Tubarões Voadores (2020)

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Tubarões Voadores
Original:Sky Sharks
Ano:2020•País:Alemanha
Direção:Marc Fehse
Roteiro:Marc Fehse, A.D. Morel, Carsten Fehse
Produção:Yazid Benfeghoul, Carsten Fehse, Marc Fehse
Elenco:Naomi Grossman, Tony Todd, Cary-Hiroyuki Tagawa, Lar Park-Lincoln, Robert LaSardo, Amanda Bearse, Diana Prince, Dave Sheridan, Barbara Nedeljakova, Noush Skaugen, Thomas Morris

Se já eram maltratados por produtores oportunistas há duas décadas – com cabeças a mais, aparições em lugares inusitados, conduzidos por tsunamis, fantasmagóricos e possuídos -, faltava apenas que servissem para a locomoção pelo céu por nazistas zumbis. Assim, o projeto insano de Carsten Fehse e Marc Fehse conquistou os valores necessários através do financiamento coletivo no Kickstarter e finalmente foi realizado na Alemanha. Parece que os investidores se empolgaram com o teaser divulgado e viram que poderia sair algo que ultrapassasse a barreira da bizarrice, em momentos toscos, sangrentos e divertidos. Sky Sharks ou Zombies on Flying Sharks estreou no FrightFest em 27 de agosto, e encontra-se disponível no catálogo do CineFantasy 10 para ser conferido na plataforma do Petras Belas Artes até dia 20 de setembro. Para quem já viu de tudo e está acostumado com as pérolas do gênero, pode ser uma curiosa pedida.

Além da proposta, o que chama a atenção em Tubarões Voadores são os envolvidos. O elenco conta com nomes como Naomi Grossman (de 1BR e American Horror Story), Tony Todd (o eterno Candyman), Cary-Hiroyuki Tagawa (veterano de mais de 130 produções, como Mortal Kombat e O Planeta dos Macacos), Robert LaSardo (rosto conhecido pelos papéis de vilão e gangster, mas que aqui aparece como um padre) e até Mick Garris (diretor de várias adaptações de Stephen King), entre muitos outros. E ainda você pode se impressionar ao ver nos créditos que o supervisor de efeitos especiais foi ninguém menos que Tom Savini (imagino que tenha só assistido o filme e dado risada porque há poucos efeitos práticos ou que possam ser enaltecidos). E o curioso é que boa parte desses envolvidos estão em pontas discretas ou na sequência inicial no avião, o melhor momento do filme.

A ideia de se ver um avião sendo atacado por nazistas voadores montados em tubarões foi tão bem aceita que o prólogo é bem grande e repetido posteriormente em outro ataque aéreo. Se fosse apenas um curta-metragem, com essa cena inicial, ainda que não trouxesse explicações para o ocorrido, Tubarões Voadores teria uma boa nota em muitas avaliações. Contudo, depois de todo exagero de mostrar o avião sendo destruído no ar e ainda continuar na trajetória, o filme continua, e os bocejos são inevitáveis. Nele, é descoberto um laboratório nazista em um navio encalhado na Antártica onde foram feitas experiências genéticas e desenvolveram uma fórmula capaz de prolongar a vida, além de maquinário que possibilite “o maior predador do planeta Terra” de servir aos propósitos de guerra.

Assim que um grupo de geólogos descobre a embarcação e percebe que os inimigos já não estão mais congelados, seguem-se ataques aos principais pontos mundiais. O ex-nazista Dr. Klaus Richter (Thomas Morris), parte da Operação Paperclip (que, pós-Segunda Guerra Mundial, trouxe para a América cientistas alemães para uma exploração secreta), e suas filhas Angelique (Barbara Nedeljakova, de O Albergue) e Diabla (Eva Habermann) buscam apoio de militares do mundo inteiro, como o General Frost (Todd), além de cientistas como Fumiko Katsube (Asami), para combater os vilões aéreos, mas, por incrível que pareça, não conseguirão destruir os somente 20 inimigos (não é só colocar uns caças para enfrentá-los?), e terão que partir para uma arma-secreta, tão absurda quanto toda a proposta do filme.

Com muito chroma key e efeitos risíveis – as únicas sequências horrivelmente divertidas estão no teaserTubarões Voadores parece uma adaptação de HQ, com poucos cenários e personagens estereotipados. Teria um resultado melhor se não tentasse se levar tanto a sério, partindo para uma sátira cartunesca ao brincar com as ferramentas e com o estilo proposto. Desperdiçam poucos momentos divertidos, como o filme dentro do filme mostrado nos créditos finais, e sobram comerciais militares como os vistos em Tropas Estelares e longos flashbacks para cobrir um enredo que quase nada tem a mostrar. É uma pena porque a mistura entre zumbis nazistas e tubarões poderia resultar em uma boa sessão-pipoca.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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