Malorie (2020)

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Malorie
Original:Malorie
Ano:2020•País:EUA
Autor:Josh Malerman•Editora: Intrínseca

Após o sucesso, tanto do livro quanto do filme, de Caixa de Pássaros, Josh Malerman retorna com as curiosas e obscuras criaturas que tanto mudaram e aterrorizaram o mundo em sua sequência, Malorie.

Primeiramente, nos encontramos na antiga escola para cegos Jane Tucker, onde Malorie e os filhos enfim chegaram. Dois anos foram passados ali em relativa tranquilidade, até que aconteceu. As pessoas enlouqueceram.

Annette, sua amiga cega, parece ter sido a primeira a enlouquecer. Será que as criaturas evoluíram a ponto de enlouquecerem as pessoas agora pelo toque, além da visão? Malorie tenta manter a calma e, apavorada, vai atrás dos filhos. Tom e Olympia estão agora com 6 anos e escutam melhor do que qualquer um que já conheceu, mas a comunidade inteira parece ter enlouquecido, há barulho de lutas e pessoas se atacando, seus filhos podem estar em perigo. Felizmente, Malorie nunca se descuidou. Continuou vivendo pela venda, mesmo com todos dizendo que estavam num local seguro e achando-a paranoica.

Após encontrar os filhos, a única alternativa é sair dali e ir para outro lugar. Onde? Que lugar poderia ser mais seguro do que O lugar seguro? A família sai sem rumo, andando dia e noite para longe daquele lugar que chamaram de lar por dois anos.

Dez anos se passaram. Encontraram um local abandonado com diversos galpões e com um bom estoque de comida, o acampamento Yadin. Nunca passaram tanto tempo em um só lugar mas, mesmo assim, Malorie continua a não se descuidar.

Seus filhos são agora adolescentes e, portanto, mais difíceis de controlar. Tom, o menino, é curioso e inventivo, sempre buscando um jeito de facilitar a vida e anseia por ver o mundo. Assim como seu homônimo Tom, o homem. Já Olympia é uma leitora voraz e sempre mediadora das brigas entre seu irmão e sua mãe, que a cada dia que passa são mais constantes.

A relativa paz que têm ali está prestes a mudar quando um homem bate à sua porta. Um homem afirmando ser do censo, dizendo que tem diversas histórias e informações catalogadas e gostaria de ouvir a história daquela família, se possível. Malorie é irredutível e, sob os protestos de Tom, manda o homem embora. Porém, ele deixa algo para trás: as folhas do censo, com nomes de sobreviventes e até mesmo histórias sobre uma comunidade que capturou uma criatura! O mundo de Malorie cai ao saber que os nomes de seus pais, Sam e Mary Walsh, estão entre os sobreviventes.

Alucinada, Malorie resolve que sim, vai atrás dos pais, por mais que pareça loucura sair da segurança do acampamento. Para isso, precisa ir atrás de um trem, um trem cego. Cada vez mais a nova jornada parece uma insanidade, um perigo desnecessário. Mas, são seus pais. A jornada que parecia perigosa, se mostra uma grande provação tanto para ela quanto para seus filhos, bem mais do que a jornada que fizeram pelo rio. Malorie precisará lidar com julgamentos, seu filho adolescente rebelde e descobrir que tem sido observada de perto por algo tão perigoso quanto as criaturas.

Todos os personagens são muito bem trabalhados em todas as suas nuances. Tom é um personagem arrogante que parece duvidar de tudo que a mãe diz, como é típico de adolescentes, mas confia em qualquer estranho sem pensar duas vezes. Quer ver o mundo, inventar coisas, e não viver em constante medo, como julga ser o caso de sua mãe. Olympia é mais sensata e, apesar de ter um papel de coadjuvante, é um dos grandes destaques e surpresas da narrativa. Já Malorie é uma mulher do velho mundo que conseguiu sobreviver por dezessete anos e criar dois adolescentes, e isso é mais do que muitos podem dizer. Muitas vezes vista como paranoica e super protetora, precisa confrontar a si mesma e o que se tornou depois de tantos horrores vistos, vividos e ouvidos.

Caixa de Pássaros é um livro que não parecia precisar de uma continuação e, em Malorie, vemos que perde muito da força anterior. Há poucos momentos de tensão, os maiores conflitos são outros e as criaturas acabam ficando como pano de fundo.

Josh Malerman mantém o suspense e atiça a curiosidade do que acontecerá nas páginas seguintes, porém, o medo do desconhecido, o horror de algo que não se pode ver, já não existe mais na mesma intensidade. Malorie é sobre as ações e reações de alguém que viu seu mundo ruir e um novo mundo nascer, é sobre uma mãe com medo de perder os filhos em um local cheio de perigos, sobre uma mulher que perdeu sua essência, que se perdeu, e quer desesperadamente se encontrar novamente. Sobre segredos guardados, desejos ansiados e, mais do que tudo, sobre o maior perigo ser o próprio ser humano, para os outros e para si mesmo.

Apesar de não ter o impacto anterior, a história se mantém bem, é interessante saber o que aconteceu com Malorie e os filhos, até os capítulos finais. O final parece ter sido escrito às pressas, sem o devido cuidado das páginas anteriores e sem grandes explicações. É aquilo e ponto, sem um desenvolvimento que parecia necessário.

Malorie encerra sua jornada de modo satisfatório e, assim como afirma Malerman no epílogo, Caixa de Pássaros sempre será a história de Malorie.

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Louise Minski

Um experimento de Schrödinger entediado.

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