Observation (2019)

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Observation
Original:Observation
Ano:2019•País:Escócia
Desenvolvedora:No Code•Distribuidora: Devolver Digital

Após um bizarro acidente que deixou inoperante boa parte da Estação Espacial Observation, a médica a bordo, Emma Fischer, ordena a inteligência artificial SAM que abra a porta do módulo onde ela está presa para que descubra afinal de contas o que está acontecendo. Em meio ao desespero e caos do momento a porta demora mais que o usual para ser destravada, até que Emma consegue se movimentar e descobrir que a estação não sofreu um mero acidente. Antes localizada sobre a órbita da Terra, simplesmente do nada a Observation agora se encontra sobre Saturno. Sim, o começo deste jogo de suspense espacial já é excelente por si só, se não fosse ainda por um pequeno detalhe. Sabe por que a porta do módulo demorou para abrir? Porque em Observation você não é Emma. Aqui você assume o controle do computador SAM.

Bastante inspirada no personagem de HAL em 2001 – Uma Odisséia no Espaço, em Observation não somos nenhum personagem humano, mas a inteligência artificial que se torna senciente ao longo de sua jornada de uma forma natural e envolvente, condizente com o controle humano que nos é oferecido.

Mas é interessante que mesmo sendo o computador da Observation, nós não somos a Estação. Vagando pelo espaço, agora a milhares de quilômetros longe da Terra, a Estação se torna palco de um mistério extremamente envolvente e com diversas nuances para realmente ser entendido, com revelações importantes episódicas para descobrir porque, de toda a tripulação, apenas Emma parece ser essencial ali.

A própria Observation é um acontecimento. Extremamente realista, ela é livremente inspirada em nossa Estação Espacial Internacional, com braços desenvolvidos por cada país participante do projeto e bastante rica em detalhes. Para vagar por ela, temos as câmeras de transmissão de cada módulo, mas SAM também pode assumir uma esfera robótica e vagar em momentos específicos até mesmo pelo espaço.

Mas é a partir das faces usadas no sistema operacional que Observation revela sua genialidade na troca da perspectiva sobre o protagonismo. Cada integração de operações e resolução de puzzles tem uma representação dentro do sistema desde abrir uma escotilha até reativar os sistemas que o acidente deixou offline. O desafio é enorme em algumas situações e a verdade é que com muitos momentos pouco intuitivos, podemos nos sentir burros. Afinal, como somos um dos computadores mais inteligentes desenvolvido pelo homem, não saber resolver um puzzle me fez se sentir bastante incompetente junto ao papel que é necessário desempenhar ali.

A brincadeira do jogo por trás de sua perspectiva é realmente de martelar nossas cabeças quando envolvidos na proposta. Para a astronauta, cada um de seus pedidos é um mero jogo de palavras, para nós, como o computador, a ordem é um complexo quebra cabeça que precisa ser resolvido.

Até mesmo na esfera que praticamente dá forma física a SAM também temos momentos bem desafiadores e intrigantes, que se confrontam por estarmos nos apegando a máquina ainda que ela exale zero carisma. Inclusive, num determinado momento do jogo temos SAM unicamente ligado a esfera e um medo colossal de ele ser destruído passa a nos atravessar.

Sim, criamos apego a SAM e a Emma. A relação fria entre máquina e ser humano vai sendo desconstruída aos poucos. Emma está sozinha numa estação gigantesca envolvida numa trama de mistérios que parecem ir além da compreensão humana. Mas SAM também está fazendo parte dessa jornada e isso começa a mudá-lo. E não entender exatamente qual é essa mudança também é um dos prazeres do jogo.

Ainda assim, mesmo a narrativa de Observation sendo seu melhor ponto, a verdade é que a história também é confusa. É necessário juntar diversas peças documentais para realmente entender a grandeza de sua proposta. Os plot twists são simplesmente épicos. E o final é até revelador, ainda que todas as respostas de seu grande mistério não sejam dadas.

Observation é um jogo curto, mas muito interessante e provavelmente uma das experiências mais diferentes desta geração que vale bastante a pena para expandir sua mente de o que um jogo realmente precisa ter para nos entreter.

O game está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC.

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Samuel Bryan

Jornalista, acreano, tão fã de filmes, games, livros e HQs de terror, que se não fosse ateu, teria sérios problemas com o ocultismo. Contato: games@bocadoinferno.com.br

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