A Ligação (2020)

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A Ligação
Original:Kol
Ano:2020•País:Coreia do Sul
Direção:Lee Chung-hyun
Roteiro:Lee Chung-hyun
Produção:Jeong Hui-sun
Elenco:Park Shin-hye, Jun Jong-seo, Kim Sung-ryoung, EL, Park Ho-san, Oh Jung-se, Lee Dong-hwi, Um Chae-young

A ascensão do cinema de horror e suspense sul-coreano é constante e completamente notável! Em um ano onde já tivemos filmes como #Alive, a Coreia do Sul consegue novamente mostrar o porque seu cinema é tão inovador e nos brinda com um dos melhores suspenses do ano. Em A Ligação, o diretor e roteirista Lee Chung-hyun consegue trazer elementos de diferentes gêneros cinematográficos, que vão da ficção científica até um suspense mais clássico, para criar um thriller que surpreende o espectador a cada reviravolta, sem precisar se apoiar em clichês para isso.

Logo de início somos apresentados a uma das protagonistas do filme. Seo Yeon (Park Shin-hye) é uma jovem de 28 anos que está indo para a casa de seus pais. Com sua mãe (Kim Sung-ryung) doente no hospital e um passado trágico envolvendo a morte de seu pai ( Park Ho-san), Seo Yeon se vê sozinha em uma casa onde parece estar assombrada por suas próprias memórias e tragédias pessoais. Ao explorar sua casa, ela acaba por descobrir um quarto que pertencia às pessoas que moravam nesse local há 20 anos, encontrando desde um diário de uma típica adolescente coreana dos anos 90 até itens de rituais xamânicos.

É nesse momento que somos introduzidos ao fio condutor principal desta trama. Após receber inúmeras ligações no telefone da casa, Seo Yeon descobre que quem está ligando é Young Sook (Jeon Jong-seo), que morava em sua casa 20 anos atrás. Ambas cercadas por passados trágicos envolvendo a perda de pessoas próximas, as jovens estabelecem uma conexão perigosa, sem perceber as consequências que isso poderia trazer.

Talvez o único ponto baixo em A Ligação seja a facilidade com que as personagens aceitam o fato de estarem ligadas em uma espécie de linha temporal de 20 anos, mas esse fato é rapidamente esquecido conforme a trama vai se desenvolvendo a partir disso. Seo Yeon tem a vantagem de estar 20 anos no futuro e saber exatamente como as coisas aconteceram no passado, enquanto Young Sook tem a vantagem de poder alterar esse passado e com isso criar um novo futuro.

Cada personagem tem seu arco muito bem construído e desenvolvido: Seo Yeon perdeu seu pai quando tinha apenas oito anos em um trágico acidente doméstico e Young Sook vive com uma madrasta (Lee El) abusiva que acredita que ela esteja possuída por algum demônio, submetendo a jovem a inúmeros rituais agressivos de exorcismo. Ao entender melhor a ligação que cerca as duas, Seo Yeon pede para que Young Sook impeça que o acidente que matou seu pai aconteça criando assim um novo futuro onde a maior tragédia de sua vida nunca tenha acontecido. Em troca, Seo Yeon descobre que a madrasta de Young Sook iria matá-la, sabendo disso Young Sook resolve matar sua madrasta antes, fato que nutre um instinto psicopata na jovem e cria um futuro onde Young Sook nunca foi assassinada.

Como se essas reviravoltas já não tivessem sido suficientes, o filme segue em uma constante de surpresas na trama, fazendo com que tentar prever o que irá acontecer em seguida se torne praticamente impossível. Passado e futuro se conectam em uma linha de ação e reação constante, onde cada personagem tenta usar sua vantagem temporal em um jogo de gato e rato, já que a fúria assassina de Young Sook começa a afetar diretamente o presente de Seo Yeon.

É interessante perceber aqui como o roteiro é bem construído desde o seu início, fazendo com que cada conversa desenvolvida entre as duas personagens tenha sido essencial para chegarmos nesse ponto da história onde, assim como nós, elas conhecem os pontos fracos de cada uma e entendem como a linha temporal funciona. Seo Yeon descobre que Young Sook seria presa pelo assassinato de sua madrasta, ao saber disso, a jovem psicopata passa a exigir que sua amiga do futuro descubra como ela será presa, para que assim consiga evitar esse fato e criar um novo futuro. Esse último ato do filme sem dúvidas é a cereja desse bolo, e vai fazer com que o espectador fã de suspense não consiga tirar os olhos da tela.

A Ligação mostra mais um vez a força do cinema sul-coreano, com duas protagonistas femininas fortes, uma direção e fotografia excelentes e um roteiro extremamente fechado e bem trabalhado.  Lee Chung-hyun nos presenteia com um suspense inovador que sabe exatamente para onde quer ir. Agora é torcer para que a versão norte-americana nunca aconteça.

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Lucas Crizza

Motion designer, apaixonado por tudo que envolve o mundo do horror. Quando criança descobriu a seção de terror nas videolocadoras e nunca mais foi o mesmo.

8 thoughts on “A Ligação (2020)

  • 31/03/2021 em 00:08
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    Alguém sabe dizer se essa versão britânica e tão boa quanto a coreana?

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  • 27/12/2020 em 23:44
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    Há uma coisa a destacar sobre as produções de gênero oriundas da Ásia. Ao contrário de produções provenientes de alguns países já tradicionais no gênero como Espanha e França, as produções orientais salvo poucas exceções, tem conseguido críticas muito positivas. Espanha e França tiveram um boom muito grande no início do século mas hoje boas produções destes centros são mais escassas. Já o contrário acontece na Ásia, muito embora também ocorra uma rotatividade de países, se bem que a Coreia do Sul tem mantido uma qualidade enorme de filmes, coisa que não vemos com tanta frequência com Japão e Tailândia.

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  • 27/12/2020 em 08:34
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    Filme excelente, um respiro em meio a tantos clichês nos filmes sobre alterações de fatos na linha do tempo. Mas era para fazer uma crítica, não para descrever o filme inteiro em detalhes. Certamente arruinará a experiência de quem ainda não assistiu. É sempre interessantes avisar ao início e ao final do trecho que contém spoilers, assim o leitor poderá optar se quer ler ou não.
    Também achei que as protagonistas aceitam muito facilmente que estão se comunicando com um lapso de tempo de 20 anos, ficou um pouco estranho, mas depois você “ignora” seguindo o fluxo do filme. O final também não tinha necessidade de ser daquela forma, muita ânsia de reviravolta em cima de reviravolta. Mesmo assim, um filme muito bom, vale a pena!

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  • 22/12/2020 em 15:30
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    A cena dos créditos finais estragou o filme pra mim. Não fez o menor sentido.

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    • 30/01/2021 em 00:25
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      Bem, dentro da proposta do filme, faz todo o sentido. Visto que você presencia isso no decorrer do filme.

      **SPOILER**

      Um exemplo, o rapaz dos morangos, e a cena da agua fervendo. A cena em questão, e o seu destino, alterando o presente no mesmo instante. Se você parar pra pensar, seria duas linhas do tempo, passado e presente, porem ambas funcionam em continuo ao mesmo tempo, tendo consequências somente quando a assassina decide fazer algo. Ou seja, se algo é feito no passado, irá refletir instantaneamente no presente.

      Explicando melhor o final, quando a assassina e a mãe da japa caem, e a mãe dela sai viva, isso gera o final bom. Porem, quando mostra que a assassina estava viva, da a entender que horas depois, ou em outro momento. Ela foi atras da mãe e da japa, provavelmente matando a mãe dela e deixando a personagem principal presa por todos aqueles anos.

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      • 03/02/2021 em 04:16
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        Acabei de ver e realmente é um filmaço, meus amigos!! Recomendado para quem ainda não o viu!! NOTA: O nosso comentarista de nome SAITO chamou a personagem de “japa”. Pois bem, amigo, ela é coreana!! Abraços a todos aqui e até o meu próximo comentário, amigos!! 👏👏👏👏😎😎😎😎😊😊😊👍👍👍👍

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  • 20/12/2020 em 11:10
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    Só para complementar o seu excelente texto, o filme A Ligação (2020), é um excelente remake de The Caller (2011), produção britânica gravada em Porto Rico, cujo roteiro foi escrito por Sergio Casci e a direção de Matthew Parkhill.

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    • 31/03/2021 em 00:08
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      Alguém sabe dizer se essa versão britânica e tão boa quanto a coreana?

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