitivamente o desafio está bem maior aqui. Morrer inúmeras vezes nas hordas de demônios pode ser comum até mesmo no modo normal. E bem, por fluir mais devagar no andamento da campanha, isso pode até irritar alguns jogadores.

Outro ponto que divide opiniões é o jogo ter ganhado um lado de plataforma ainda maior. Morrer tentando passar de um cenário para outro pelo canto certo, com os movimentos certos, é mais frustrante que por um inimigo. E alguns momentos do caminho não são nada intuitivos.

E se em Doom havia poucos chefes e quase nada marcantes, em Eternal a coisa muda de figura. Os chefes são elementos marcantes de cada fase, mas mais uma vez a estratégia criada para cada um é obrigatória. Bastante poderosos, eles então se tornam exatamente o contrário do que o jogo representa. Derrotá-los vira uma experiência de muita raiva e pouca satisfação. Para piorar, dois deles em especial retomam com frequência ao jogo, o que sinceramente estraga algumas vezes o prazer de qualquer horda a ser derrotada. O último chefe é a única exceção. Sua batalha final é muito divertida e empolgante, o que até mesmo compensa alguns momentos anteriores onde o jogo fica repetitivo de vez, ainda que felizmente por pouco tempo em suas quase 20 horas de gameplay.

E claro, não podemos deixar de falar de excelente trilha sonora. Mick Gordon retorna a franquia trazendo um heavy metal que até quem não gosta se empolga. O empenho de Gordon foi tanto para o jogo, que ele criou o Doom Eternal Heavy Metal Choir, praticamente um grupo de vocalistas de heavy metal com diversas experiências de vida que partilham o amor pela franquia.

A história também anda e ganha níveis de profundidade bastante surpreendente para o que se imaginava de Doom. Slayer vira um guerreiro profético vindo de uma trajetória de desgraças por outros mundos, mas que agora tenta salvar a Terra do mesmo esquema de destruição de raças que ele passou no passado. Uma vingança contra o povo que transformou o inferno numa arma e que ganhou o status de Paraíso também é uma metáfora bem interessante. Mas lembram daquelas perguntas sobre o enredo no começo do texto? Bem, quase nada é respondido. E toda essa profunda história nova é contada em uma centena de documentos que precisam ser coletados e lidos ao longo do jogo.

Mas Doom não é sobre história. Doom é sobre matar demônios de forma frenética, sem piedade, com bastante violência e, acima de tudo, sendo extremamente divertido. E, bem, Eternal cumpre tudo isso. Ainda que a sombra de seu antecessor esteja pairando ali o tempo todo, a verdade é que Doom Eternal é sim um dos grandes FPS dessa geração e continuamos torcendo para que o Slayer ainda tenha muitos planetas e raças para salvar do inferno.

Doom Eternal está disponível para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch, Google Stadia e PC.

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Samuel Bryan

Jornalista, acreano, tão fã de filmes, games, livros e HQs de terror, que se não fosse ateu, teria sérios problemas com o ocultismo. Contato: games@bocadoinferno.com.br

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