4.2
(5)

Estranho Passageiro - Sputnik
Original:Sputnik
Ano:2020•País:Rússia
Direção:Egor Abramenko
Roteiro:Oleg Malovichko, Andrey Zolotarev
Produção:Aleksandr Andryushchenko, Alexander Andryushenko, Fedor Bondarchuk, Pavel Burya, Vyacheslav Murugov, Murad Osmann, Ilya Stewart, Mikhail Vrubel
Elenco:Oksana Akinshina, Fedor Bondarchuk, Pyotr Fyodorov, Anton Vasilev, Aleksey Demidov, Anna Nazarova, Aleksandr Marushev, Vitaliya Kornienko, Vasiliy ZotovAlbrecht Zander,

Retornar de uma viagem espacial pode trazer fama e o status de herói da nação, tanto quanto loucura, uma doença mortal ou um passageiro alienígena. Abusando dessas possibilidades, a mistura entre horror e ficção científica já mostrou que não existe um porto seguro e a principal ameaça pode ser a própria curiosidade. É o modo como se constrói o interessante longa russo Sputnik, dirigido por Egor Abramenko, a partir de um roteiro co-escrito por Oleg Malovichko e Andrey Zolotarev. Pode ser que tenha passado despercebido durante a quarentena, se você não for um desses pesquisadores do gênero, sempre em busca de novidades, principalmente as que têm origem de países fora do circuito hollywoodiano.

O enredo não necessita de muitas linhas. Em 1983, dois cosmonautas retornam à União Soviética após uma missão no espaço. Na volta, um deles é encontrado morto, enquanto o outro, Konstantin Veshnyakov (Pyotr Fyodorov), é conduzido a um instituto secreto de pesquisas, sem as honrarias que a sobrevivência ao período trabalhado no isolamento espacial em prol de seu país poderia lhe trazer. Devido a uma condição inusitada, é convocada para o local a psiquiatra Tatyana Klimova (Oksana Akinshina), uma vez que o paciente demonstra uma aparente total perda de memória e que pode ser sinal de negação de algo maior. Depois de uma entrevista rápida e uma suposição sobre seu estado psicológico, a doutora é chamada novamente para uma nova inspeção durante a madrugada.

Faz tempo que você jantou?“, pergunta a ela o Coronel Semiradov (Fedor Bondarchuk). Diante de seus olhos e dos cristais dos computadores verdes da época, ela testemunha o momento em que Konstantin regurgita uma criatura alienígena numa concepção muito interessante e criativa. A partir de então, Tatyana passa a entender seu papel ali e os objetivos dos cientistas envolvidos até descobrir, da pior maneira, com o apoio do doutor Yan Rigel (Anton Vasilev), como o monstro está sendo alimentado. Tudo indica que há muitos interesses obscuros por trás, ignorando os interesses do viajante do espaço, da doutora e dos criminosos, e que a falta de memória de Konstantin importa pela descoberta da natureza do ser.

Dois aspectos que devem ser enaltecidos em Sputnik: os efeitos especiais são ótimos, trazendo bons movimentos e uma curiosa personalidade à criatura. Talvez algumas pessoas torçam o nariz para o tamanho do espécime que sai do corpo adormecido de Konstantin, porém, a ciência explica que o oxigênio da atmosfera da Terra permite a expansão de um organismo, tornando plausível o que se vê em cena. Outro ponto que vale menção envolve a violência da produção, com cabeças explodidas e partidas ao meio, ainda que muitas dessas cenas sejam atenuadas por sugestão das ações, na imagem vista pela tela do computador ou por um binóculo com visão noturna.

O roteiro merece também elogios, embora não esconda suas obviedades como a maneira facilitada em que personagens transitam em um instituto protegido pelo exército soviético, além de algumas semelhanças com ideias já vistas no gênero como em Alien 3, de David Fincher, pelo fato da criatura alienígena manter vivo o seu hospedeiro – há também semelhanças no modo como tudo se resolve. A diferença é que o monstrinho que habitava o corpo da Tenente Ripley (Sigourney Weaver) não saía para dar umas voltas por aí, apenas usava o corpo como um parasita. O alienígena de Sputnik até mantém traços da personalidade do cosmonauta, por dividir lembranças, embora não consuma a comida com a qual ele se alimenta.

Bem realizado, Sputnik deve transitar sem muito alarde pelo gênero com um destino pouco promissor no universo dos lançamentos, mas merecia mais. Um lançamento melhor, até mesmo em plataformas de streaming, já poderia dar a ele o reconhecimento que merece.

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6 Comentários

  1. Eu entrei no cinema achando que tinha acertado, e tinha mesmo. Como disse, os efeitos especiais são ótimos e a criatura é pavorosa, seu tamanho vem a calhar por que ao invés da imagem natural de aliens como os próprios aliens de “Alien” ou “Predador”, ou até “Venom”, o bicho é pequeno mas igualmente destruidor. O vilão oficial do exército foi bem marcante pra mim, principalmente quando ele aparece jogando prisioneiros para serem comidos pelo bicho extraterrestre. Se a corrida espacial entre Rússia e EUA foi acirrada, acho que no cinema de ficção e terror, a Rússia poderia também ter suas pérolas, talvez falte investimento, sei lá.

  2. Marcelo, tudo certo ? Pode dizer onde assistiu ao filme ? Tem uma série russa muito bem realizada, que é To the lake.

    1. Um ótima surpresa vindo da Rússia, e que merece mesmo pelo menos um lançamento em alguma plataforma de streaming. Assisti em um site pirata, é lá que vejo os filmes que não foram ou não são lançados por aqui. Fazer o que né? KKK

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